terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Semana de Música Russa (Dia 7)

       Deixando de lado os clássicos, partimos agora, nesse último dia de música russa, para a música eletrônica.

      Isso mesmo, logo após de grandes discussões no ramo da música, assim como no ramo da política, que vieram a seguir com a desestalinização. o governo soviético decidiu não mais interferir de modo tão palpável na cultura como fizera antes, desse modo, dessa maneira, os anos 60 representaram uma época de liberdade no ramo da cultura soviética tal como a era Lenin tinha representado.

      O Realismo Socialista tinha sido deixado meio de lado como modelo a seguir, e admitiu-se novas formas de expressão cultural, uma delas foi a música eletrônica.

Artemyev por volta dos anos 70, 80
       Eduard Nikolaevich Artemyev, nasceu em 30 de Novembro de 1937,  nasceu em Novosibirsk, na Sibéria, e tão logo pode, com o final da guerra foi estudar no  Conservatório de Moscou sob o comando de  Yuri Shaporin.

      O interesse de Artemyev por música eletrônica e sintetizadores começou depois de sua graduação em 1960, quando esse gênero de música  ainda estava na infância.

       Ele escreveu sua primeira composição em 1967 em um dos primeiros sintetizadores, o  sintetizador ANS desenvolvido pelo engenheiro soviético  Evgeny Murzin. Fato que o leva a ser um dos primeiros compositores e um  pioneiro da música eletrônica.

     Um dos seus maiores trabalhos, reconhecidos em todo o mundo, foi a trilha sonora do filme Solaris, e também do filme Siberiade (não sei qual o título em português) que ficou fortemente associado à Abertura dos Jogos Olímpicos de Moscou em 1980.

     Ao contrário dos outros artistas, Artemyev continua vivo, aparecendo em alguns eventos recorrentes de música, recebendo prêmios, hoje, com 74 anos de idade, com uma fama respeitável de Artista do Povo da Rússia, Artemyev é reconhecidamente famoso no círculo artístico da música eletrônica por ter sido um de seus pioneiros.
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Artemyev hoje em dia





Recordações (Dia 7- Último Dia)


      Uma sombra de um gigante assola hoje o imaginário popular, o prospecto de uma Nação que um dia foi grande e poderosa, que com sua voz ecoava o Mundo.

     Não mais, não mais agora, a Rússia podia ser grande, mas nem de perto chegava a ser o que um dia a União Soviética foi.

     Visto que os eventos de Dezembro de 1991 desfacelaram de uma vez por todas a grandeza de uma nação e iniciaram uma era de adversidades que só agora, recentemente foi suprida, mas não sanada.

     A Rússia não tinha mais aquelas crianças sorridentes indo para as escolas todos os dias, não tinha mais os hospitais vazios, não por causa de greves, mas por causa que os doentes eram previamente tratados,  agora se tinha desemprego, tráfico de drogas, prostituição e assassinatos, não que isso não existisse antes, mas agora, tudo se agravou.

     Num dos bairros da capital federal, um velhinho, um velhinho daqueles corcundas, com a idade pesando nos ombros, e a barba já grisalha, vagava pelos subúrbios da Capital, uma parte violenta de Moscou afinal de contas, o tráfico e a prostituição dominavam ali.

    Era lá que o velhinho morava, num velho apartamento do governo, com que muito tempo tivera que viver... Estava tarde, e não era seguro esar ali, andando na rua.

    Entretanto, o velhinho continuou a andar e ignorou os viciados implicando com o velhinho dizendo:

   "Ô, vovozinho, tá querendo um pouco do nosso pozinho é?" ou então: "Ei, velhote, sai logo daqui antes que eu te faça realmente andar de bengala".

   Os traficantes brigavam com os seus clientes com essas insinuações, querendo ou não, eles respeitavam o velhinho, afinal, o velhinho estava ali antes que eles.

  — Hey, para de mexer com o senhor Fedorov, ele é gente boa.
  — E senão parar? — Disse intrepidamente um viciado.
  — Aí não vai ter pozinho pra você.

    O traficante começou a reembalar sua droga num saquinho transparente, mas logo logo o viciado se deu conta que ia ficar sem sua droga, e prometeu respeitar o velhinho.

     Fedorov odiava aquela vizinhança, mas sabia que nada podia fazer a respeito, a polícia era tão corrupta, que era capaz que os policiais assumissem o ponto de drogas.

    Fedorov fora um grande aviador um dia, um piloto de caça, sabia como ninguém como fazer um giro completo no ar, mas hoje, hoje, meio surdo e manco, não dava mais para isso. Foi quando percebeu que ele odiava aquela vida, que Fedorov sacou de sua sacola de compras uma garrafa de vodka,  se jogou em sua cama, no seu pequeno apartamento do governo, e começou a beber.

    — Diabo de moleques! — Esbravejou o velho enquanto bebia.

    Desde que Fedorov foi dispensado pelo Ministério da Defesa do seu cargo, e obrigado a se aposentar por invalidez, ele se entregara ao álcool, e hoje, já um alcoolatra, não podia fugir mais de seu vício sem tremilicar sua mão esquerda como se tivesse Parkinson.

     Encostou na sua cama e começou a pensar, a pensar como era no seu tempo... A pensar como eram felizes aqueles dias em que não se havia tais preocupações, como planos de saúde exorbitantes, desemprego e aluguéis.





        E continuou a sonhar até que adormeceu de vez.

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