terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

À Vida




Não roubarás minha cor
Vermelha, de rio que estua.
Sou recusa: és caçador.
Persegues: eu sou a fuga.
Não dou minha alma cativa!
Colhido em pleno disparo,
Curva o pescoço o cavalo
árabe -
E abre a veia da vida.



Marina Tsviétaieva
Tradução de Haroldo de Campos
(Nova Antologia Poesia Russa Moderna
Editora Brasiliense/1985)

File:Marina Tsvetaeva 140-190 for collage.jpg



        Marina Ivánovna Tsvetáyeva, foi uma poetisa e tradutora russa famosa por seus poemas deprecivos e quase sempre com um caráter um pouco suícida.

        Nascida em Moscou, no dia 26 de setembro de 1894, filha de Ivan Tsvetayev,  professor de Belas Artes na Universidade de Moscou, e de Marina Meyn, uma concertista de piano, altamente culta,  pertencente à aristocracia polonesa, com também antepassados alemães.

      Marina Tsvetáyeva perdera muito cedo sua mãe, quando tinha 14 anos, de tuberculose, e muito cedo a jovem foi viver na Europa, onde começou a se dedicar aos estudos, cursando na universidade de Sorbonne História da literatura.

     Fluente em francês, italiano e alemão, Tsvetayeva logo tivera contato com o Movimento Simbolista na Rússia.

     Tsvetayeva casou-se então com um jovem cadete da Academia de Oficiais, chamado Sergei Efron, com quem tivera duas filhas.

    Efrom, um jovem oficial leal ao czarismo, engajou-se na luta do Exército Branco durante a Revolução Russa, e a jovem poetisa acabou ficando em Moscou com suas filhas, sobrevivendo à Grande Fome que se abatera na Capital em 1919.

      Chocada com a extrema violência com que os eventos que ocorreram após a Revolução Russa, Tsvetayeva teve de exilar-se em Praga, no ano de 1922, mudando-se depois, em 1925, para França, junto a seu esposo Neste último país viveram catorze anos, onde ela sempre se mantinha deprimida. 

     No exílio, ela tivera um filho chamado Georgy.

     Retornou à União Soviética para se juntar ao marido, Sergei Efron, que retornara para a Rússia por saudades, e com sua filha Ariadna, em 1939.


     Naquele mesmo ano Sergei e Ariadna foram presos, ele acabou sendo fuzilado em 1941. Ariadna foi presa, mas acabou sendo reabilitada em 1955. 

     A poetisa acabou caindo em desgraça em seu país, com a desaprovação oficial, não conseguia morada nem trabalho, vivendo em grande pobreza. Sua filha Irina foi entregue a um orfanato onde veio a morrer de fome.

      Quando teve início a Grande Guerra Patriótica , Marina foi evacuada para a cidade de Ielabuga, no Tartaristão, onde veio a se suicidar em 1941, sua obra poética  foi salva da destruição e do esquecimento por sua filha, Ariadna Efron.

       Durante o regime soviético permaneceu inédita até depois da II Guerra, quando passou a ser publicada em folhas clandestinas.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Haber e o uso da ciência para o "bem" e para o "mal"

A figura mais controversa pra mim na história da Ciência não é Oppenheimer (pai da bomba nuclear), nem Alfred Nobel (criador da di...