Com o gosto de damasco na boca e um último beijo nos lábios, lembro-me daquela noite que te vi partir naquela profusão de pessoas de todas as cores, credos e gêneros. Era uma noite sem muito destino, mas uma noite que certamente me marcou principalmente por você ter pensado em mim.
Sorrio pensando naquele dia, você que tanto sorria e me imitava como uma menina sapeca tão bem-humorada, mas que não queria se envolver com a vida e nem comigo. Adoro ver as coisas desse modo, é tão mais divertido! Você de cabelos cor de anil que irradia meus dias quando ouço sua voz e me beija com o seu olhar.
Não quero mais nada além disso, nem prosa, nem lira, nem namoro, nada. Sinto-me bastante feliz dessa forma, diferente, é claro, de tudo o que eu fiz. Cantarolo pelos cantos, mas hoje não é uma canção de amor, é uma canção de alegria, com um maior vigor na fala, sem medo, sem temer. Adoro tudo isso, realmente adoro, é tão despreocupado.
Toda vez que você mexe os seus cabelos, mexe comigo, de uma forma positiva, é claro. Não entendo porquê e prefiro não entender; quando me esforço a entender tais coisas, tudo que me resta são apenas decepções. Na vida coletamos tantas decepções que devíamos vendê-las a atacado, mas hoje não vendo nada além desta prosa.
Você que me tirou o fôlego quando beijou meus lábios com o seu olhar, e agora partiu tão despreocupada para algum canto da cidade, bem longe de onde escrevo tais palavras, e deve ser mesmo assim. Não me apaixono tanto quanto antes, mas um burburinho surge quando lembro daquele gosto de damasco que adentra no meu coração. Sou tão romântico quanto um contador de palavras, suave e tolo, e nada mais me abala tanto quanto antes. Licor de damasco e cabelo cor de lápis-lazúli, que bela combinação!
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