domingo, 7 de abril de 2013

A forma da escrita




       A forma da escrita


      Bem vejamos, como deve ser a forma da escrita senão a escrita pelo prazer da própria escrita. A escrita  de um texto deve ser uma coisa alheia ao rigor técnico de palavras impronunciáveis sem que suas ideias sejam totalmente expressas. A tecnicidade do texto transformada no rigor formalista destrói a magia da própria matéria da escrita. O autor deve ser claro e conciso.

      Em todo caso, nem por isso a escrita do texto deve ser relaxada, dando amparo a litigiosas anomalias escritas, aberrações linguísticas e assassinatos ortográficos. O rigor total deve ser evitado na grafia do texto, mas o total desleixo  deve ser abolido da criação do texto. Um bom redator é aquele que escreve pelo simples prazer de calejar as mãos e de passar horas a fio sentado defronte a um pedaço de papel, a escrita nunca deve se tornar ultrapassada, e um escritor que se preze deve se atualizar sempre.

      A montagem do texto não necessariamente precisa ser feita de forma linear, mas se desejas inovar na montagem, é conveniente ter a habilidade para tal. Deve-se esquecer a influência de alguns pós-modernos na escrita dos textos, afinal de contas, a total negação da lógica redacional arrasa  por completo a  estima do leitor pelo texto.

       A escrita de um texto requer o pleno domínio sobre o assunto, não se deve arriscar a escrever algo que você tenha total desconhecimento, dessa forma, se desconheces o tema, limita-te à ideia. O estudo deve ser a matriz que irá trazer a base da própria prática de um escritor diligente. Agora, se conheces o tema, estude-o cada vez mais até ficar totalmente farto do conteúdo.

      Não estou dizendo que a prática da escrita é fácil porque, afinal de contas, não é, entretanto a prática da escrita nos ensina magistralmente os nossos próprios erros e com eles aprendemos a totalidade dos nossos ritmos de escrita. Um escritor de boa capacidade escreve desde o passarinho que gorjeia no alto de uma árvore distante até os deleites mais particulares da existência humana.

      O movimento do texto deve ser constante e presente, o texto não pode ser tornar algo estático e sem movimento, de forma que represente sempre um ritmo narrativo que imponha um movimento ao próprio leitor. Se as palavras não indicarem um movimento na narração o tédio consumirá por completo o seu texto.

       O conceito de humor deve ser moderado, um texto de boa formação, pode conter humor, mas um humor inteligente e sutil, nada muito escrachado ou mesmo pesado. Quando o humor se torna rude, o resultado inevitável é a pauperização do próprio texto.

        Comparações devem ser ministradas com cautela em virtude do próprio modo com o qual o texto está sendo redigido, nunca escreva  que "os seus olhos eram tão amarelos como a música do Camaro amarelo",   isso é remover toda a narração prodigiosa que foi ou poderia ter sido feita.

        A escolha das palavras deve ser pensada  de forma consciente, não só por considerar que uma obra escrita deve ser comparada a uma sonata bem articulada, mas para trazer até mesmo um suporte ao leitor, a musicalidade das palavras ou das ideias deve emanar na mente do leitor e enraizar suas próprias palavras, dessa forma ele poderá até mesmo cantarolando suas palavras.

        Ao repassar ideias não force o leitor a ter leituras iguais às suas, explique bem a própria forma do seu pensamento, mas não force também nesse aspecto, afinal de contas, o leitor também não é burro. A tomada de ideias no texto deve ser trabalhada de forma refinada e totalmente bem pensada, assim como o uso de conceitos e argumentos. O ativismo político deve ser utilizado com cautela bem como enxertos pessoais do autor.

        O olhar do leitor nem sempre deve ser desfocado, mas vários pontos de vista sobre o fato podem ser colocados em questão, desde que se saiba ministrar bem tal coisa. Personagens secundários nunca devem ter seu  ponto de vista ministrado à frente dos personagens principais, afinal de contas, os personagens principais são o foco do próprio livro.

        A forma da escrita, seguindo tais parâmetros, pode levar a uma escrita boa e concisa  e até mesmo o aprofundamento da própria noção da passagem de ideias por meio das palavras, em todo caso, é conveniente que aquele que deseja dedicar-se a tal ofício compreender a total complexidade do próprio ato em si de escrever, bem como sempre ler sobre o papel da escrita quanto forma de arte. A escrita é uma arte antes de ciência, lembre-se bem disso que muitos problemas podem ser minimizados.

        Seguindo tais conselhos, é possível que alguém que ame escrever possa se tornar um bom escritor de textos.

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