Não roubarás minha cor
Vermelha, de rio que estua.
Sou recusa: és caçador.
Persegues: eu sou a fuga.
Vermelha, de rio que estua.
Sou recusa: és caçador.
Persegues: eu sou a fuga.
Não dou minha alma cativa!
Colhido em pleno disparo,
Curva o pescoço o cavalo
árabe -
E abre a veia da vida.
Colhido em pleno disparo,
Curva o pescoço o cavalo
árabe -
E abre a veia da vida.
Marina Tsviétaieva
Tradução de Haroldo de Campos
(Nova Antologia Poesia Russa Moderna
Editora Brasiliense/1985)
Editora Brasiliense/1985)
Marina Ivánovna Tsvetáyeva, foi uma poetisa e tradutora russa famosa por seus poemas deprecivos e quase sempre com um caráter um pouco suícida.
Nascida em Moscou, no dia 26 de setembro de 1894, filha de Ivan Tsvetayev, professor de Belas Artes na Universidade de Moscou, e de Marina Meyn, uma concertista de piano, altamente culta, pertencente à aristocracia polonesa, com também antepassados alemães.
Marina Tsvetáyeva perdera muito cedo sua mãe, quando tinha 14 anos, de tuberculose, e muito cedo a jovem foi viver na Europa, onde começou a se dedicar aos estudos, cursando na universidade de Sorbonne História da literatura.
Fluente em francês, italiano e alemão, Tsvetayeva logo tivera contato com o Movimento Simbolista na Rússia.
Tsvetayeva casou-se então com um jovem cadete da Academia de Oficiais, chamado Sergei Efron, com quem tivera duas filhas.
Efrom, um jovem oficial leal ao czarismo, engajou-se na luta do Exército Branco durante a Revolução Russa, e a jovem poetisa acabou ficando em Moscou com suas filhas, sobrevivendo à Grande Fome que se abatera na Capital em 1919.
Chocada com a extrema violência com que os eventos que ocorreram após a Revolução Russa, Tsvetayeva teve de exilar-se em Praga, no ano de 1922, mudando-se depois, em 1925, para França, junto a seu esposo Neste último país viveram catorze anos, onde ela sempre se mantinha deprimida.
No exílio, ela tivera um filho chamado Georgy.
Retornou à União Soviética para se juntar ao marido, Sergei Efron, que retornara para a Rússia por saudades, e com sua filha Ariadna, em 1939.
Naquele mesmo ano Sergei e Ariadna foram presos, ele acabou sendo fuzilado em 1941. Ariadna foi presa, mas acabou sendo reabilitada em 1955.
A poetisa acabou caindo em desgraça em seu país, com a desaprovação oficial, não conseguia morada nem trabalho, vivendo em grande pobreza. Sua filha Irina foi entregue a um orfanato onde veio a morrer de fome.
Quando teve início a Grande Guerra Patriótica , Marina foi evacuada para a cidade de Ielabuga, no Tartaristão, onde veio a se suicidar em 1941, sua obra poética foi salva da destruição e do esquecimento por sua filha, Ariadna Efron.
Durante o regime soviético permaneceu inédita até depois da II Guerra, quando passou a ser publicada em folhas clandestinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário