Socrátes teria nascido por volta do ano de 470 a.C, num universo turbulento da história ateniense, contudo, ele vivenciou toda a opulência da era de Ouro do governo de Péricles e a guerra do Peloponeso; Nisso, Socrátes ficou conhecido por lecionar em praça pública, a agóra, tudo que podia-se ensinar: filosófia, história (não bem História como hoje, mas mesmo assim algo para lembrar o passado), matemática, política, oratória, retórica; tudo isso de graça...
A questão é que enquanto ele ensinava para todo mundo naquela ágora de graça, existiam os sofistas, que era os instrutores que recebiam para lecionar, e que costumeiramente ensinavam para os filhos dos cidadãos mais ricos; eles se sentiram tão incomodados com a concorrência de Socrátes e com os ataques feitos pelo último, que suplicaram para que Socrátes começasse a ser perseguido, foi isso que aconteceu.
O desfecho de Socrátes é bem conhecido, o que muitos ignoram é o andamento dos processos em que Socrátes é submetido, em todo caso, segue a seguir um trecho do que Socrátes começa a discursar nos julgamentos. Trecho do Preâmbulo da Apologia de Socrátes, de Platão:
Desconheço, atenienses, que tal influência tiveram meus acusadores em vosso espírito; a mim próprio, quase me fizeram esquecer quem sou, tal o poder de persuasão de sua eloqüência. De verdades, porém não disseram alguma. Uma, sobretudo, me espantou das muitas perfídias que proferiram: a recomendação de precaução para não vos deixardes seduzir pelo orador formidável que sou. Com efeito, não corarem de me haver eu de desmentir prontamente com os fatos, ao mostrar-me um orador nada formidável, eis o que me pareceu a maior de suas insolências, salvo se essa gente chama de formidável a quem diz a verdade; se é o que entendem, eu admitiria que, em contraste com eles, sou um orador. Seja como for, repito-o, de verdades eles não disseram alguma; de mim, porém, vós ouvireis a verdade inteira. Mas não, por Zeus, atenienses, não ouvireis discursos como os deles, aprimorados em substantivos e verbos, em estilo florido; serão expressões espontâneas, nos termos que me ocorrerem, porque deposito confiança na justiça do que digo; nem espere outra coisa qualquer um de vós. Verdadeiramente, senhores, não ficaria bem, a um velho como eu, vir diante de vós modelar seus discursos como um rapazinho. Faço-vos, contudo, um pedido, atenienses, uma súplica premente; se ouvirdes, na minha defesa, a mesma linguagem que habitualmente emprego na praça, junto das bancas, onde tantos dentre vós me haveis escutado, e em outros lugares, não a estranheis nem vos revolteis por isso. Acontece que venho ao tribunal pela primeira vez aos setenta anos de idade; sinto-me, assim, completamente estrangeiro à linguagem local. Se eu fosse de fato um estrangeiro, sem dúvida me desculparíeis o sotaque e o linguajar de minha criação; peço-vos nessa oportunidade a mesma tolerância, que é de justiça a meu ver, para a minha linguagem, que poderia ser talvez pior, talvez melhor, e que examineis com atenção se o que digo é justo ou não. Nisso reside o mérito de um juiz; o de um orador, em dizer a verdade.
Mas o que seria o conceito de verdade para Socrátes? Eu não sei e dúvido que alguém saiba, em todo caso, um pouco mais a frente farei uma discussão sobre esse enigma que ronda o pensamento humano: "O que é Verdade?"
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