sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

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Sustenido

        Na música o sustenido significa o semitom de uma nota, um levante de uma corda. Ao contrário do bemol, o sustenido tem um nome mais melódico e mais bonito.

      Sustenido me faz pensar em comprimido, suprimido, tal como penso quando fico deprimido. Nada é mais triste do que se sentir sozinho na noite e não ter nada, nem ninguém para te distrair. Você olha para a janela, para o horizonte cheio de arranha-céus e nenhuma estrela, nenhuma lua consegue ver no céu.

      A iluminação fraca da rua, as pessoas voltando bêbadas para casa, tudo tão melancólico. É então que você liga o seu rádio e tenta se distrair com algum som, alguma canção. Fá sustenido, bemol, mi em oitava. Nada é mais triste do que um amor perdido.

     Você deseja ouvir ao pé do ouvido uma doce canção, uma melodia piegas, mas tudo o que houve é o vazio da noite, o silêncio do asfalto e do concreto nas casas, um mortal coro taciturno que adentra a sua alma e comprime o seu peito, sufocando-lhe no travesseiro.

    A vida sem a música seria um erro, Nietzsche mesmo dizia, mas o próprio sustenido já não é um erro musical, um acidente desvairado, tal como o lampejo do coração?

    A música exala pelo ouvido adentra o corpo e faz bater mais forte o peito. Um amor suprimido levanta-se e faz com o coração bata no mesmo ritmo da canção, seja valsa ou bolero. Não há muito o que se entender, mas um coração apaixonado tem um pouco de musical.

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