Tão forte é o metal que faz tinir os nossos pensamentos depois do imenso carnaval, vem e vão com um grande vendaval, nessa lúdica memória dos tempos passados a grande história de longo traçado desenha-se em singelas palavras: Deverá ser escusar o lirismo prosopopeico dos vernáculos diletantes na velha sincronia a rima que se prolonga em quadrilhas e sextetos quando digo o que tenho a dizer.
Devo dizer que hoje é um dia como um outro qualquer, e tal como um dia qualquer espero que compreendam a natureza incomum dessa longa história sem muita harmônia musical, era mais uma Pathétique de Tchaikovsky do que uma serenata de Beethoven, mesmo assim nas curvas retílinas das músicas mais eruditas prolonga-se o tinir das letras nessa tristonha versão da findada máquina de escrever.
Peço desculpas pela prosa meio poética e do fado circunstancial que veio do meu sangue lá de Portugal.
Muito bem, hoje, como eu disse não é um dia a se levar em consideração, já que de excepcional não há de nada a não ser o nome de "hoje", nesse futuro passado o pretérito se alonga nas boas prosopopeias tempranas que surgem como persianas nas cortinas do conhecimento.
O amor retira a graça de se brincar com as palavras, retira-nos o escudo do ponto e desentorta a interrogação para a mera e simples exclamação filosófica; EU TE AMO, nada mais expressa que um sentimento qualquer sem muita graça. Amar é apenas uma chama que se inventa como particípio de verbo incondicionalmente intransitivo. Os gramáticos não posssuem tão propriedade em escrever tais coisas, afinal tudo o que amam são as palavras.
Eu também as amo, mas amo mais brincar com elas de vez em quando, quando não estou com nada para fazer, fico divagando sozinho o peso que cada palavra exprime a cada um de nós: Felicidade, tristeza, cobiça. Um sussurro no ouvido esconde um grande segredo ou se entrega à lascívia. Um gemido pode ser ao mesmo tempo de dor ou de prazer. O grito é o arquétipo da pura alegria ou da fúria.
As palavras conectam mais do que simples sentimentos inexpressos na razão de nossa sociedade diferenciada, um beijo não pode ser mais do que um beijo, não pode ser mais do que uma forma de carinho, um choro é uma lágrima que circunscreve a face e explode o peito, e assim prossegue.
Sorrio em pensar que antigamente a mais linda das expressões: A epistemologia da lógica, tenha sido deixado em desuso por deleites tolos de um jovem ainda apaixonado por ideais ou valores, ou carente de amor e reconhecimento, seja o que for, a verdade é que a epistemologia voltou e com ela se dilapida um longo ciclo passado.
O espírito de cromo se insere mais uma vez, sobre os homens de ouro, prata e bronze e filósofos desvairados que nada mais fazem do que especular, tem agora uma faixa rígida e laminada, tem uma face espelhada e nessa família de metais de transição o passado se deixa levar, o que antes era permeável à falta de ar de alguns suspiros, hoje é resistente até mesmo à ferrugem das novas ideias.
O espírito cromado é duro, mas muito maleável, de tão maleável pode ser sensível, e no curtimento filosófico cai por terra a ideia de que a fusão em liga metálica com pessoas de ouro e prata trará maior valor ao pobre cromo prateado que se prolonga na mente aborrecida pela hecatombe amorosa de tempos passados.
O cromo se prolonga é o revestimento da grande armadura do homem de aço, que não se ilude com besteiras e está a par da própria dinâmica das coisa, e, por isso, é um pária para si e para os outros. Filosoficamente falando o cromo deveria ser um metal tão nobre quanto o ouro é hoje, laminado por fora, frágil por dentro. Até que entendo o porque da lírica tornar veredas tão sinuosas que abstraiam o real sentido das palavras e reflitam nada mais do que liras ao invés dos focos de luz que a cobertura metálica arrasta consigo.
Na proselitista filosofia do amor, não há fiéis que não façam autoflagelação, cobrem de ouro as amantes, mas esquecem a importância de ter um espírito de cromo, e no fim de todas as coisas, nada mais lhes caem do que os louros corrosivos da ferrugem do amor ultrapassado. Moldado a esse tempo, digo que agora penso da forma como desejo ao pequeno fio de cromo que escoa pela dialética da própria vida.
Não sei se me fiz entender, textos filosóficos são tão longos e tão cheios da falta de sentido que atraem o leitor de tamanha forma que chega a causar até uma grande repulsa, devo dizer que antes que me digam algo, falo em nome de mim e de minha escrita, que eu gosto de brincar com as palavras tanto quanto gostava de brincar com dialética indecorosa do amor, e talvez seja por isso que eu pense ser mais do que um simples gramático, afinal de conta a ferrugem das palavras não afetam xistosos espíritos cobertos com a face espelhada do clarividente cromo do passado.
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