sexta-feira, 12 de abril de 2013

O outro século

Yuri Gagarin
      No dia 12 de abril se comemora o Dia do Cosmonauta pela simples razão que nesse mesmo dia o homem conquistou as fronteiras da Terra e caminhou rumo ao Espaço, Yuri Gagarin em 12 de abril de 1961 na nave Vostok I realizava a prodigiosa façanha de ser o primeiro homem a orbitar a Terra.


     Esse fato, associado com o fato de os soviéticos terem lançado o primeiro satélite no Espaço e o primeiro ser vivo levaram à iniciativa de ambos os lados, soviéticos e americanos, à Corrida Espacial. Depois de finda tal Corrida, os Estados Unidos desperdiçaram a oportunidade de utilizar-se dos esforços de  seu antigo inimigo, e conseguir tornar viável a conquista espacial, hoje tal honraria só é empreendida pelo capital norte-americano, o que é algo muito triste, pois resulta a venda de nossos sonhos a alguns poucos banqueiros e milionários.

      Desde que Julio Verne escreveu Viagem ao Redor da Lua, o imaginário humano rondou em torno do espaço, de tal maneira que o físico russo Tsiolkovsky inspirado em outras leituras, recitou as proféticas palavras: "A terra é o berço da humanidade, mas não se deve viver no berço eternamente".

                                           Trecho do filme de 1902 (Viagem ao redor da Lua)
                                                           inspirado em Jules Verne


        Em seus dois livros:  Sonhos de Terra e céu e Além da Terra. Tsiokovsky elaborou um artigo amigável com extraterrestres para o desenvolvimento humano, à época a astronomia ainda era uma ciência um pouco marginalizada frente à física e a química, e beirava a um pensamento um pouco utópico, mas as equações de Konstantin Tsiolkovsky sobre os foguetes embasaram posteriormente o desenvolvimento do programa espacial soviético, bem como o programa militar do Exército Vermelho na Segunda Guerra, as Katyushas foram inspiradas em suas ideias.

File:Циолковский за работой.jpg
Tsiolokvsky em foto
       A terra se tornou um lugar muito pequeno para  a grandeza da Humanidade, Tsiolkovsky mostrou isso junto com outros pensadores que nortearam o programa espacial de ambos os lados: Von Braun (do lado dos americanos) e Korolev (no lado soviéticos).


       "Os homens são fracos agora, contudo transformam a superfície terrestre. Em milhões de anos o seu poder aumentará até ao limite em que irão mudar a superfície da Terra, os oceanos, a atmosfera e eles próprios. Eles irão controlar o clima e o sistema solar como controlam a Terra. Eles irão viajar para além dos limites do nosso sistema planetário; eles irão alcançar outros Sóis e utilizar a sua energia vibrante ao invés da energia do seu astro moribundo." (Tsiolkovsky in Тхе универсе анд цивилисатион‎ - Página 104, Виталий Иванович Севастьянов, Аркадий Дмитриевич Урсул, Юрий Андреевич Школенко - Прогресс Публишерс, 1981)

       Yuri Gagarin provou que mais do que qualquer coisa, a terra era singela demais, vulnerável demais, para mais guerras e destruição. Era um planeta minúsculo com "seus vales e rios" tecendo o manto azul na frente de sua minúscula janela na orbita da Vostok I.



      Gagarin é um herói, não só por ter conseguido sua façanha, mas por ter se mantido humilde frente a ela, coberto de louros, ainda se percebia a simplicidade do jovem rapaz da aviação soviética que perdeu os irmãos no horror da guerra, e ainda sorria e acenava para pessoas desconhecidas. Gagarin transportava as emoções, as esperanças de toda uma noção humanidade; ele foi usado como veículo de propaganda soviética, mas ele parecia estar além disso: era recebido em Moscou, na Praça Vermelha, na Casa Branca, em Washington, na França, Inglaterra e até no Brasil! O seu discurso não era o mesmo uníssono: "A decadência degenerada do Ocidente não era páreo ao triunfo do socialismo", não, sua mensagem era de paz.
Vostok I
     A morte de Gagarin retirou a força do discurso em prol da defesa da frágil humanidade, mesmo assim seu espírito não morreu, ecoa toda a vez que se pensa em falar sobre o Espaço, toda a vez que um cosmonauta se lança ao Espaço para passar meses na Plataforma Orbital.

     Esse é o espírito que fundamentou em 1983 a execução do documentário НАШ ВЕК, de Artavazd Pelechian, para homenagear o próprio programa espacial de ambos os países, mostrando as dificuldades, as proezas e os fracassos do desenvolvimento tecnológico humano até a chegada ao desenvolvimento do programa espacial de ambos os países, é uma homenagem aos que morreram, bem como uma forma de lembrar aqueles que tanto pensaram no Espaço como o seu lar.

     
       "Nosso Século", é o documentário que tenta nos passar tal espírito. Ele é vibrante ao mesmo tempo em que é triste, ele nos conforta ao mesmo tempo que nos deixa melancólicos. Ele é mais do que um simples documentário, é uma sinfonia aos próprios olhos, na forma como foi elaborado, organizado e pensado. Tal como o programa espacial no início tinha sido imaginado, no imaginário de Jules Verne, Konstantin Tsiolkovsky e na paixão de Korolev em olhar para as estrelas e imaginar outras realidades.


         Extras:

        Primeira Missão de Yuri Gagarin


   Preparação para a Primeira Missão de Gagarin




Áudio de Korolev conversando com Gagarin na primeira missão da Vostok I



                                                         Em homenagem a Yuri Gagarin

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