quarta-feira, 7 de março de 2012

Suícidio: Não vá nessa!

         Sim, esse é um tema bastante indigesto para se escrever após algumas postagens estimulantes, mas o Suícidio deve ser tratado com bastante seriedade.

         Esse tópico aqui apresentado visa impedir que as pessoas caiam nesse grave problema, a questão do suícidio, como irei explicar logo a seguir não é tão tangente assim para mim, e eu mesmo desejo impedir que jovens como eu joguem suas vidas foras num ato extremo.


        Esse post também pode servir aos pais, ou mesmo aos amigos próximos de um possível suícida (é um termo difícil de escrever, mas encaremos abertamente o problema).

               Desde Socrátes, quando os atenienses iam para Ágora para suas famosas discussões empíricas e filosóficas (embora o empirismo ainda não tivesse sido inventado), em praça pública, com o famoso julgamento de Socrátes, esse tema vêm sido por demasiado idealizado.

          Mas devemos fazer uma distinção logo de ínicio, o suícidio de Socrátes não foi uma ação voluntária, ele não decidiu por livre vontade que ia se matar por cicuta, ele foi obrigado a isso por causa exatamente de se recusar a voltar atrás em suas ideias, e os atenienses, acabarem por condená-lo em um julgamento à morte.

        Há o quadro retratando isso, mas acho inapropriado mostrá-lo com um tema demasiado indigesto.

        A questão é que o suícidio acabou perpetrando o imaginário ocidental por muito tempo, passando por Roma, incluindo o antigo Egito, onde Cléopatra mesmo deixou-se picar por uma cobra ao perceber que Marco Antonio, seu grande amor ia ser morto, e essas ideias ficaram rondando em torno de Roma até o Fim do Império.
Cleopatra


        Eis que na Idade Média, quando o cristianismo toma feições de extrema força, o suícidio acaba sendo um tema anti-ético, e totalmente criminoso, pois dada a postura da Igreja, ao invês de ajudar as pessoas nesse estado, preferia-se puni-las com sermões intermináveis. Quem ousasse suicidar-se em plena Idade Média (na verdade, até a Reforma), seria rapidamente excomungado e não poderia ser enterrado com os seus parentes e entes queridos nos cemitérios da Igreja.

         Na Modernidade, o tema continua sendo um tabu, até surgir um evento que iria torná-lo algo idealizado: o Romantismo. 

        Sim, o Romantismo, aquela escola literária do século XVIII/XIX que pregava uma idealização extremada do indíviduo, uma centralização no personagem, um amor incondicional à pátria, e claro com pensamentos profundamente pessimistas numa época.

         O Romantismo, essa escola literária surgiu in facto com a publicação do mais polêmico talvez de seus livros, O Sofrimento do Jovem Werther, de Goethe,  que a despeito de seu sucesso quase que repentino, dada à profundidade das palavras de Goethe, causou uma onda de suícidios tamanha na Europa, principalmente na Alemanha, chegou a ser proibido por muito tempo em alguns países da Europa de circular.

        O Romantismo incitou mesmo os jovens mundo à fora, com suas feições idealizadas do amor e do Mundo, seu egocêntrismo e gerações profundamente deprecivas, a tomarem para si o ato mais extremado, o suícidio.

        Não que eu odeie o Romantismo, afinal de contas, essa uma das escolas literárias que mais gosto talvez, junto com o realismo, mas esse cárater deprecivo da geração Byroniana e ultrarromântica, não à toa recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
Lord Byron, poeta de tendencia depreciva

       A morte não é essa coisa bonita que os românticos mostram.

      O suícidio apartir daí só foi crescendo, e tomando, infelizmente maior grau de inserção na sociedade, visto que com o passar das décadas, com a industrialização, que trazia além de desempregos, também sentimentos adversos numa sociedade consumista e totalmente conflitante, acabou crescendo no século XX.

     Eu podia continuar nessa abordagem histórica sobre o suícidio, mas acho que já me fim entender.

    







         Agora vou falar o porquê de ter entrado nesse tema.

            O suícidio é um tema recorrente em minha família, sinceramente, eu perdi um tio, e um tio-avô com isso (uma coisa que deixou muito abalados os meus avôs, e meus pais também), mas não só isso, eu também entrei nessa onda. Tentei me matar duas vezes.

           Sim, eu tentei me matar duas vezes, nas duas falhei. Eu nem sei como consigo hoje escrever tais palavras sem sentir calafrios nos meus dedos.

          Hoje eu sei que eu estava errado, não valia a pena mesmo ter feito isso, mas mesmo assim, vou fazer uma análise da situação.

          Eu vivia com razoável conforto (ainda vivo), num bairro de classe média, na Capital; frequentava a melhor escola talvez da cidade toda, e com certeza, a mais exigente... Sempre fui um adolescente com uma folha de ensino exemplar, tanto que me formei no Ensino Médio dois anos antes do convencional.

       No meio disso tudo, com as pressões decorrentes do vestibular, devo dizer me deixaram tenso, e irritadiço.

        Para piorar, meus pais, bem, eles não são as coisas mais fáceis do mundo... Meu pai, mesmo, era uma pessoa realmente severa, que se importava quase nunca com meus estudos, ou comigo mesmo, vivia para o seu maldito trabalho, e quando vinha falar comigo era para ter resultados.

        Meu pai sempre e ainda me pressiona nos estudos, querendo me fazer por fazer entrar no serviço público (o que eu rejeito relutantemente até hoje).

         Quando, eu sofri bullying, por exemplo, ele nunca me apoiou, disse que eu estava sendo fraco, que isso não era nada, e que não devia me importar com isso (não a toa, que não gosto muito do meu pai).

        Minha mãe, apesar de ser melhor comigo pessoalmente quanto ao tratamento pessoal, ela de vez em quando tem ataques histéricos, e num dado momento acaba brigando com você sem qualquer motivo aparente, desconfia de tudo e a todos (eu tenho algumas desconfianças sobre o que isso fundamenta).

        Além do bullying que sofria na época, afinal eu era do corpo dos clã dos Decididos Favoritos ou CDFs, sofria com uma surdez ocasional no ouvido esquerdo, e uma profunda angustia pessoal.

         Visto que na época não fazia sucesso com as mulheres (na verdade, sempre fui mais dado ao trabalho, isso é um erro particularmente meu), eu sou originalmente sozinho, eu estava sofrendo com os desatinos de um romance amoroso complicado.

         Além disso, estava me encontrando religiosamente com o judaísmo, a religião dos meus avôs, o que encontrou rixas em casa (Se você pensa mesmo que os seus pais não se importam com a sua religião, é porque não viu quando você tenta falar a eles que não acredita mais no que eles acreditam).

         Eis o pano de fundo para um desastre. Minha mãe, consideravelmente, me xingou de todas as formas, me execrou, me amaldiçoou e encontrou tudo que foi tipo de palavrão, que não pensei que haviam tantos, na língua portuguesa, ao saber que eu ia me converter ao judaísmo e a retornar às nossas origens (ela aparentemente não tem muito orgulho de nosso passado).

        Ela brigou comigo de todas as maneiras, e como é comum de algumas mulheres histéricas, jogou sujo: Ameaçou me tirar da escola, retirar do meu círculo de amizades e me retirar todos os bens que eu desfrutava (desde os meus livros, o que seria um crime absurdo, até o meu computador e meu televisor).

         Minha mãe me humilhou de todas as formas, e no meio da efervecência política que eu estava passando (essa tinha sido a época do meu primeiro protesto estudantil), ela me ameaçou expulsar de casa.

        O pior de tudo foi exatamente o que estava por vir: Minha mãe declarou que já havia falado com meu pai sobre isso e que eles tomariam todas as medidas cabíveis para isso.

        "Pronto", pensei eu, "se ela queria ferrar com a minha vida, ela conseguiu. Ela está tentando de todas as formas que eu caia de volta no cristianismo. Nosso povo viveu por muitos desatinos, esse é mais um que tenho que passar. Logo ela vai sair, e eu vou ficar só de novo".

        Ah, mas não foi isso mesmo, foi aí que eu aprendi como minha mãe tem a capacidade de tornar um inferno a sua vida só abrindo a boca. E quando, cheio daquilo tudo, veio o meu pai, aí, imagina o que aconteceu.

        "Os dois, juntos! Não tenho mais saída".

         E foi isso o que aconteceu, eu tentei me jogar do parapeito da janela, totalmente abalado, com tudo aquilo que estava acontecendo, com aquela explosão de hormônios na cabeça e falhei.

         Em meio à corrente de gritos histéricos de mulher, a possibilidade de separação dos meus pais, meu pai, sempre demagogo, utilizou a situação para aproximar-se de minha mãe, com quem estava brigado.

         Fui tratado como um zero a esquerda, um individuo doente, que não tinha mais capacidade pra nada, e tudo porquê? Por causa da pressão dos meus pais.

         Eis que novamente surge uma discussão dos meus pais, agora as palavras "Separação" são mais frequentes, e como é comum em brigas de casais,  além das correntes de palavrões e insultos, começaram uma briga física.

        Ah, fui até a cozinha, e quebrei todos os pratos e copos, para ver se paravam, foi aí que eu aprendi a arremessar discos. Eu lembro como eles me olhavam, com misto de medo e de susto, e quando percebi que eles continuariam, e que tornariam a minha vida um inferno maior. Tentei a segunda vez.

       Foi aí que meu pai percebeu que havia algo de errado, foi aí que os dois pararam de brigar, foi aí que tudo aconteceu.

       Meu pai conseguiu me conter pela segunda vez, me agarrou e tentou de todas as formas me segurar, enquanto eu, de todas as formas tentei me soltar... Meu pai, que tem o dobro do meu tamanho, caiu diante a minha fúria, e senão tivesse conseguido me segurar de novo eu estaria provavelmente num caixão.

        "Meu filho, não faz isso. Não faz isso, meu filho, não estraga a sua vida assim... Você ainda é muito jovem, não estraga a sua vida desse jeito. Você pode ser melhor que isso. Você pode ter a vida melhor que a minha, não se entrega a isso, você é a minha única esperança."

         Eu pela primeira vez na minha vida vi meu pai chorar... Imaginem uma criança que cresceu a vida inteira julgando o seu pai como homem mais forte já conhecido, e vê-lo chorar daquele jeito. Foi aí que eu percebi, depois de algum tempo pensando, ali, no chão, depois da luta, no que eu estava fazendo... Nos gritos desesperados dos meus pais, nos choros ruídosos da minha irmã... A vizinhança inteira tinha ouvido.

      Era isso o que eu queria? Não, não era isso.

       Eu me soltei do meu pai, e prometi a mim mesmo que não ia mais fazer isso, e fui para meu quarto.

       À noite, durante uma semana, meus pais dormiram comigo e trataram para que eu não cometesse de novo qualquer besteira, até terem certeza de que eu nunca mais faria isso.



       ESCUTEM , meus caros, é isso o que querem? É isso que desejam? Morrem assim?

Vai querer mesmo abandonar os seus filhos? (os de agora ou que estão por vir)


Vai querer deixar assim a sua família?














E os seus amigos?


      NÃO FAÇA ISSO, MEU CARO! NÃO DEIXE SE VENCER!  VIVAM!


       Eu acredito que eu tenha um dever antes de morrer, um dever para com o povo, fundamentado pelo marxismo, um dever de conscientizar as massas, de ajudá-las a construir um futuro melhor, pode ser utópico, mas esse é o meu dever, esse é o meu destino. Eu acredito mesmo que posso ajudar as pessoas a não sofrerem mais como sofri ou os outros ainda sofrem.


        Eu não preciso dizer que o suícidio é anti-marxista, é contrário a ideologia marxista, porque é um sinal de derrota à sociedade capitalista... E isso é verdade. Quando você se mata, você se dá por vencido. Não há honra alguma nisso.


      Eu não vou usar a Biblia, porque eu tenho uma aversão natural ao cristianismo, e muito menos vou usar a Torá, porque o judaísmo é muito rigoroso com isso. Eu quero fazê-los pensar? Vale a pena? Vale a pena se matar e perder tudo que há na vida? Vale a pena ir sem desfrutar ao menos das coisas boas da vida, ter um amor, arranjar uma ocupação que o complete, vencer os desafios, batalhar. O suícidio não é opção, a derrota não é opção. VENCER, meus amigos, VIVER!
À LUTA! LEVANTE-SE! LUTE!

      Hoje eu abomino o que eu fiz, abomino porque eu acredito que não deva ser esse o meu fim. O meu fim é trabalhar para o melhor das pessoas, o meu fim é trazer justiça a esse Mundo falido em que vivemos. Posso não conseguir, mas prefiro terminar assim, lutando por uma sociedade melhor, do que morrer na praia.

      Não sou mais judeu, também não acredito mais na vida após a morte, isso me lembra que a vida é curta, e não deve-se perder qualquer momento com isso.  Se na vida já não há justiça, imagina a morte, que não é dada na mesma hora e na mesma intensidade para todo mundo.


      Aos que pensam nisso: Não façam isso!

     Pensem, por favor. É assim que quer sair? É assim que quer ser lembrado?

     Já tiveram a noção de como é ficar sem ar? O quão terrível que é? Ou mesmo quando queimam o seu dedo no fogão, o quão doloroso parece? A morte é isso, uma dor insuportável da qual não podemos fugir, porque chegar a isso tão cedo?

     A morte não é uma coisa doce, a morte traz dor e sofrimento. Já pensou o quanto que as pessoas que você ama vão sofrer? E as que te amam? Você acha que pode não ter, mas têm sim, você que ainda não conseguiu ver.

       Vai fazer isso porquê? Vai meter uma bala por uma namorada? Por quê? Porque ela não retorna as suas ligações, porque ela não quer saber mais de você? Meu amigo, não vá nessa, ainda há esperança, trabalhe para conquistá-la, lute! Dê flores à ela, seja gentil, ame-a como você queria ser amado, e senão der certo, aceite e parta para outra, o mundo está cheio de pessoas infelizes a busca de uma amor, acredite!
Ainda há esperança, um dia você há de encontrar uma musa igual a essa.




       Foi traído? Por sua esposa? Não vale a pena se matar por alguém que sequer se deu o respeito, ainda mais que lhe foi descortês. saia dessa vida, providencie os papéis do divorcio, e tenha certeza de sempre fazer a separação de bens.



       Dívidas? Perdeu o emprego? Não sabe o que fazer? Seja rigoroso com os seus gastos, encare de frente o problema, seja mesmo pão-duro, você não tem "dinheiro e ponto", não fique infeliz com isso, se você for nessa consciência de não tem "dinheiro e ponto" com tranquilidade, e pagar suas dívidas, num dado momento você não vai nem mais perceber o que aconteceu, e estará com dinheiro de novo. Guarde seu dinheiro e nunca faça empréstimos, a não ser que a situação seja prioritária. Na pior das alternativas, abra uma Igreja. (vai por mim, uma igreja fatura muito).

A chave está nas suas mãos, acredite




       Você está para baixo, muito bara baixo, não acha que consiga fazer nada. Converse com alguém, isso mesmo converse com alguém, nem que seja com alguém na rua... Isso mesmo, alguém na rua. Não falta gente que também seja tão tímida que não seja também triste e que queira falar com alguém, principalmente na cidade.
Isso é tão comum, é só criar coragem e falar com alguém

        Se você acredita que possa se salvar com a ajuda externa, só com ajuda externa, vá para Igreja, vá se confessar, afinal de contas o padre é um psicologo que não cobra 250 a hora e ainda te ouve sem grandes preconceitos (ele ainda cobra uma ave-maria, um salmo, uma coisa assim, sei lá, mas é só).

Se até o Homer faz isso, por que você não?


O amor, morrer sem ter amado é tristonho! AME! VIVA!









      Não seja dependente disso, LUTE! VENÇA! VIVA!









      Depressão não ajuda em nada, ande, caminhe, vá passear, vá conversar, se você está tão ruim assim, não tem como ficar pior se você sair para conversar com alguém.
Viva, meu caro, divirta-se


          Dan Quayle certa vez disse:

"O futuro será melhor amanhã!"
  
           Sim, ele será, e quero que você esteja aqui para vê-lo como todos nós todos iremos ver, amanhã é um novo dia, um novo tempo, uma nova vida. Ainda esperança, camarada, SOBREVIVA, RESISTA, LUTE, contra essa coisa que o desanima, que o consome, que o entristece. VIVA!

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