quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

As palavras não traduzem mais

      As palavras não mais traduzem mais o que o sinto; Os dias não são mais claros que as noites, o calor não aquece tanto quanto o frio, a fome vem, e eu ignoro. Não tenho vontade de mais nada, nem de ler, nem de ver um filme, nada.

     Os livros não me entrentem mais do que deveriam, as aulas se despiram de toda a graça que deveriam ter, não quero mais debater Marx, falar de Roma, ou brincar de contar besteiras. Não quero mais sorrir, não quero mais me alegrar.

     Também não quero chorar, não quero ficar parado. Quero ficar assim, sem demonstrar nada, frio, azul, calado. Nada mais, nada menos. O trabalho me salvou, salvou algo que precisava ser salvo, o meu espírito de trabalho, mas é só, ele não me diverte, nem deve me divertir.

     Eu não quero me divertir, eu não quero falar, eu quero  chorar. Eu não quero nada, nem mesmo morrer eu quero. Não preciso de nada, e mesmo que precisasse eu não iria querer.

     A Humanidade é podre por natureza, é suja, putrefata  ignóbil,  inútil e estúpida, mas mais do que isso é arrogante. Um dia pensei que podia fazer a diferença, um dia acreditei que ela podia melhorar, mas não ela é isso e nunca vai mudar. Não vejo mais porquê mudá-la, nem mesmo forças para isso.

     Não tenho mais prazer no que fazia, não tenho mais carinho pelas coisas que eu amava.

     Mas pior que tudo isso, eu não quero mais escrever, eu não quero mais martelar as teclas e dizer tudo o que eu penso. Acho que vou fechar essa coisa, parar de escrever, não vejo mais como palavras podem traduzir tudo aquilo que sinto ou o que eu acho. É o fim disso, não sou mais o que sou, nem sou a sombra do que já fui. Eu sou nada, uma desilusão desvairada em formas humanas, sem rosto e sem cara.

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