Sua mãe, Henriette Pressburg (1771–1840), era uma judia holandesa e seu pai, Herschel Marx (1759–1834), um renomado advogado e conselheiro de Justiça. Contudo,quando Karl tinha seis anos de idade, Herschel Marx, diante das pressões que o sistema atrofiado de justiça alemão dava aos judeus, decidiu converter-se e a toda a família ao luteranismo, uma mudança muito importante dado que Herschel descendia de uma família de rabinos.
Casa dos Marx em Tréveris |
O jovem Marx em foto |
Em Berlim, Marx ingressou no Clube dos Doutores, um grupo liderado por Bruno Bauer e rapidamente perdeu interesse pelo Direito e se voltou para a Filosofia, participando ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos. Nessa época, Marx se tornou ateu.
O pai de Marx nunca aprovara por completo que seu filho tenha deixado seu futuro promissor para dedicar-se à vida intelectual, e ameaçou retirar-lhe a herança várias vezes, mas Marx nunca ouvia ao próprio pai.
Marx sempre fora apaixonado pela mais bela moça de sua aldeia, Jenny von Westphalen, filha do barão de Westphalen, e Marx, apesar de toda a pressão do barão para que os dois se afastassem, teve um envolvimento amoroso com a jovem, e permanceu por longos anos noivo da moça, até casar-se com ela em 1843, uma cerimônia não muito festejada pela família da moça.
Jenny, ao contrário do que se pensa, foi muito feliz nos primeiros anos com Karl Marx, a quem ela tinha um tipo diferente de amor... Jenny não era apaixonada por Marx por sua aparência, que sejamos sinceros, não era das mais bonitas, mas sim apaixonada por seu intelecto (o que é raro hoje), a quem julgava um jovem muito amoroso e bom, com um bom espírito.
Jenny Marx, em foto |
Karl amava particularmente muito a Jenny, e fazia de tudo para amá-la, mas a situação com o tempo só foi piorando.
Visto que Marx não tinha um emprego formal, tinha a fama de mal pagador e levava uma vida boêmia, não demorou para que as suas dívidas atrapalhassem o seu relacionamento, além disso, Marx tivera cinco filhos com Jenny: Franziska, Edgar, Eleanor, Laura, Jenny Longuet e Guido, além de um natimorto, mas infelizmente, ao que consta, Franziska, Edgar e Guido morreram na infância, provavelmente pelas péssimas condições materiais a que a família estava submetida.
O casal Marx, em foto, 1866 |
Marx, num dado momento, estava tão enrolado em dívidas, que começou a perceber que quanto mais tentava trabalhar, mais as dívidas ficavam altas, e dessa maneira, Marx foi ser jornalista num jornal liberal na Baviera. Esse talvez tenha sido o único emprego formal de Marx.
Gazeta Renana |
Karl Marx, ao contrário do que se pensa, defendeu por muito tempo a liberdade de expressão no pequeno jornalzinho A Gazeta Renana, e volta e meia atacava o governo de ser repressivo e autoritário, em 1842, Marx tornou-se redator-chefe do jornalzinho, e nessa época, as coisas estavam um pouco menos apertadas (afinal, Marx havia torrado toda a fortuna do seu pai), foi nesse período que Marx conheceu o seu maior patrono e amigo, Friedrich Engels.
Engels, quando jovem |
Engels, bem sabido, era filho de um grande industrial de origem inglesa, que via-se preocupado com a temática social e possuía uma postura bastante liberal na época e progressista, Engels logo se encantou com as ideias de Marx, e os dois se tornaram grandes amigos.
Contudo, em 1843, a Gazeta Renana foi fechada após publicar uma série de ataques ao governo prussiano, e consequentemente, Marx tendo perdido o seu emprego de redator-chefe decidiu se mudar para Paris. Lá assumiu a direção numa publicação sem grande renome, mas o que havia de especial estava por vir: Marx foi apresentado a diversas sociedades secretas de socialistas.
Marx foi produto de seu tempo, segundo o pensador Leandro Konder:
"Antes de poder contestar a sociedade capitalista, Marx pertencia a ela, estava espiritualmente mais enraizado no solo da sua cultura do que admitiria",
Pelos padrões da Era Vitoriana, Marx mostrou "traços típicos das limitações de seu tempo". Como moçinhas aristocráticas, suas filha, tendo aulas de piano, canto e desenho, mesmo que não tivessem desenvoltura para tais atividades artísticas.
A família Marx com Friedrich Engels ao fundo |
Em Paris, Marx conheceu a Liga dos Justos (que mais tarde tornar-se-ia Liga dos Comunistas) e em 1844, Friedrich Engels visitou-lhe por alguns dias. A amizade e o trabalho conjunto entre ambos, que se iniciou nesse período, só seria interrompido com a morte de Marx.
Na mesma época, Marx também se encontrou com Proudhon, com quem teve discussões polêmicas e muitas divergências. E conheceu rapidamente Bakunin, então refugiado do czarismo russo e militante socialista, criador do pensamento anarquista.
Bakunin, em foto |
Inevitavelmente, Marx intensificou os seus estudos sobre economia política, os socialistas utópicos franceses e a história da França, estudando a fio, com especial ênfase a Revolução Francesa, e começando a ter contatos com os movimentos socialistas anteriores. De acordo com Engels, foi nesse período que Marx aderiu às ideias socialistas.
Marx, como sempre mexia na onça com vara curta ajudou a editar uma publicação de pequena circulação e começou contestar de novo o regime político alemão da época, por causa disso foi expulso da França em 1845 a pedido do governo prussiano.
Migrou então para Bruxelas, para onde Engels também viajou.
Foi nessa época que Marx começa a elaborar os desenvolvimentos de Mais-valia, valor agregado, e lucro sob os meios de produção que iriam integrar futuramente o seu livro, Das Kapital (O Capital).
Mas obviamente, o maior trabalho de Marx, redigido junto com Engels, que foi redigido na Bélgica, foi o Manifesto comunista.
A Edição Inglesa do Manifesto Comunista |
Em 1848, Marx foi expulso de Bruxelas pelo governo belga, por ter incitado as massa, e junto com Engels, muda-se para Colônia, onde fundam o jornal Nova Gazeta Renana.Após ataques às autoridades locais publicados no jornal, Marx foi expulso de Colônia em 1849 (Marx não parava quieto!).
Até 1848, Marx viveu razoalvemente bem com a renda oriunda de seus trabalhos, seu salário e presentes de amigos e aliados, além do que sobrou da herança legada por seu pai.
Entretanto, em 1849 Marx e sua família enfrentaram grave crise financeira; após superarem dificuldades conseguiram chegar a Paris, mas o governo francês proibiu-os de fixar residência em seu território. Graças, então, a uma campanha de arrecadação de donativos promovida por Ferdinand Lassalle na Alemanha, Marx e família conseguem migrar para Londres, onde fixaram residência definitiva.
Marx, em 1882, agora ele parece o Papai Noel! |
Em Londres, Marx era constantemente sustetado por Engels, que continuava com sua renda das fábricas de seu pai, e era rapidamente auxiliado por seus amigos em desconfortos financeiros, contudo, Marx estava na condição de "sem pátria" na Inglaterra, e também não era bem visto pelo governo inglês, embora tivesse alguma proteção dos trabalhistas.
Marx, segundo contam as suas biografias, teve um filho nascido de sua relação amorosa com a militante socialista e empregada da família Marx, Helena Demuth, temendo que Jennie descobrisse a traição, Marx pediu a Engels para acobertar o fato, e Engels sendo solteiro assumiu a paternidade da criança.
Frederick Delemuth, o suposto "filho de Engels" foi entregue a uma família num bairro operário inglês e Engels regularmente pagava uma pensão considerável à família adotiva.
Marx continuou assim até a sua morte em 1883.
Encontrando-se deprimido por conta da morte de sua esposa, Jenny, ocorrida em Dezembro de 1881, Marx desenvolveu, em consequência da sua costumeiramente saúde debilitada, bronquite e pleurisia, e 14 de março de 1883, Marx morreu na condição de apátrida, e foi rapidamente enterrado no Cemitério de Highgate, em Londres.
No discurso final, Engels disse:
"Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por esta suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar. (…) Como consequência, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutistas como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal. "
Nenhum comentário:
Postar um comentário