segunda-feira, 22 de abril de 2013

Suave narrativa

       Você que me olha toda subversiva,  brincando de anarquista nas ruas da vida, caminha tão maldosamente em minha direção e não arrebata não menos do que cinco corações. Poderosa como é, és tão perversa que acaba com todos a que tem direito. Decidida, faz tudo o que deseja e o que não deseja também e isso é engraçado.

       Você que anda de bicicleta com um vestido de bolinhas superapertado, com os cabelos ao vento e óculos quadrados, manipula a todos com sua voz tão doce quanto fragrância de jasmim, sua favorita, pelo que me lembro, mas na correria do dia a dia, esquece-se de passa-la. Não importa, eu gosto de você desse jeito, rebelde e feminina.

         Conversa sobre tudo e nada ao mesmo tempo, é a mais taciturna das sábias e a mais falante das bobas, e você que me olha com esses olhos de sábado chuvoso tenta convencer a todos que você tem voz, que não quer ser deixada de lado e que nada pode mudar o que você quer. Bonita do jeito que é, irá bem longe, mas não se importa muito com isso, afinal é bastante inteligente.

        Inteligência é a mais afrodisíaca das poções, não vi até hoje quem discutisse Bakunin e Teoria da Relatividade tão bem quanto você, e isso faz a todos sorrir, mesmo que mantenha-se tão séria quanto lhe cabe. Erudita, apresenta-se de forma tão despojada, tão depreendida que difícil esquecer alguém como você. Me sinto meio anárquico esses dias, você deve saber o porquê.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Haber e o uso da ciência para o "bem" e para o "mal"

A figura mais controversa pra mim na história da Ciência não é Oppenheimer (pai da bomba nuclear), nem Alfred Nobel (criador da di...