terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Prêmio à Cosmopolita

Nessa cidade desalmada
De mente feroz
E alma odiada
Se esconde uma voz


Nessa selva de pedra
No meio da savana
Segue em caravana
Para missa na capela

Cidade incomum
Jóia do deserto
Do Planalto Central

Nesse vale de lágrimas
Cai do céu garoa fina
Tão rala que nada germina

Nem mesmo a chama
Que arde sem doer

Essa alegria descontente
Que se faz presente
Bate no peito

E me deixa sem jeito
Nessa pradaria tropical

Odeio-te Brasília
Odeio-te Esperança
Maldita cidade
Maldita infelicidade


Foi aqui que eu cresci
Foi aqui que me apaixonei
Várias vezes pelas obras do Niemeyer
E me desapaixonei outra vez

As curvas singelas
As pequenas passarelas
As tesourinhas que alagam
As ruas sem esquina

Eu te odeio  Brasília

Foi aqui que me apaixonei
Tive esperança
Cresci na modernidade
De boa bonança


Estive nos seus prédios
Andei nas suas ruas
Sem nunca dizer:
Eu sou feliz

Não à cidade cósmica
Cosmopolita de nome
Retirada de toda a graça
De ter um coração

As pessoas passam
Eu não as escuto
Apenas passam
Um período curto

Fria e singela
Essa é Brasília
Linda de nome
Cosmopolita de sobrenome.

Eu te odeio, Brasília

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