Sob o gélido vento do Norte
À luz da estrela da noite
Canta ela a ode
Ao frio congélido
À esquife da chuva
Detenho-me à porta
Admirando a beleza
Que singeleza!
Canta ela à varanda
A pequena ciranda
De amor tomada
Enquanto tiro a luva
Por impulso movido
A voz compelido
Pus-me a dizer
“Doce donzela
A quem Deus zela
Mostra-me o canto
Que move a cidadela”
Delicada como macela
Olha a doce magricela
A minha tristonha mazela
E a mim tutela:
“Gentil e bondoso senhor,
À chuva é bom ouvidor
Escuta-me o clamor
Tão cheio de amor”
Endireito a lapela
E dei uma sacudidela
E com extrema cautela
Dei uma olhadela
“A de olhos glaucos donzela
A mim canta a estrela
Que lhe brilha na janela
Às noites turvas vela”
Aquela beleza singela
Daquela pequena cidadela
Dá-me uma bela olhadela
“A ti canto a querela
De tanto a aquarela
Tenta pintar bela
A simples dor singela”
“Minha querida
Rima doce mais bela
Não hei mais fazer, minha donzela
À pequena janela
Observo de longe a donzela
Que emana a doce macela
A esta mínima cidadela
Minha querida
De olhos glaucos, sois bela
Tal qual a voz me rebela
Em tálamo a pedirei da janela
Enlace em himeneu
Ao grande sofredor como eu
A quem nada deve a Promoteu
Senão a ciência do que tanto sofreu”
“Oh! Gentil e tristonho hebreu
Sob esse escuro breu
Trago do museu o apogeu
Pois meu clamor é seu
O meu tristonho Romeu
Que do longe liceu
Tanto sofreu
Meu coração é só seu”
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