segunda-feira, 15 de abril de 2013

Àquela moça a quem tanto amei

        Sinto-me culpado hoje e um estúpido inconsequente em ter-lhe negado um beijo de amizade e ignorado seus olhares fraternos que me remetiam a um "Oi" amigável. Sinto-me zangado comigo mesmo por ter virado esse crápula sem  querer.

        Sou um idiota vestido de gênio, que segue pelos cantos com pressa e cabelos desgrenhados enquanto você segue sozinha dentre os demais, devia ser mais do que um simples estranho para você, devia ser menos estranho para o que senti por nós. Não sei o que devo dizer, não posso sentir desculpas se me sentia mal em passar por você e me lembrar dos erros que eu cometi, mas sem querer cometi erros mais crassos; Sou realmente terrível, hoje percebo isso.

      Não queria ter brincado com os nossos sentimentos, com nossas amizades do modo que as palavras brincaram quando saíram da minha boca: Eu sou um idiota, Carol. Saiba bem disso. Um idiota que teima em ser idiota.

       Não mereço clemência aos meus erros, cometi tantos que agora eu sei a razão de sempre terminar assim, desse modo, sozinho no escritório escrevendo em  finas palavras um dos mais difíceis pedidos de desculpas. Será orgulho? Medo? Eu não sei. Realmente eu sou um idiota.

      Sou um idiota por muitas coisas e em muitos níveis diferentes, deixei-me tomar por um sentimento ruim que não desgarra mais das minhas costas e foi por essas semanas reflexo de minhas ações, não sei lhe dizer que sentimento foi esse, mas eu queria ter sido menos cínico do que eu já fui. Estou muito triste e desesperançoso, mas não se preocupe, vai passar. Queria poder dizer-lhe tudo pessoalmente, mas como nos tornamos estranhos um ao outro, acho conveniente deixar tudo de lado.

       Eu sou um idiota, principalmente por continuar sentindo alguma coisa por você. Talvez no fundo eu ainda goste de você e por essa razão tenha sido tão idiota nesses últimos dias... O trem veio e passou, numa pequena estação no caminho de Kalach e não há palavras que mudem o que acho.

     A curva do meirinho, a descida do pelourinho, a granada do vestido de pétalas que enrubesci de xistosas palavras, sinto tudo isso menor frente a essa loucura maso-emocional a que chamo de amor desesperançado. Refiro-me a à prosaica lira da vida guiada pela sua maliciosa dialética , como eu disse, abandonei minhas lembranças e referências líricas à sua beleza, por entender que nada trazem a não ser desconforto a nós dois;

      Peço-lhe que não me tenha como um inimigo, pois assim não a vejo, só andava meio zangado com a vida e zangado comigo mesmo. Sou burro feito uma porta por pensar que você lerá tais palavras, bem como entenderá todos esses motivos fracos que uso para esconder algo irracional que cresceu dentro de mim: Se eu te amo, um daqueles dias eu te odiei, odiei tê-la conhecido e ter me apaixonado, mas depois acabei me odiando por ter odiado uma criatura tão serena quanto você;

       Como disse outrora, não mova sentimentos por tais palavras idiotas e nem compreenda tudo o que eu disse. Sigamos em frente, só queria desabafar e lembrar que virei o crápula a quem tanto abominei. Adeus, minha querida, seja feliz e serena, como sempre foi. Adeus.

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