quarta-feira, 30 de abril de 2014

Gravata de seda

Eu tinha uma bela gravata
Uma gravata vermelha
Coisa de croata
De nó fino e bem cortado

Eu adorava aquela gravata
Principalmente por ser de seda
Gravata é algo que sempre achei diferente
Talvez pelo formato, ou pelo nó

Quando usava gravatas
O maior problema é dar o nó
Windsor, Italiano, Duplo nó
Às vezes um martírio

Deixei de usar gravatas
Deixei de usar um dia
Não por achá-las feias
Nada disso

Gravata é algo cultural
Sempre vi assim
Cultura cuja saliência
Virou mundial

Gravata é corruptela de croata
E servia de fecho para camisa
Mas quando soube disso
E pensei na camisa de botão
Deixei de usar gravatas

Gravatas são um nó
Uma coleira social
Não sei por que, mas prefiro paletó
Sem gravata alguma

Além disso não sei dar nó
Não sei amarrar cadarço
E muito menos falar de outra coisa
Senão de gravatas

As gravatas borboleta
Combinam com black-tie
Ou um belo smoking inglês
Mas não combinam com o terno slim

Terno tem que ter três botões
Conforme tradição
Gravata tem que combinar com camisa
E com a estampa da peça

Não sei, gravata me divide opiniões
É uma coisa inútil que prende seu pescoço
Engrossa sua voz e te deixa diferente
Mas acho ainda assim bonito
Impõe respeito

Mas gravata?
Qual o sentido disso?
Não sei, eu comecei a pensar em gravatas
Listradas, lisas de bolinhas
Gravatas

Gravatas combinam com lenços
Que combinam com meias
Que devem ser escondidas na barra da calça
A qual deve estar alinhada junto ao calcanhar

O corte de um terno é algo milimétrico
Assim como o fio trançado de algodão egipcio
Um paletó é a qualidade de um bon-vivant
E isso eu sei ser muito bem

Gravatas de seda
Me lembram folhas secas
E de amores perdidos
Por novos tempos
E novos sentidos

Gravatas são tão inúteis
Como as paixões que nos prendem
Cada vez mais ao passado
E as canetas escrevem histórias
Que devem ser apagadas com o tempo

Uma gravata vinho
Outra listrada
Ambas combinam
E ainda assim são inúteis

Para quê fechar a gola
Se está quente
E se tem um botão?

Mas que bordão
nada mais fino
do que uma gravata

Estou pensando nessa gravata
Como se não sinto nada
Mas perdi meu amor hoje
E tudo que tenho é esse sentimento croata
De balcânico acometimento

Ela foi embora levada pelo vento
Nesse longo discurso rabugento
Quero ficar sozinho
Analisando a gravata de seda

Papel, caneta, relógio
Gravata, cinto e sapato
Coisas tão pequenas
E tão definidoras

Ela também era pequena
E ainda assim dói mais que um elefante
Partindo em matilha levando meu coração

Seda...gravata de seda

terça-feira, 29 de abril de 2014

Medo

Estou com medo
Bastante medo
Minha menina
Minha querida

Sei que não levará a nada
Desejar ficar apenas mais um centímetro
Mais próximo de você
Pois me sinto distante
Não só de ti como de mim

Prefiro ficar calado
Prefiro sentir
Só não quero ficar parado

Não tenho olhos senão a você
De verdade, eu não costumo mentir
O tempo passou e estou cada vez mais
Preso ao passado
Mas quero ficar com você nesse futuro

Queria ter forças
Ou capacidade de mentir
Para esconder minha sinceridade
Mas não sinto isso

Eu tenho ócio como religião
Nesse grave momento
E você atua cautelosamente
Como femme fatale
Próxima a me dar um bote

Acho que estou de novo
Mais uma vez
Apaixonado
E nem lembro de ter me preparado

Você é indecisa
Como um gatinho
Você deve estar decidindo
Se quer me massacrar hoje
Ou amanhã
Tal como se brinca com um ratinho

Ou será que sou um novelo de lã?
Eu realmente não sei
Você é diferente
Eu não sei ao bem
Estou meio cego

Devia ter me calado
Do que abrir o jogo
Quero ir embora
Mas embora pro seu lado

Adeus
Realmente adeus
Você não quer nada comigo
E nesse triste destino
Um tom triste
Um soneto de violino
Parte-me o coração

Adeus
Eu acho que estou apaixonado
Com seus olhos
Com sua boa
Seu sorriso
Seu jeito
Estou apaixonado

Invariavelmente perdido
E com um olhar maldoso
Um olhar felino
Você adentra e destrói minhas certezas

Eu sou uma formiga
E você é uma rosa
Sou formiga de palavras
Você é uma rosa de sabores

Eu só tenho trabalho
De troçar com as letras
E você de troçar comigo
Por simples passatempo

Triste; Tenho que ficar só
Tenho que me calar
E me sucumbir até o pó

Tento me convencer de te esquecer
Não consigo
Como pode isso?
Por que não querer ficar comigo?

Nem eu
Nem você
Sabemos disso

Adeus
Eu sempre estou
Estarei
Contigo

domingo, 27 de abril de 2014

03:59

Não sei se
Eu perdi meu caderno
Ou perdi você

Não sei se isso foi um recado
Ou se tudo deve ficar no passado
O fato é que tenho medo
Bastante medo
De não ter  a chance de ter você junto comigo

Estou com muito medo
De não encontrar aquele bilhete
Que tinha deixado dentro do caderno
E acabar me esquecendo
O que é você

Acho que me perdi nesse processo
Acho que passei a ser mais tolo
E esquecido do que é importante
Nessa vida

A ditadura das palavras
Não sinto falta alguma
Tampouco sinto falta
Das maldades maternas
Ou das fragilidades juvenis
Que adentram em nosso peito

Inadvertidamente
Só tenho uma coisa na mente
Eu quero estar com você
Quero namorar com você
Viver
E se for o caso, até casar

Sim, eu teria filhos
Sim, eu largaria tudo
Tudo por um pequeno torrão de esperança
Que vejo todo dia que esboça um sorriso
E que belo sorriso!

Você me oferece o incerto
E o incerto me seduz tanto
Muito mais do que é o tédio
Da rotina suburbana repleta de brigas
E picuinhas pequenas

Basta-me a ideia dos outros
Apenas nós que importamos
E digo nós porque eu gosto de você
E eu acho que você gosta de mim

Afinal uma flor pode ficar sem sua luz
Ou um papel sem sua tinta
Você me tinge de sentimentos
Tão diversos que fico bastante colorido

Não sei se me faço sentido
Mas me sinto consolado
Quando sento-me e fico do seu lado
Quando te ouço
Sob seus enigmas e olhares silenciosos

Você é diferente das outras
Há algo que me seduz
Que não sei o que dizer
E isso me deixa perdido

Acho que gosto de me perder
Sempre que me perco
Eu procuro a luz no fim do túnel
E leio sua pequena receita de bolo de cenoura
Escrita com carinho delicado de menina

Nada soterra
Nesse momento
Nada me leva
A desistir
de querer ficar contigo

Eu estou farto dessa vida
Tanto quanto você
Percebi isso
Vamos viver juntos
Vamos viajar juntos

Nada importa agora
Nada
A não ser o que sinto por você
E sou tão jovem
Mas aqui envelheço tão rápido

Nunca ficamos juntos
Mas isso não é empecilho
Querido raio de sol
Quer ficar comigo?

quinta-feira, 24 de abril de 2014

23:51

Não quero te enganar
Sobe nenhum minuto
Que sou uma casaca
Vazia de papel fechado

Não quero mentir
Ao dizer que sou um pedaço
De rascunho no papel amassado

Não quero falar
Que sinto o que sinto
Sem te olhar escondido

Queria te abraçar
E beijar a cada segundo
Mas sou tão taciturno
Que prefiro ficar calado

Não quero que ouça
Não quero que veja
Ou leia muito menos
Tudo que sinto

Seus enigmas
Meu silêncio
Somente meu silêncio

Hoje quero ficar sozinho
Pensando em você comigo

23:39

Sua ausência
Bate porta
Na clareira
E sinto sua falta
Junto a mim
Nessa cadeira

Meu coração bate
Bem rápido
E acelerado
Esperando surgir
Num ritmo errado
Quando olho pra você

Quase nada falo
Mas desejo tudo
Pois no caso
A vida é um noturno

Soneto de palavras
Cujo sentido
Corta marcas
No coração perdido

Acho que te amo
Tanto meio sóbrio
Quanto bêbado
E te amo
Porque te amo
Olhando nos seus olhos
E me apaixonando dia a dia

00:41

Pois bem
Descobri que acho
Que você escondia
Certo enigma
Cuja verdade
Era uma caixinha de surpresas
Como outra qualquer

Não sei se digo
Se estou surpreso
Ou mesmo convencido
Mas acho que nisso
Devo ficar calado

Você naturalmente
Tinha algo comigo
Que não era amor
Nem sentido
Apenas amizade
E affair desmentido

Não fui surpreendido
De forma alguma
De forma lógica
Eu previa

Previa tão bem
Que hoje preciso
De um pouco de vinho
E ficar sozinho
Pois tenho medo
De ficar perdido

00:33

Não se pode ficar zangado
Com um lírio do campo
Cuja delicadeza
Tece pétalas tão delicadas
Na sombra do papel

Não há como ficar zangado
Sabendo o quanto que sinto
Um tanto apaixonado
De ficar bobo
Por alguém como você

Não posso dizer
Que não sinto um pouco de medo
Um tanto de agito
Quando pressinto o perigo
De nunca vir a ter
Outro amor e outro sentimento
Maior do que você

Amo pensar em você no silêncio
Silêncio das noites em claro
Cujo sentido não admiro
Por olhar de soslaio
A foto do seu perfil

Que coisa mais infantil!
Sentir algo em silêncio
Falar tudo que penso
E tremer na hora
Que mais que o seu beijo

Mas romântico como sou
Tenho medo que sinta
alguma espécie de raiva
Quando diga que o arrastar
dos meus pés faça
marcas no piso
de tanto me prostrar quando
estou com você

Você não imagina
O quanto é difícil
Resolver esse enigma
Que é descobrir um pouco
Um pouco mais de você
E continuar apaixonado
Cada vez mais sabendo
Que estarei perdido ao seu lado
Perdido com a minha mania de me perder

Não perdi só a chave de casa
Não perdi a chance de rimas
Perdi a oportunidade
De querer mais você
Te abraçar e te beijar
Mas mais do que isso
Aninhar seus cabelos
E dizer que te amo em silêncio

Dois lírios

Nossa vida se traduz num suspiro
Cujo pouco agito
Corta o vento em dois
E tinge o lírio de azuis

Minha vida é uma brincadeira
Cuja intensa saideira
Brinca de ginete
Em samba de falsete

Não quero que se ouça
De minha pequena boca
As risadas sonoras
Ou palavras sinceras
De um coração vazio

Pois sozinho
Nessa noite
Tudo que penso é em ti
Cujo olhar penetrante
Adentra sobre mim

Tenho medo de você
Mais do que isso
Tenho medo de ficar sem você

É algo que chega a ser forte
Tão forte de tal jeito
Que chega a doer o peito

Você me arranca suspiros
Com dois pequenos sorrisos
E eu fico vermelho no rosto
Pensando em ti junto ao meu corpo

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Fumaça do tempo

      Não creio que a chuva apague as pegadas na terra nua ou tampouco molhe meus cabelos tão rápido a ponto de ficar completamente encharcado, pois na tez mais sinistra  das noites em claro que vivencio tenho divagações tão introspectivas que assusto-me com a mínima ideia de me perder nos meus próprios pensamentos.

      As metas são inúmeras e não creio que sejam poucas a ponto de ser negligente com noites em claro, de fato nem desejaria momentos tais de insônia, mas é algo que os olhos meramente sintéticos abusam de meu cansaço e não me permitam dormir novamente; Queria saber tais motivos que rondam tamanha inquietação, mas sob o pêndulo de um relógio, a verdade é que a feiura com que a existência humana se preenche corrompendo as palavras, os mínimos vocábulos transilvanianos, melindrando apenas verbetes de natureza pouco ortodoxa.

       De fato, os encontros consonotais, os hiatos com que a vida nos prega deixa-nos cada vez mais impacientes a cada minuto, o dia encerra-se de maneira cada vez mais demorada, o pôr-do-sol, que antes era um companheiro de reflexão, hoje só é um engodo, pois me lembra das noites em claro que vivo me remexendo na cama, com a consciência um tanto pesada ou mesmo preocupações futuras. A insônia corrompe-me por dentro e a fumaça do tempo não se esvai rapidamente, muito pelo contrário, a sua lentidão cada vez mais trágica constitui um obstáculo ao meu subconsciente cada vez mais complexo e transtornado de tantos traumas e contratempos.

     A valsa corre em uma frequência de três para um, assim como a frequência de um batimento cardíaco pode variar de 80 batimentos por minuto a 120, nada comparado com a frequência por exemplo das microondas ou os raios gama. Raios gama, tão cancerígenos que chegam a queimar nossa pele, adentrando em nossa alma, todos os dias tenho a sensação de estar me expondo a um bombardeamento de neutrinos no interior de um reator de fissão nuclear, obliterando uma cisura junto ao meu peito cuja abrangência corta-me por inteiro, irresponsabilidade minha é claro comparar-me a tal iniciativa, mas sinto que é um desabafo deveras conveniente ao ritmo de estafa com o qual estou sendo submetido de forma arbitrária pela vida.

      E de quebra, eu não consigo dormir. Há maior maldição que isso? Duvido sinceramente.

      E com minha falta de sono, não produzo nem uma sombra de versos, nem uma centelha de palavras, e como bon vivant que sempre fui, tenho medo de perder minha habilidade em tocar o alaúde em honra de meus antigos e novos amores desafinando minha voz e minhas rimas. Entretanto o padrão ternário da música ocidental apresenta um aspecto bastante convicente sobretudo na dita música de orquestra, quando observamos músicas compostas por Lintz, Beethoven, ou mesmo Chopin, isso não é comparável às batidas do fox-trote ou do samba de raízes que são tocados em harmônia com  as batidas de um coração sofrido e apaixonado.

      Noel Rosa juntamente com Carlos Gardel, cada um a sua maneira, remontam uma construção nacional consolidada a partir da música, entretanto Noel Rosa se difere pela crítica social contundente em versos e palavras com um humor carioca carregado, típico de Vila Isabel, enquanto Carlos Gardel é romântico em demasia ao chorar suas dores de uma Argentina patriarcal, romântica e vitoriana. O samba é coisa de cabra trapaceiro, malandro da melhor esquife, enquanto tango é coisa de cavaleiro platino, gaucho das pradarias, choroso com um mate e um bom chimarrão.


       Isso não produz senão maiores divagações epistemológicas de um indivíduo cuja insônia transtorna sua capacidade intelectual, que sempre foi uma medida muito questionável. Mas esse cérebro cansado de muitas noites tenta abandonar o seu apego ao sono e se esforça cada vez mais ao trabalho, mesmo não produzindo nem uma centelha no papel armado, Curioso, até, pois o lapso criativo que corrói as vísceras desse escritor há meses não lhe tira a capacidade de divagar sobre o vento, de modo que um texto nasce de uma simples necessidade de dormir.

       Infértil no campo das ideias e no campo amoroso, estanque em sua concepção materialista sobre a aula, o velho marxista cansado continua a circunscrever ideias sobre a mente do corpo ainda jovem de duas décadas, e de maneira tão distante, há pelo menos noventa anos, estão as concepções lógicas desse rapaz.

        Ele não dorme, e continua transtornado, tentando inutilmente se esforçar a ler um livro, ou meros versinhos que gostaria de escrever a um amor platônico que nunca se esforçará a vê-lo, de modo que cada vez mais amargurado se inscreve na penumbra da noite que adentra sobre o cômodo fechado. As estrelas pintam aos poucos o céu pela janela de ferro branco, corrompendo a mente já cansada com ideias cada vez mais utópicas:

       " A Terra é o berço da Humanidade, mas não se pode viver no berço eternamente"

       E como seria belo lançar-se ao Espaço numa nave-estelar, mapeando o desconhecido como um Vasco da Gama ou um Cristovão Colombo, conhecer novos mundos, estudar novas formas de vida e novas civilizações, indo, audaciosamente indo, onde nenhum Homem jamais esteve. Esse homem moderno e ainda assim antigo, tendo o poder da física nas suas mãos, a internet nos seus dedos, mas ainda bastante selvagem para controlar seus impulsos.

       Os sonhos aparecem mesmo com os olhos abertos e escancarados, e eu desisto de perguntar a razão para tão pouco vontade de dormir, pois meus olhos sonham abertos e minha mente sonha com minha alma, de toda a forma a fumaça do tempo não me fará esquecer o quanto eu estou preso de corpo e alma a esse coração primaveril que não decide em parar de se apaixonar.

sábado, 12 de abril de 2014

Um cristal que se quebrou

       Um cristal é uma pedra lívida de formato costumeiramente assaz, às vezes lapidada, outras vezes não cujo brilho e essência correm aos olhos sinuosas formas de cores e de matizes, afinal de contas, um cristal é uma pedra cuja raridade não pode ser quantificada por fatos numéricos, tendo em vista que cada cristal é diferente do outro.

      A despeito do teor específico do cristal, cada um de nós chama de cristal de cristal, para fins didáticos, obviamente, pois uma pedra de quartzo é diferente de lápis-lazuli, ou mesmo uma pedra de  amentisa. De modo geral, a despeito do teor diverso, comparam-se as pedras principais do todo arsenal de espeleologia de modo que o hobby se mantém em relação a essas estruturas minerais.

     Minerais, minerais não podem ser cozidos, processados de forma profundamente indelicada, ou mesmo pensados como meras estruturas de carvão ou variações de silicato, não, mais do que isso são minerais.

     E por que um cristal? Um cristal é ele por si mesmo, nós que damos valor a uma estrutura de forma tão incomum de maneira autoritária. Digo, a pedra continuaria a existir mesmo se não a chamássemos de pedra, afinal é uma pedra; Isso é um domínio da linguagem que nós absorvemos ao qualificar um objeto com um nome, que nos foi dado a partir do repasse de informações na infância;

     Mas o cristal quando se quebra, forma-se em mil pedaços, diferentes cada um de si, rompendo a coesão existente no interior da estrutura física, as relações subatômicas, as pontes de ligação e outras formas de coesão são desfeitas, e mesmo um experiente colecionador de minerais, imbuído de uma solução como cola, nunca conseguirá remontar 100 % a coesão que existia antes do mineral ser partido.

    Fato dito, nem o cristal, nem o homem serão os mesmos depois do acontecido, é um divisor de águas para o cristal, uma travessia do Rubicão, enquanto para o homem sempre será apenas um engodo por perder uma pedra tão preciosa. Um cristal quebrado é algo que não se recupera.

    Assim são os nossos erros, nossas falhas ou mesmo amores perdidos. Nada tem realmente uma volta em si mesmo, pois a História não é cíclica no sentido de haver repetições, ela não se gere por ciclos de um imenso e intenso retorno ao que foi no passado, senão, não haveria necessidade de haver História.  O ato, a ação constitui um cristal que é rompido todas as vezes que optamos por uma ação e não há como voltar ao passado.

    Desse modo tudo que se passou foi um cristal que se quebrou.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Minha matemática

       Descobri que sou um matemático cru em vestes de poeta mal-arrumado, com o sorriso safado e olhos chorosos, pensando sempre de maneira linear nas leis da Matemática; Minha vida tão binária parece ser um tabuleiro de xadrez, tão complexa em sentido, mas tão vazia de horizontes.

      Queria pensar mais do que simplesmente em caixas de lugares-comuns, apesar disso a linearidade dos meus pensamentos me enganam de tão maneira que me sinto cego em tamanhas situações, como pessoa e como escritor de guardanapo de botequim.

      Não consigo por exemplo a mim mesmo, o que eu sinto quando sobe-me o calor sobre o peito, os resultados da endofina, inflarem ainda meu coração deveras juvenil, pois de fato sou meio garoto na vida e desenho as palavras de maneira pouco ajeitada como desejaria que fossem, minha completa cisura filosófica não condiz com a criatura congênita que é a fenomenologia dos fonemas vocálicos.

     Também é meio difícil descrever com sinceridade aquelas pessoas que amo, pois cego de olhos peno a pena mais para o lado do coração, de modo que como matemático cru eu peco por subverter as leis da matemática. Leis essas que não podem ser descritas sem o amor pela normatização metódica de uma vida sem rodeios.

     Se é feliz pensar assim não é o caso, mas essa matemática espiritual explica quem eu sou e como venho agindo, de modo que os movimentos abrutos e sem pensamento embasado são erros de um matemático inconsolável, porque em vias de regra, era para ser poeta e não matemático.

Reflexão no meio do papel

      Sou tão arrogante que acredito ter no poder das minhas mãos a capacidade de personificar pessoas, de escrever suas histórias e descrever seus fatos, seus ditos e suas ações. Eu acredito que possa falar de qualquer um e de todos, em todos os sentidos e matizes.

      Consigo falar de economia, esporte, política, História, amor e sentimentos, mas no fim não consigo falar sinceramente sobre mim mesmo, e essa é uma capacidade que eu tenho em esquecer quem eu sou: um escritor sem a menor importância no centro da periferia do Mundo.

      Cada vez que eu olho  6 meses para atrás eu percebo como eu era estúpido, e há 6 meses eu devia ser ainda mais estúpido e daqui 6 eu provavelmente direi que "Caramba, como eu era realmente estúpido 6 meses atrás ".

            O ponto é que no fim eu sou invariavelmente estúpido e arrogante em achar que tenho controle sobre a vida de personagens do cotidiano cuja intensidade não consigo descrever, nem sequer a de uma fatia de pão.


É uma coisa estranha a ser preso por essa possibilidade, de modo que sentirei saudades da época em que me achava inteligente e capaz de  moldar a realidade


Cansado dessas discussões metafóricas e de tentar descrever uma parcela da realidade, eu desejo no fundo do coração não ser alguém que precise de tanto, mas uma pequena criatura livre que consiga viver sozinho no profundo deserto virtual que é a vida sem preocupações, pois o meu ego é a maior prisão que consegui me submeter.


Tenho que ser cauteloso com meus desejos, pois os meus prazeres tautológicos podem me subverter na essência. E eu tenho um forte desejo de me livrar de tudo que  esvazia  a minha vida, mas o domínio pleno dos desejos, me faz ser tão medroso que tudo o que quero é apenas ficar aqui.



Quero recuar do meu instinto natural de querer ser diferente, mas a verdade é que sou indiferente à vida, e indiferente na arte de escrevê-la, por isso não me convenço que estou agindo da melhor forma possível, senão por lembrar a dor dos calos na mão de tanto martelar as teclas já tão desgastadas de minha máquina de escrever

Tudo o que me resta é uma sombra, na mente mesmo que lacera meus pensamentos e me traz dor de cabeça, me ajuda a manter a insônia, cuja dor marca o mais profundo sentimento cego de vista  do meu coração. Pois continuo a atravessar a estrada de como eu sou estúpido e não quero uma razão para não enxergar o pleno senão pelo olho direito.

Pois no fim das contas acho que sou meio esquizofrênico em achar que possa ter sorte numa vida cuja existência desconsidero todos os dias e que traduzo de forma cada vez mais leve e batida em meras palavras, pois as histórias narradas não podem ser descritas apenas com uma imagem mental, mas com um contexto como um todo.



E no controle sistemático dos fonemas e vocálicos monolíticos tive medo de me manter sinceramente calado, mas no fim nada mais sou do que uma sombra do passado. Quero pensar que a escrita é escrita e o defeito sou eu, tal como fui eu todas as vezes por ser tão idiota e arrogante em me achar especial por ser nada a não ser um escritor fracassado sem aptidão para ser contador de histórias.


O vento passa

O vento passa
A rajada de chuva
Circunscreve no chão
De cimento trincado
Uma velha ranhura
Muito facelada

Tenho coragem
Tenho vontade
De fazer nada

Quero largar
tudo e nada
quero estagnar
Quero caminhar

Barreiras do verso
Não sei o que quero
Senão tenho objetivos
Quero deixar de lado

Beber calado
Andar meio largado
Só quero nada
Quero tudo

Do vaso chinês
A caneta de prata
As folhas do bambu
Numa tela de Taiping

Quero ter alguns cigarros
Cuja palha seca amarela
Sirva de bela aquarela

Quero esquecer o passado
Junto com o futuro desgraçado

O papel amassado
o espírito arruinado
São obras do vento e do tempo
Que tiram as folhas dos laranjais

poema, enfim, poema....

Meu corpo não se enlaça com o seu
Não cruza mais com seus olhos
O pequeno olhar aflito
cor de mel

Há algo estranho nisso tudo
A conversa não rendeu
Não há muito agito
Eu queria ser seu

Queria ter fugido
Meu coração não bateu
Nem mesmo no grito
E fiquei mudo

Mudo, fiquei
Perdido
no meio do Coliseu
De olhar surdo


Tenho medo corifeu
Tenho desejo gemido
Tudo que queria ser
É ser seu

Pois bem, era tudo que queria

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Novos tempos

A vida de Antígona
Positivismo político
Sistematismo único
A gema da vida

Entenda, legislatura
Que plena ditadura
Da pena da caneta
Cor de magenta

A História parruda
Aliança linguaruda
A forma da letra
Pinta a paleta

O rigor da Ágora
O calor da tábula
Quero força
Quero amora

Quero você agora
De olhos vendados
Olhando para mim
Quero viver contigo

De olhar perdido
Me fita seduzindo
O vento vem zunindo

O coração bate rápido
Os cabelos lapido
Com os dedos
Brincando de tercetos

Quero beijar sua mão
No meu bater de coração
Quero viver contigo
Sem nunca ter mentido

Ser político é ser vivo
Lindo é ser decidido
Estou com medo
Medo de não ter medo

De desafiar a todos
e desafiar comigo mesmo
E no fim terminar
Sem o que quero
Que é viver com você



domingo, 6 de abril de 2014

Domingo à noite

        Toda vez que bebo um pouco de café procuro na xícara respostas para as minhas dúvidas mais profundas, como se  o gosto amargo e forte do café requentado me desse energia aos pensamentos, o que eu bem sei não é verdade. Às vezes tenho medo que o café tenha esfriado demais e envelhecido mais do que eu mesmo, perdido as oportunidades de exalar os seus aromas direito.

       A cafeína enlatada corrói com a borra de café o fundo da xícara branca de porcelana, deixando um filete meio moreno de água na superfície. Eu sei que bebi café demais, às vezes fico noites sem dormir por causa disso, outras noites eu não durmo pensando nela. O que é muito estranho pois não a vejo senão nos meus sonhos, e fico feliz quando me encontro com ela ocasionalmente nos corredores da vida.

      Posso ter cometido alguns erros, mas nenhum foi pior do que ter dito nada naquela época. Me sinto culpado por isso de verdade, como poucos se sentem. Prefiro tomar um pouco mais de café para esquecer o que eu deixei de fazer.

      Às vezes as pessoas só precisam de um pouco de conversa, um copo de café e um guardanapo para projetarem coisas incríveis, eu projeto um amor irreal e inexpressivo em versos, não que não eu a tenha junto ao peito, mas que a realidade nunca favoreceu qualquer iniciativa de ambos os lados.E doce seria uma ponte que nos ligasse mais do hoje, muito mais doce que esse café meio requentado.

     Eu tenho trauma daquele dia que a encontrei triste na cafeteria com o fone de ouvido ligado e os olhos perdidos no esquecimento, não sei se era sobre mim que ela pensava, afinal de contas estava namorando com outra, ou se ela tinha acordado muito triste naquele dia; Eu quis abraçá-la e beijá-la na bochecha, mas fiquei calado e polidamente saí evitando olhar o que meu coração sentia.

    Afinal de contas aquele café era para ser tomado comigo, era para eu ter a convidado e dito que gostava dela, mesmo que sob o silêncio da noite escura e úmida, que desgrenha os meus cabelos no mínimo floco de vento. Mas tropeço no meio fio com meu cadarço e caio de rosto na estrada da vida.

    Tremo diante a pequena oportunidade em que tenho para convidá-la a beber um mero café comigo, eu acho que o nível desse sentimento é algo que não pode ser quantificado de forma matemática, mas apenas por meras sensações, como o calor molhado de um beijo, o leve toque de um dedo sobre a pele do rosto ou um olhar vibrante que adentra a alma. Café, mais café. Tenho que escrever, tenho que te descrever. Quero tentar te esquecer, mas não esqueço.

    A cafeína me deixa cada vez mais enérgico e penso que isso não é de fato coisa boa, afinal de contas, café me lembra você. De alguma forma, eu lembro de como você me conquistou com os seus belos e grandes olhos marrons, seus cabelos negros e seu doce jeito de moleca, de mocinha que sabe conquistar só com um olhar. Ainda lembro que te devo um café.

sábado, 5 de abril de 2014

Poesia verde esperança

Não creio que me conheça
Não creio que saiba onde estou
Mas estou contigo
Seja onde for

Não porque te conheça
Mas quero que não esqueça
Que sempre haverá alguém
Te dando o maior apoio

Não vou rimar,
Não vou rir,
Não vou chorar.

Você merece mais do que isso
Merece ser lembrada
Nunca te vi
Nem te conheço
Mas acho que merece isso
Pelo menos isso
Sei essa triste crise
Mas escute por favor
 Tudo vai se acertar

Nunca vi alguém te amar
tanto como vi ele te amar agora
Ficando a seu lado
Pensando em seus sonhos
Beijando-te com carinho

Nunca te vi
Nem te conheço
Mas você é alguém a se respeitar
Pois é forte mais do que muita gente
Apenas pensa serene
Nessa vida que  há de se agarrar

Acredito em você
No fundo dos meus olhos
No fundo da minha mente
Na semente da minha alma

Tenho medo que não leia
Talvez não,
Quero mais que veja esses versos
Quero que se sinta bem]
Pois poesia se quebra
Toda vida não

Você é forte
E não tema
Pois ele te ama
Não só como amiga
Nem só como mulher
Mas como pessoa
Pois alguém mais altruísta
Não conheço senão ele

Eu não te conheço
Mas acredito em você
Mais do que acredito nesse poema
Sem métrica e sem rima
Pois nenhum poeta pode descrever
A força que você tem
Melhoras para você
Melhoras para sempre

Acredito em você
Sem sequer te conhecer
Pois quem te conhece
Vai me dizer
Que merece ser lembrada
Mesmo sem sequer eu diga nada

Até mais ver
Boa sorte
Estou junto com você
Até mais ver

São palavras,
apenas palavras
singelas palavras
Poucas palavras
mas não deixe
que elas
sejam a razão de ser
Pois nada na vida é como você

Quem me disse
É aquele que te ama
Sem saber porquê
Mas sei que te ama
Porque ele é um pouco de você

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Te encontrei

Eu te reencontrei mais uma vez
Eu te encontrei perto de mim
Esbocei um belo sorriso
Que chegou a mostrar o meu ciso


Você que estava tão sumida
Que me fazia ter saudades
De seu olhar triste
E do carinho que tinha por ti

Eu não sei se sorri muito
Ou se soube realmente
Camuflar o meu sentimento
Mas eu sorri quando te vi

Você também sorriu
Sorriu do seu jeito
tão bonito de ser
Que eu adorava

Faz tanto tempo
Que não te vejo
Mas não esqueço

Não esqueço
Que sinto algo
Junto ao meu peito

Imagino você
Beijo você com os olhos
Abraço você com carinho
Junto ao peito

E sem ser sujeito
Te amo mentalmente
De maneira inocente
Esse é o meu jeito

estou feliz hoje
Que há muito tempo
Eu não conseguia ser
Eu estou feliz
Por ter te encontrado
Novamente

Haber e o uso da ciência para o "bem" e para o "mal"

A figura mais controversa pra mim na história da Ciência não é Oppenheimer (pai da bomba nuclear), nem Alfred Nobel (criador da di...