Nessa cidade desalmada
De mente feroz
E alma odiada
Se esconde uma voz
Nessa selva de pedra
No meio da savana
Segue em caravana
Para missa na capela
Cidade incomum
Jóia do deserto
Do Planalto Central
Nesse vale de lágrimas
Cai do céu garoa fina
Tão rala que nada germina
Nem mesmo a chama
Que arde sem doer
Essa alegria descontente
Que se faz presente
Bate no peito
E me deixa sem jeito
Nessa pradaria tropical
Odeio-te Brasília
Odeio-te Esperança
Maldita cidade
Maldita infelicidade
Foi aqui que eu cresci
Foi aqui que me apaixonei
Várias vezes pelas obras do Niemeyer
E me desapaixonei outra vez
As curvas singelas
As pequenas passarelas
As tesourinhas que alagam
As ruas sem esquina
Eu te odeio Brasília
Foi aqui que me apaixonei
Tive esperança
Cresci na modernidade
De boa bonança
Estive nos seus prédios
Andei nas suas ruas
Sem nunca dizer:
Eu sou feliz
Não à cidade cósmica
Cosmopolita de nome
Retirada de toda a graça
De ter um coração
As pessoas passam
Eu não as escuto
Apenas passam
Um período curto
Fria e singela
Essa é Brasília
Linda de nome
Cosmopolita de sobrenome.
Eu te odeio, Brasília
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
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