Tchaikovsky em foto |
Tchaikovsky nasceu na pequena cidade Kamsko-Wotkinski Sawod, hoje cidade leva o seu nome, em 7 de maio de 1840.
Seu pai, Ilya, era um engenheiro de minas ucraniano que havia se casado pela segunda vez com uma dama de ascendência francesa, Alexandra.
Desde cedo Tchaikovsky interessou-se por música. Seu primeiro contato foi aos cinco anos com um velho órgão mecânico que havia em sua casa, onde aprendeu a tocar algumas melodias graças a sua mãe, isso era comum nas famílias mais abastadas na Rússia.
Em 1843 a familia contratou uma governanta francesa de vinte e dois anos, chamada Fanny Dürbach, por quem o jovem Tchaikovsky sente-se atraído.
Em 1848 a família fixa-se em São Petersburgo, então capital do Império, onde o compositor toma as primeiras aulas teóricas musicais com diversos professores particulares, entre eles o renomado maestro Filipov.
A família Tchaikovsky, a mãe é a mulher sentada à esquerda, e Ilya Tchaikovsky é o velho à direita |
Em 1850, por pressões e desejos da família, na verdade do pai, Tchaikovsky começou a estudar para ser advogado. Foi para a Escola de Direito de São Petersburgo onde cursou até 1859, mostrando-se um estudante muito aplicado, e antes mesmo de se formar foi empregado como funcionário do Ministério da Justiça.
Tchaikovsky quando jovem |
Entretanto Tchaikovsky tem um abalo quando em 1854 morre sua mãe, de coléra. Alguns dizem que esse fato o marcou profundamente.
Em 1859, Tchaikovsky, já no serviço público foi condecorado com o status de Conselheiro Titular, na escalada da aristocracia russa (um dos mais baixo postos, mas ideal para um estágio inicial.
Tchaikovsky então decide dedicar-se inteiramente a carreira musical. Opondo-se totalmente ao que o pai desejava, criando intrigas na família, e abdica da carreira jurídica e se matricula no Conservatório de São Petersburgo, onde permanece três anos.
É no Conservatório que Tchaikovsky tem contato com as obras dos grandes mestres alemães, bem como com composições de Glinka, Meyerbeer, Schumann e Liszt. Foi aluno de Anton Rubinstein em orquestração, e de Nikolai Zaremba em composição.
O irmão de Anton Rubinstein, Nikolai, e diretor do Conservatório de Moscou, o convida para dar aulas de Teoria Musical e Composição. Lá foi professor até 1878.
Em Moscou, com o auxilio de Nikolai, Tchaikovsky começa a tocar suas obras para grandes platéias em toda a Rússia, e não demora muito para ser conhecido em todo o Mundo.
1° Concerto de Piano de Tchaikovsky
É nesse período que Tchaikovsky começa a ter suas primeiras experiências homossexuais, experiências essas que o abalam quando mais velho.
Tchaikovsky também vivenciou também duas tentativas infrutíferas de casamentos, as quais o abalaram tristonhamente, em parte por ele querer se casar para encobrir sua homossexualidade e outra, porque não seria feliz talvez com nenhuma das duas pretendentes (duas músicas renomadas).
Trecho de o Lago dos Cisnes
Nesse período, Tchaikovsky começa a trabalhar tanto em óperas, quanto em sinfonias, quanto agora no ballet, onde elabora duas obras que o deixariam ainda mais famoso, o Quebra-Nozes e o Lago dos Cisnes, que ainda são dançadas por bailarinas mundo afora (eu gosto de bailarinas, sabiam?), mas que também ressaltam o seu lado meu sentimental, melacólico e também homossexual.
Mas as duas obras são magníficas se as ouvirem atentamente, tanto por seu rigor musical, como sua técnica, única em Tchaikovsky.
Tchaikovsky começa a ter contato com o grupo de músicos nacionalistas, o Grupo dos Cinco, (Modest Mussorgsky, César Cui, Nikolai Rimsky-Korsakov, Mily Balakirev e Aleksandr Borodin) que tinham suas músicas reconhecidas e admiradas por seu carácter distintamente russo, bem como por suas ricas harmonias e vivas melodias, onde Tchaikovsky também pegou de inspiração, mas suas obras, no entanto, foram muito mais ocidentalizadas do que aquelas de seus compatriotas, uma vez que ele utilizava elementos internacionais ao lado de melodias populares nacionalistas russas e isso o levava a ser criticado.
Entretanto, Balakirev se interessou pelo estilo de Tchaikovsky e começou a trocar cartas com Tchaikovsky por dois anos, até que Tchaikovsky e Balakirev começaram a trabalhar juntos, uma parceria que lhe rendeu uma das mais bem sucedidas de suas músicas.
Romeu e Julieta: Abertura Fantasia
No entanto, Tchaikovsky, assim como Mozart, é um dos poucos compositores aclamados que se sentia igualmente confortável escrevendo óperas, sinfonias, concertos e obras para piano.
Tchaikovsky em 1874 |
Tchaikovsky, por engendrar elementos em suas obras dos movimentos musicais alemães, franceses e mesmo italianos, foi muito mal-visto pelo Grupo dos Cinco, tanto que ele nunca sequer fez parte deles (eles eram uma espécie de um grupo do bolinha que se reunia nos bares, nas rodas musicais para discutirem sobre música e muitas vezes trabalhavam juntos). Tchaikovsky não gostou muito dessa exclusão.
Tchaikovsky no entanto teve relações amistosas e amigáveis com quase todos os músicos do Grupo dos Cinco.
Tchaikovsky necessariamente foi muito influenciado por muitos musicos alemães, desde Lisz que não é bem alemão, mas vocês me entenderam, a Wagner (o mesmo carinha que Hitler gostava), de quem tomou por vezes aquela ideia de aumentar a entonação da música para ressaltar sua força ou apelo romântico. Tchaikovsky tentou até mesmo trocar cartas com Richard Wagner, fato que o próprio músico alemão desprezou.
Ópera Eugene Onegin de 1879
Em 1880, Nikolai Rubinstein convidou Tchaikovsky a escrever uma música de apelo patriótico, para um concurso promovido pelo czar Alexandre II, para relembrar as guerras napoleônicas.
Tchaikovsky escreveu então uma sinfonia que o tornou famoso em todo o mundo, e a abertura que o tornou reconhecido como músico inovador: A Abertura 1812. Uma melodia que combinava elementos como o hino czarista Deus Salve o Czar, coro de Igreja, canto polifônico, A Marselhesa e o estouro de canhões na apresentação (foi sem dúvida a primeira música de sucesso a usar canhões como peças musicais).
Abertura 1812, sem os canhões, tocada pela Sinfônica de São Petersburgo, coincidentemente regida por um Rubinstein.
A música ficou tão famosa, mas tão famosa, que chegou até os Estados Unidos, na qual, por uma razão inexplicável, foi associada ao patriotismo americano (alguns especulam que numa comemoração da venda do Alaska pela Rússia, a música tenha sido tocada e os americanos tenham gostado dela).
Em todo caso, Tchaikovsky caiu nas graças do Czar, o Czar gostou tanto da música que aprovou-a pessoalmente, conferiu um prêmio a Tchaikovsky, Tchaikovsky, anos após, receberia, de Alexandre III um título de nobreza hereditária e uma pensão para o resto da vida (uma pensão simbólica), Tchaikovsky agora era famoso.
Em 1878, quando Tchaikovsky deixou o seu cargo no Conservatório de Moscou, ela encontrou a madame Nadezhda von Meck, a qual, sempre muito apaixonada pelo estilo de música de Tchaikovsky começou a ter um affair com o músico. Tchaikovsky achava que essa era uma oportunidade para esquecer o seu passado (ele agora ressentia-se de suas posições homossexuais), e casar-se.
Nadezhda von Meck era uma noveau riche que surgira com a industrialização russa, ela era rica, bastante rica, e gostava de Tchaikovsky por ser um compositor mais ocidentalizado, e em um dado momento ela se ofereceu como mecenas de Tchaikovsky para que ele pudesse se ver livre dos encargos do Conservatório e dedicar-se totalmente à música.
Tchaikovsky adorou a iniciativa, abandonou o seu cargo e foi-se dedicar totalmente à musica.
Sexta Sinfônia de Tchaikovsky, "Pathétique".
Em 1881, Rubinstein morreu em Paris, Tchaikovsky que estava em Roma rapidamente foi ao funeral do amigo e em seguida seguiu em uma turnê pela Europa.
Quando volta, Tchaikovsky recebe do novo czar, Alexandre III, a Ordem de São Vladimir, uma pensão vitalícia e ainda os dois chegaram a se encontrar pessoalmente.
Contudo, as coisas depois disso pioraram, o auge de Tchaikovsky tinha chegado, a sua mecenas, Nadezhda von Meck, com quem Tchaikovsky ia se casar, desistiu do casamento e parou de enviar a sua ajuda; aparentemente ela descobriu os relacionamentos homossexuais de Tchaikovsky ou o affair que o músico tivera com uma corista.
Tchaikovsky, que nunca tivera casa fixa, agora via-se sem sua ajuda para o aluguel, apenas com o dinheiro de sua pensão, que estava ficando cada vez mais ralo, em seguida decidiu mudar-se para um lugar de padrão mais baixo.
Tchaikovsky agora vivia doente, e sem dinheiro, pois afinal, trabalho estava ficando mais difícil, os críticos o julgavam agora monótono e não viam com bons olhos seus toques meio ocidentais de suas músicas.
Tchaikovsky em sua última foto, aparentemente doente e cansado. |
Em todo caso, Tchaikovsky não vivia tão ruim assim, ele continuava a ser reconhecido no Exterior, tanto que foi o segundo russo a entrar na Academie des Beaux-Arts, em Paris e foi congratulado como Doutor da Música pela Universidade de Cambrigde.
Entretanto, em 30 de outubro de 1893, conduzira em São Petersburgo, a Sexta Sinfônia, a Pathétique, na sua turnê mundial. A capital russa estava tendo uma epidemia de cólera, e os habitantes mais abastados seguiam bebendo agua nos restaurantes (vindas de outros locais e filtradas), contudo, Tchaikovsky aparentemente alheio a tudo isso, bebeu a água contaminada e contraiu cólera.
No dia 6 de novembro de 1893, Tchaikovsky morreu de cólera (a mesma doença que matou sua mãe), em São Petersburgo. Alguns especulam que possa ter sido suícidio, mas nada até hoje foi confirmado.
Em todo caso essa é a história de Pyotr Tchaikovsky, o grande compositor russo ao qual tenho grande admiração por sua obra que muito me influencia em minha vida. Tchaikovsky ao mesmo tempo é tristonho, romântico, patriótico, feliz raras vezes, mas sabe como ninguém tocar uma sinfônia. Amado por alguns, odiado por outros, Tchaikovsky com certeza é respeitado, tanto por monarquistas como por comunistas (até Stálin gostava de ouvir Tchaikovsky de vez em quando!). Ele é um músico que deve não apenas ser lembrado por seu valor, mas também sua vida.
RIP, Tchaikovsky |
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