domingo, 11 de setembro de 2011

Os pecados do mundo comunista

 
Estima-se que mais que existam mais de cinquenta designações ao redor do mundo que se proclamem socialista, algumas com mais ou menos erros, mas o que todas tem em comum é o título “socialista”. Assim, eu desenvolvi uma análise dos erros e alguns acertos dessas facções em si.

Eu realmente não pretendo fazer propaganda partidária (embora eu me familiarize com o titoísmo/bukharinismo, eu terei muita cautela em discenir elogios a esses dois grupos políticos. Se por um momento for parcial, me perdoe, mas às vezes não dá para conter.


Socialistas ditos utópicos
O utópico conde de Saint Simon

Podemos considerá-los os primeiros socialistas? Não, os Iguais de Graco Babeuf com certeza foram dos primeiros grupos a terem uma proposta à classe laborante. Contudo, foram esses os grupos, de jovens visionários, os primeiros de socialistas que não acabaram na guilhotina durante o Grande Terror.
Eles tinham em si boas propostas, queriam construir um aparato econômico que suprisse as necessidades econômicas dos trabalhadores, construindo modelos de fazendas e propriedades rurais em que todos os trabalhadores eram ditos iguais, onde recebiam saúde, educação e refeições de graça (algo próximo dos antigos kibbuts, que agora pereceram na sangria em Israel).
O seu único erro foi depender unicamente de apoio econômico capitalista, e numa época como o século XIX, onde os homens apenas se importavam com o liberalismo como bandeira e dinheiro como religião, isso estava fadado ao fracasso. Eles também acreditaram que não sucumbiriam ao poder da grande empresa organizada, com a organização empresarial que via-se contrária a tudo que representavam.  A dificuldade desse modelo ser aplicado é justamente ser muito dependente de capital externo (burguês) e ser muito frágil à livre-concorrência.



Marxistas

Ficheiro:Marx color2.jpg
O velho Karl em sua fantasia de Papai Noel (Ele ainda diverte as crianças no Natal!)

Marx foi o primeiro a compilar suas teorias políticas com base na História, ele foi um dos primeiros a propor um modelo de sociedade diferente e a mostrar a exploração e o modo de produção capitalista. Aclamava com sua ultima frase do Manifesto Comunista (“Proletários do mundo, uni-vos”) a uma união das classes trabalhadoras na formação de uma sociedade socialista.
O problema do marxismo é que ele diz o que fazer (na concepção marxista, revolução), mas não como fazer. Ele ainda é muito preso ao modelo fabril de produção (Marx acreditava que para uma revolução ser levada a cabo, a sociedade deveria passar necessariamente pelo modo de produção industrial), o que no final acabava dificultando qualquer explicação em si, com bases marxistas, para a total execução da Revolução Russa (que foi quase totalmente executada com apoio das massas campesinas, numa sociedade recém-saída da autocracia e do semi-feudalismo) e a Revolução Chinesa (essa quase que totalmente inexplicável, pois surtiu inteiramente com a ajuda de camponeses analfabetos,  numa das maiores sociedades agrárias que se existia na época).
Como ele não diz o “como fazer”, o marxismo pode ser levado a múltiplas interpretações, podendo ser utilizado para medidas extremamente duras (como assassinatos em massa, expropriações de todas as classes, se bem que nessa parte, Marx enfatiza, e até coisas não-marxistas, como culto a personalidade e outras coisas mais.)

Anarquistas

Mikhail (Misha) Bakunin em gravura

Para esse grupo, de discípulos de Proudhon  e Mikhail Bakunin, acreditavam que qualquer forma de propriedade e qualquer forma de governo, como qualquer forma de instituição era produto de dominação e de opressão. Esses visam a pura e simples liberdade do homem em si de tudo isso.
O seu equívoco é única e simplesmente, desejar destruir tudo, destruir a propriedade, destruir as instituições, destruir países, destruir tudo que seja produto de opressão. Instituir um auto-governo dentre os cidadãos, com um estilo de vida “faça você mesmo”, que acaba se tornando inviável mesmo no mundo das ideias.
Assim, essa partícula ideológica está fadada ao fracasso, não por desejar liberdade para todos ( “Liberdade sem socialismo é favores, privilégios. Socialismo sem liberdade é opressão, tirania”), mas por desejar destruir tudo a sua frente com base numa violenta revolução e pensar que tudo que existe, até coisas abstratas como amizade, amor, sejam produto da opressão de um indivíduo sobre outro.
Marxistas-leninistas


Vladimir Ilych em fotografia

Esse foi o primeiro grupo de socialistas a levar cabo uma revolução sem ter tido um revés. Quase perderam tudo na Guerra Civil Russa, mas conseguiram se salvar e iniciar uma proposta de coletivização, reforma agrária, expropriações.
Eles foram responsáveis pelo melhor e mais aplicado modelo de alfabetização da História (em menos de vinte,  trinta anos, a  URSS já possuía níveis de analfabetismo menores do que os países da Europa Ocidental, considerando que em 1917, quase noventa por cento da população era analfabeta), um modelo de saúde pública invejável (que foi largamente copiado pelos cubanos), mas também foram responsáveis por atitudes extremas, como o Comunismo de Guerra, as expropriações forçadas de grãos e cereais, uma intensa atividade violenta por mais de quatro após a Revolução Russa, possuíam controle parcial do aparelho econômico e estatal, resultando numa das mais graves crises de produção e desabastecimento que se tem notícia (para se ter idéia, a produção agrícola russa, baseada em números anteriores à  Primeira Guerra Mundial, só retornou os mesmo números, após a coletivização stalinista de 1932), aceitaram a manutenção dos antigos técnicos não-marxistas no comando do aparelho estatal, e acabaram retornando a uma parcela parcial do capitalismo, logo  depois de 5 anos de Guerra Civil.
Isso acontece nas melhores famílias, a questão é que o marxismo-leninismo, ele suportou a censura,  centralizou a política em suas mãos e do Partido, perseguiu a Igreja (embora naquela época a igreja fosse mesmo um aparato da antiga sociedade) e conseguiu levar a cabo uma das mais sangrentas revoluções que se tem história. Eu não culpo Lênin por isso, em toda a Revolução, querendo ou não, gente vai morrer, mas o número foi um pouco demasiado.

Stalinistas

Isso que é culto a personalidade!

Talvez tenham sido esses que tenham estabilizado a situação econômica que se tornou insustentável na NEP, esses levaram uma larga política de coletivização das terras aráveis, produziram a maior evolução econômica que se tem notícia (em menos de oito anos, a indústria soviética, dantes diminuta e fraca, tornou uma das maiores e mais pesadas indústrias do mundo, se não estivesse falando em termos socialistas, diria que isso foi um “milagre econômico”), com um número ímpar de fábricas, plantas de siderurgia, usinas elétricas, maquinarias e aparatos bélicos construídos em tão pouco tempo. Mas o stalinismo é marcado também por ser extremamente sangrento.
Estima-se que o Stalinismo em si tenha matado mais de cinquenta milhões de cidadãos em toda a União Soviética. Muitos deles inocentes.
Para plantar a coletivização, Stálin teve que abrir uma briga direta contra os camponeses (que acabaram de conseguir suas terras com muito esforço), que lutaram lado a lado com as colunas bolcheviques na guerra civil. As ações de Stálin contra os camponeses eram perfeitamente explicáveis em termos econômicos (havia mesmo uma especulação dos grãos e cereais, os agricultores, produziam inúmeras quantidades de gêneros alimentícios, os quais deixavam estocados, para que, com a falta sazonal de alimentos na cidade, pudessem vender a comida a um preço maior e isso estava se tornando insustentável), mas não em termos humanos (acabou proporcionando uma expropriação marcada por um número impar de assassinatos, deportações e prisões que nem ouso mencionar de tão grande é).
Em termos econômicos, novamente a coletivização foi um sucesso, tanto que os alimentos para a cidade eram assegurados (para quem trabalhava) e com o excesso, Stálin tomou parte de um audacioso plano econômico, ele vendera o excesso de comida para o exterior, e com o dinheiro, financiara o maior plano de industrialização que se tem notícia coordenado por um governo, o Plano Quinquenal, comprando maquinarias e tecnologias (algumas até dos EUA).
Não devo esquecer de que grandes empreendimentos, como o canal do Mar Branco, o canal Volga-Moscou, ferrovias, extração de minérios, construção de plantas de siderurgia e hidrelétricas e usinas de energia foram construídas através muitas vezes de trabalho escravo (de mão de obra vinda dos Gulags) em jornadas de trabalho desumanas (mais de doze horas por dia), sem receber sequer salário ou comida descente. (Retira-se dessa lista a construção do Metrô de Moscou, essa larga linha ferroviária subterrânea foi construída através de mão de obra voluntária).
E a repressão? O stalinismo foi sem dúvida um dos sistemas mais repressivos que se tem notícia, se você falasse, qualquer coisa, qualquer coisinha que seja contra o Partido, ou contra Stálin, você estava ferradinho, ferradinho, às vezes, você nem precisava falar. A repressão era tão dura que ninguém estava a salvo, nem mesmo Stálin! A NKVD podia abrir seu apartamento sem sua autorização (afinal é propriedade do Estado), vasculhar suas coisas, te prender na calada a noite, te torturar com coisas que você nem imagina (ei, o que está fazendo com esse prendedor de roupa? Ei, não, você não vai! AH!!!), forjar um julgamento falso (ameaçando sua família para você assinar a maldita carta de culpa) e fazer um julgamento totalmente falso contra você:
“— Seu nome? — Questiona o acusador.
— Napoleão Dolstoi.
— Napoleão( nome francês)  Dolstoi você confirma ser um agente sabotador francês que planejou a morte do nosso querido Stálin? Sim ou não?
— Sim, sim — Considerando que ele nunca havia saído de Vladivostok”
Isso mesmo, o cara foi inculpado por ser agente espião francês unicamente por ter o nome de Napoleão e eu não estou mentindo, isso realmente aconteceu!
Não vou mentir, existia mesmo conspirações que atentavam contra o Estado soviético, mas o excesso foi absurdo. Stálin não apenas mandou fuzilar seus aliados mais próximos (como Zinoviev, Kamenev e Bukharin), como também mandou fuzilar dois chefes da polícia secreta (Yagoda e Iejov), seu cunhados (afinal, quem precisa disso?), escritores, músicos, e até oficiais de alto escalão do exército (como Tukhachevky, de quem odiava).
Acho que não preciso nem falar do desempenho fraco de Stálin na Segunda Guerra, onde ele deu a ordem geral para fuzilar mais de quarenta mil oficiais do Exército Polonês, intelectuais, políticos e membros proeminentes, baixou a ordem de “Nenhum passo para trás”, na qual quem recuasse do front de batalha, atordoado com o ataque nazista, seria tremendamente fuzilado como traidor, por tropas do NKVD no  Exército Vermelho.
Não preciso contar também da fraca política científica (embora tenha conseguido construir uma bomba atômica, quatro anos depois dos EUA e uma bomba de fusão antes que os americanos), os soviéticos acabaram perdendo em muito no campo da Biologia, quando Stálin acatou a idéia neolamarquista de um tal de Lysenko que dizia que todos os seres poderiam se adaptar se quisessem (era mais fácil de explicar, do ponto de vista do Partido, do que uma teoria que predisponha a adaptação do meio por certos animais que levavam certa vantagem num meio do que outros).
Eu poderia nomear ainda mais outros erros do stalinismo, como, por exemplo , a larga repressão a ortodoxia, que depois resultou no transcurso da guerra o retorno da Igreja Ortodoxa na Rússia, por ordem de Stálin (WHAT!), ou mesmo o culto à personalidade que mostrava Stálin como um semi-deus, uma coisa onisciente, onipresente e onipotente, mas acho que vocês entenderam.

Maoísmo
É os dois na Propaganda!

Não vou sequer escrever  algumas palavras sobre isso, pois os erros foram similares aos stalinistas, com o agravante de no final, a China ter se tornado a maior potência capitalista de hoje (WHAT!).

Castrismo
De novo não vou escrever nada sobre isso, pois embora tenha um dos melhores programas de saúde e educação do Mundo, Cuba seguiu quase que inteiramente a cartilha stalinista e agora está retornando aos pouquinhos ao capitalismo.



Trotskysmo
"Trotskysmo só serve para uma coisa: Passar por cima. Companheiros, peguem suas picaretas, nós iremos atrás do carneirinho! " Coro de stalinistas.

O tão odiado fã clube de Trotsky, ele é tão mal afamado como a torcida do Vasco ou do São Paulo, os trotskystas realmente acreditam que são os verdadeiros sucessores dos leninistas, que sua proposta de revolução permanente é a única viável nas rodinhas comunistas. Eles realmente acreditam que se Trotsky tivesse assumido o poder da URSS, tudo seria diferente.
Não preciso dizer o quanto que eles são utópicos! Trotsky não era melhor que Stálin! Na grave questão entre Trotsky e Stálin, eu decidiria por Bukharin. Trotsky era egocêntrico, prepotente, se achava o bam bam bam da URSS, e achava que só estava ali para ser um rostinho bonito para o Partido de Lênin.
Trotsky podia ter uma excelente oratória, mas como era arrogante, quase ninguém gostava dele no Kremlin. Além disso, na situação em que se apresentava a URSS após a morte de Lênin, se esse tolo inconsequente se aventurasse numa guerra mundial para alastrar uma revolução com apoio dos fraquejantes partidos socialistas europeus, com certeza a URSS seria derrotada.
Trotsky, eu acredito, poderia perfeitamente ter levado uma coletivização forçada tão sangrenta quanto Stálin, poderia ter colocado um aparato repressivo tão funesto quanto o NKVD e ainda poderia ter perdido tudo em suas mãos.

Dito Nacional-Socialismo


Nem doido que coloco a foto do Diabo no meu blog, o Blog é meu e faço dele o que quiser.

Essa porcaria pode ter em menos de dez anos posto uma nação vencida pela guerra, derrotada, humilhada, ao passo do domínio global, mas não nos esqueçamos que foi brutal e pervertida. Que liquidou em uma guerra mais de 33 milhões de pessoas, que tinha pretensões de acabar com as mais diversas nacionalidades da Europa, que queria subjugar meio mundo sobre a suástica negra. Eu não preciso sequer dizer que o Nacional-Socialismo sequer devia ser enquadrado como socialismo, pois essa coisa amorfa e incrivelmente repulsiva não se aproxima se não do próprio fascismo! FASCISMO NO PODER É ESTUPIDEZ!





Social-democratas
Por mais que você duvide o PSDB se diz social-democrata!

Essa coisa que tenta misturar socialismo com capitalismo teve grandes sucessos antes da Grande Crise de 2008, mas hoje, são tão fraquejantes, que tentam apoiar-se ao máximo na bandeira democrática para se manter no poder. Tentam se afirmar como partidários parciais do lulismo e outras coisas que nem sei se posso dizer que são socialistas.
O que mais me seduz nessa proposta é que ela não tenciona explicitamente cercear as liberdades individuais, ela almeja uma melhor distribuição de renda combinada com liberdades de expressão, de pensamento, de religião, ela é contratualista antes de tudo. O seu grave problema é que além dos que já enumerei, essa forma de socialismo é terrivelmente dependente da burguesia para se afirmar no poder.

Ecossocialismo

As plantas também podem fazer parte da sociedade socialista!

Uma das propostas que mais estão na moda, essa proposta tem por característica a combinação de conceitos ambientalistas do Movimento Verde, com as idéias social-democratas e marxistas. Eu confesso que me sinto atraído por sua proposta de bem estar ambiental combinado com bem estar social.
A questão é que por vezes essa proposta esquece o bem estar social unicamente para se dedicar ao ambiental.
Eles criticam a ascensão da globalização capitalista do inicio do Século XXI, o que é um ponto a favor, mas ainda não representam um movimento socialista em si, com força e apelo das massas.
Os Ecossocialistas acreditam que o sistema capitalista é a causa da exclusão social , desigualdade e degradação ambiental através da globalização e do imperialismo sob a supervisão de Estados repressivos e estruturas transstatal. Eles não estão errados, mas muitos deles, que se dizem ecossocialista, acabam se vendendo para lobistas capitalistas com sua proposta de desenvolvimento sustentável (que até hoje não sei o que é e nem sei se é possível).


Socialismo Religioso
Por que será que eles sempre usam essa roupa vermelha?

Eu me arrepio só de ouvir esse nome, embora eu goste do pessoal da Teologia da Libertação, eu acho muito perigoso envolver religião com política.
Esse pessoal tem propostas interessantes,  montaram um movimento assistencialista por todo o mundo (como a Pastoral da Criança, da finada Zilda Arns), mas eles mesmos se esquecem, que se tudo é propriedade de Deus, e que deve-se distribuir tudo aos pobres, então porque o Vaticano tem as maiores fortunas e bens acumulados em seu nome? Não seria sensato distribuir com todos os pobres?
Bota impossível disso acontecer! (encontro entre o Papa João Paulo II e Stálin)

Eles ainda falham por ter sua área de limitação limitada, embora produzam atitudes relevantes, eles se limitam muito em sua assistência, tanto que não conseguem suprir todas as necessidades dos mais carentes e precisam de doações para subsistência de seus programas (De novo voltamos  à questão do Vaticano).

Titoísmo
Tito em fotografia

O titoísmo, como esclareci em outros posts, é sem dúvida uma das noções socialistas que mais me influenciam.
O titoísmo, conhecido internamente como socialismo autogestionário (socijalističko samoupravljanje em servo-croata), é a tendência do comunismo aplicada pelo marechal Josip Broz Tito na Iugoslávia durante seu regime, entre 1945 e 1980 (ano de sua morte).
O princípio fundamental do titoísmo é o de que o socialismo deve ser atingido de acordo com as condições políticas, culturais, históricas e geográficas particulares de cada país, e não imposto por orientações externas, tanto que a Iugoslávia nunca participou da Cortina de Ferro!
Tito procurou manter a Iugoslávia como um país "socialista mas independente" e criou o princípio da autogestão (samoupravljanje, em servo-croata), segundo a qual toda a sociedade deveria ser auto-suficiente pelo próprio trabalho, em todos os níveis: desde uma fábrica até o país inteiro. A Teoria do Trabalho Associado levou a políticas oficiais de fábricas pertencentes aos próprios operários (não apenas gerenciadas por eles) e repartição de lucros entre trabalhadores.
A autogestão predizia que os trabalhadores deviam eles mesmos constituir seu trabalho nas fábricas estatais, eleger diante a si um coordenador para a fábrica (embora isso fosse um tanto raro de acontecer) e repartir igualmente os lucros e uma parcela para o Estado.
Ao contrário do que se diz, na Iugoslávia existia sim propriedade privada (pequena é claro!), com pequenos empreendimentos comerciais pessoais (como padarias, essas coisas) e pequenas propriedades rurais para subsistência.
Os titoístas entendem que nem toda propriedade privada é capitalista: pequenos negócios, pequenas propriedades rurais, comércio familiar e outros, por não terem mais-valia, não precisavam ser expropriados.  Pode ser um pequeno-burguesismo de nossa parte.
Além disso, valorizava-se a participação direta dos trabalhadores na produção (e nos ganhos obtidos com ela), e não indireta como ocorria na URSS. O titoísmo, assim, criticava o estatismo exacerbado de Stalin, que gerara comprovadas quedas de produtividade na economia soviética.
"O socialismo é um sistema social baseado na socialização dos meios de produção, em que a produção social é dirigida pelos produtores diretos associados." (Tito)

Dizer que não houve repressão seria tolice, houve sim, havia censura, prisões e outras coisas mais (nada comparado ao stalinismo em números, mas se você deixasse o Partido muito puto, pode escrever que você ia para o Goli Otok, o temido campo de prisioneiros, tal como Milovan Đilas fez logo antes de Tito mandá-lo para lá.
Talvez o seu grande erro tenha sido não ter se expandido muito além das montanhas dos Balcãs e ter se limitado à costa do Adriático e ter aceitado ajuda do Plano Marshall (embora precisasse).

Bukharinismo
Bukharin

Bukharinismo parece ter inspirado diretamente o titoísmo em si. Essa concepção socialista é associada diretamente ao teórico russo Nikolai Bukharin.

Esse rapaz, um dos mais notáveis teóricos marxistas de sua época, logo tomou uma cadeira no Conselho dos Comissários do Povo, tornando-se um dos líderes do Politburo. Provido de noções humanista, o jovem rapaz conseguia cativar sempre o espiríto de Lênin, sendo considerado por ele, o "teórico do Partido", ele tinha algum poder, embora não o desejasse, era amigo de líderes como Lênin, Trotsky (embora não fosse tanto, pois Trotsky era egocêntrico), Stálin e por sinal da esposa deste, Nadia.

Ele inspirava a todos com sua vitalidade e seu idealismo, prezava pelo bem dos camponeses (a quem se solidarizava, assim como pelos pequenos proprietários), foi ele um dos teóricos da NEP (Nova Politica Economica) que acabou suplantada pelo Plano Quinquenal. Foi ele um dos redatores da Constituição Soviética de 1936, que foi dita a mais democrática da época, mas acabou sendo usurpada por Stálin e por sua polícia secreta (o NKVD).

Ele aclamava pela manutenção da pequena propriedade campesina na mão de pequeno agricultores, ele considerava que a manutenção da propriedade privada viável para URSS e ainda redigiu uma das mais democráticas constituições da época, a Soviética de 1936. Mas acho que não preciso dizer o que aconteceu com ele.

O Bukharinismo falhou em uma coisa: Em ter ignorado a ascensão do stalinismo.

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