domingo, 27 de novembro de 2011

Os herois do Mar

"Heróis do Mar
Nobre povo
Nação valente
E Imortal"
(A Portuguesa: Hino Nacional Português)
"Quem com ferro fere, com ferro será ferido"
(Angolanos sobre Portugal)
"O Brasil deveria anexar Portugal como província"
(Financial Times outra vez fazendo piadas sem graça)

       A despeito do humor aqui posto a situação, eu devo afirmar que tenho sim preocupações a cerca da situação social de Portugal, afinal de contas, de qualquer modo, o sangue português corre em minhas veias,e eu já vivi em Portugal algum tempo.

      A questão é que Portugal consumiu-se em uma crise econômica e social tão grande, mais tão grande, que até a piada (sem graça) da Financial Times é mais verossímil hoje do que a História de que Pedro Alvares Cabral, navegador português perdido, acabou caindo no Brasil, e iniciou a colonização do Brasil.
Ora, mas veja, meu rapaz, eu estava a contornar a costa da Africa, mas aí, de repente me vejo a cá no Brasil...


      A questão é quem em Portugal não houve o estouro da Bolsa, até porque a Bolsa portuguesa nunca foi uma das mais fortes do mundo (foi mal, mas sou sincero), a atividade bancária portuguesa é limitada, e industrial... bem, faltam industrias em Portugal.

       Saramago chegou uma vez a brincar que Portugal e Espanha são os países da África mais ao sul da Europa.

       Portugal já foi um dos países mais ricos da Europa, já foi mais rico que a Inglaterra (que a Alemanha não, pois ela sequer existia), contudo devido ao fato de que Portugal acabou entrando em falência em sua administração no final do período colonial, em decorrência de  guerras com a sua maior parceira (a Holanda) em decorrência da União Ibérica, e da expulsão dos negociantes judeus do território português por pressões religiosas (daí saiu o tronco judaico da minha família que seguiu para Recife com os primeiros judeus da América).
Dom Isaac Abravanel, era o ministro de Finanças em Portugal, que com a expulsão do povo judeu em Portugal, acabou rejeitando a proposta do rei de continuar em Lisboa e preferiu seguir com o seu povo para outra terra, onde acabou sendo recebido pelo sultão otomano e estabeleceu uma colônia judaica no Mediterrâneo Oriental, reza a lenda que Senor Abravanel, aka Silvio Santos, seja seu descendente. Em todo caso, Portugal perdeu muito com essa estupidez.

       Portugal em todo caso, não conseeguiu acompanhar o desenvolvimento de França e Inglaterra nesse período, não esboçou grandes esforços em manufaturas e maquinofaturas, não fez piratarias, e ainda se viu preso a sustentar a Igreja e uma nobreza vagabunda, mas acabava lucrando com a exploração de terras como o Brasil e do mercado de escravos na África.

      O pior disso tudo foi a assinatura do tratado de Metheu, em que Portugal e Inglaterra retiravam as aliquotas alfandegárias dos seguintes produtos: Tecidos (aos quais a Inglaterra era a maior produtora mundial na época, afinal ela já havia desenvolvido a tecelagem) e Vinho do Porto (que Portugal até se destacava, mas esse produto não é tão forte assim, sejamos francos).
Não foi uma escolha inteligente


       Com o Tratado de Metheu, produtos ingleses entraram em massa em Portugal, sem muito controle da  balança comercial, Portugal começou a desequilibrar sua balança alfandegária (devido a má administração mesmo) e acabou aos poucos ficando dependente da Inglaterra, sem sequer ter desenvolvido atividade industrial em suas terras, é o início da decadência de Portugal.

      Brasil também era dependente da Inglaterra nessa época, mas se formos considerar que Portugal entrou na Primeira Guerra Mundial sob pressão da Inglaterra, vemos que Portugal era mais dependente. Afinal de contas, nessa época, Portugal acabou virando um dos países mais pobres da Europa, pois sua atividade principal agora era a extração de recursos de colônias (que não mais davam tantos lucros assim), pesca, azeite e vinho, a indústria não tinha se desenvolvido com força.

Portugal entra na guerra

      O Brasil por outro lado vendeu muito de borracha, café, suprimentos e até armamentos (ruins, mas vendeu) aos beligerantes.

       No Brasil, a industria não era tão forte assim, mas a industrialização já havia dado um surto com o Barão de Mauá ainda no período Imperial e agora crescia a ritmo mais sólido em São Paulo e Rio de Janeiro, graças, em parte, aos barões do Café que começaram a financiar alguns empreendimentos e a empresários como Francesco Matarazzo (a família Matarazzo até hoje é proeminente, são quase os Rockefeller do Brasil).

Conde Francesco Matarazzo, mesmo ele sendo um burguês esse carinha foi importante para a industrialização de São Paulo, muitos não sabem, mas o atual senador Suplicy é um dos seus descendentes

      

           Portugal vivenciou a entrada de uma Ditadura encabeçada pelo General Camorra aos fins da decada de 20 e Brasil em 1930 entrou na Era Vargas. Salazar assume Portugal por essa época, e empreende um programa fascista no seu governo, baseado naquela babaquicie de Familia, Trabalho e Igreja.


       Vargas fez também um governo fascista, mas também populista, ele empreendeu uma intervenção estatal da Economia, e quando o Brasil vivenciava a crise do Café, mandou queimar os estoques de café para inflacionar o produto (que era a base de produção do Brasil), empreendeu uma legislação trabalhista que até hoje existe.
Pra quê isso? Queimar café!

         Salazar não fez isso.

        O Brasil  deixou de ser dependente da Inglaterra para virar dos Estados Unidos.

         Os dois apoiaram o Eixo, mas por pressão de FDR, Vargas acabou entrando em guerra contra o Eixo em 1943, financiando atividades de guerra, recebendo armamentos e vendendo muita borracha para os Estados Unidos.
Roosevelt, de Panamá, na frente virado para o sorridente Ditador Vargas


        Portugal se manteve neutra até o final, e ajudou os Aliados só na questão da base aérea dos Açores, e quando Hitler morreu, Salazar decretou luto oficial de três dias.


Note a tristeza de Salazar ao saber da morte de Adolfinho!

        Brasil começou a receber investimentos em massa dos Estados Unidos (afinal foi um importante parceiro na guerra, principalmente na Batalha de Monte Castelo na Itália) enquanto Portugal recebeu tímidos investimentos do Plano Marshall.
Juntos, Brasileiros e Poloneses se ferrando  numa das piores batalhas da Itália

      No Brasil, a Ditadura caiu, em Portugal continuou.

     No Brasil, Vargas volta ao poder eleito e se torna populista, empreende reformas industriais, começa a fazer nacionalizações, como criar a Petrobrás, ou fortalecer a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) que ele criou na Segunda Guerra, e a indústria cresce no Brasil.
A CSN em atividade


     Portugal tem sua atividade industrial virtualmente estagnada.

      Vargas se matou em 1954, Salazar continua vivo, com a morte de Vargas, um elemento apoiado pelos populistas é eleito, Juscelino Kubistchek, e empreende um movimento desenvolvimentista.

     JK incentiva às indústrias estrangeiras se instalarem no Brasil (como a Volkswagen), tenta trazer o desenvolvimento ao interior, tanto que transfere a Capital do Litoral (Rio de Janeiro) para o interior (Brasília), corta o país com estradas.

"Agora temos fusquinhas!"

      JK endivída o país, esquece do fator social, e sequer liga para os trabalhadores descamisados, ele não pensa no fator social, tanto que nessa época surgem as favelas. A construção de Brasília levou a um aumento desgraçado da dívida pública e o Brasil se endividou com os EUA e a corrupção começa a dar as caras.

        Portugal continua em seu esquecimento, mas pelo menos pode se alegrar que Carmem Miranda era portuguesa (que acabou virando brasileira).

Você achou mesmo que ela era brazuca!

       O populismo no Brasil começa a falir, tanto que 1964, com um golpe militar, auxiliado pela a CIA, o Exército Brasileiro instala a Ditadura.

        Salazar continua vivo, mas já tá ficando caduco e no final da década de 60 acaba tendo um AVC e morre.

         O governo militar no Brasil começa a desencadear um morticínio, repressões e prisões, muitos brasileiros vão ao exílio, levantes sociais são contidos, o Brasil vira um Estado Policial.
Ninguém tem notícias desse camarada até hoje!
        Portugal, o governo militar de Marcelo Caetano começa a ficar impopular, as colônias portuguesas começam a pedir independência, mas acabam sendo duramente oprimidas. O povo português mobiliza os soldados dos Exército e desencadeia-se uma Revolução, a Revolução dos Cravos, Marcelo Caetano vem ao Brasil em 1974.
Vai me dizer que nunca se perguntou o porquê desse nome?


        Portugal perde todas as suas colônias em 1975, mas acaba entrando logo depois na União Européia, onde começa a assistir algum desenvolvimento industrial, mas sua atividade primária continua sendo a pesca, o turismo, a produção de azeite e vinho.

        Portugal assiste reformas sociais pereptíveis, o Brasil tem liberdades cerceadas, há uma disparidade social gritante, a legislação trabalhista é engessada e greves são proibidas.

       No Brasil, contudo, mesmo o período militar sendo nefasto, assiste-se uma industrialização intensa, as indústrias começaram a se desenvolver com o protecionismo do Governo Militar e o Brasil assiste o Milagre Brasileiro, até a Crise do Petróleo.

Itaipu é o marco dessa época


       Portugal também assiste a Crise do Petróleo, mas diferentemente do Brasil, não passa uma década em crise.

       Em decorrência da falência do governo militar, em 1985 os militares deixam o poder e em 1988 é feita uma Assembleia Constituinte (que vigor até hoje) e 1989 são proclamadas novas eleições... O Brasil assiste nesse intervalo três crises inflacionárias absurdas (Com inflação de 340% ao mês), em 1992 um presidente é retirado pelo poder (coincidentemente o primeiro eleito), por corrupção, Collor, e o Brasil vivencia uma crise tão forte, que começa a fechar fábricas e proliferar o desemprego.

       Portugal continua a crescer, a ritmo pequeno e mediano, mas crescendo.

       Brasil, é divulgado um plano econômico ambicioso que acabou resultando no Plano Real, que acabou estabilizando a economia, o Brasil observa uma grande linha de privatizações de empresas estatais, gerando um número ímpar de desemprego e muito trabalhadores migraram para o mercado informal.

Isso num país com 500% de inflação é muita ambição!

        Em 2002, Portugal adota o Euro. Em 2002, ascende um operário como presidente no Brasil.

        Em 2002 assiste-se uma delicada crise econômica perpetrada por alguns investidores e especuladores que acaba deixando delicada a posição política do Brasil, mas com o tempo a economia começa a crescer, a 4% ao ano.

         Depois de 30 anos, os trabalhadores começam a ter alguns direitos garantidos, o governo de caráter semi-populista, instaura medidas assistencialistas.

         Portugal, mesmo não tendo um parque industrial forte, tem sólida a sua economia no bloco europeu, vivendo basicamente do turismo, da pesca, da produção de azeite e vinhos, e dos recursos que alguns portugueses arrecadaram trabalhando em outros países da Europa, Portugal tem indíces altos de IDH.

        Em 2008 enclode um bolsão econômico nos Estados Unidos, as bolsas de valores despencam, os EUA entram em recessão, e junto com eles meio mundo.
Oh! My God!

        O Brasil, que sempre teve uma caráter protecionista de sua economia, liberou medidas de incentivo ao crédito, de forma que o mercado interno impulsione o país sem ter os efeitos da crise.

        Portugal confiou muito no seu taco, e não deslanchou nenhuma dessas medidas, aumentou muito os gastos públicos, e sequer se importou com seus cidadãos, em 2011, com a crise na Grécia, Portugal caiu junto.

Levantem-se, camaradas portugueses, não deixeis que tal ignonímia consuma seus empregos e seus direitros! Levantem-se!

        Por que Portugal caiu?

  1. Má administração pública (José Socrates devia ter se importado mais com o fator social e as contas públicas ao invés de ter se vendido ao capital externo);
  2. Portugal quase não ter indústrias;
  3. Portugal depender da venda de produtos como azeite e vinho e pesca. Embora o vinho português seja bom, o azeite seja de qualidade boa (o grego é melhor) e o bacalhau ter fama (eu não gosto de bacalhau) quem pensará em comprar essas coisas quando tem os seus empregos ameaçados, preferir-se-á os produtos mais baratos e nacionais.
  4. Portugal ser basicamente voltado para o turismo; Tirando o fato que Portugal tem lindas praias  na Europa (Embora as de Montenegro ou do Sul da Grécia e Itália sejam mais bonitas), ter iniciado as Grandes Navegações e ter feito parte da Reconquista (Turismo Histórico), ter tido uma Eurocopa (Turismo de Futebol) e uma santa, Nossa Senhora de Fátima (Turismo Religioso), Portugal não tem tradição turistíca para concorrer com a Grécia, e afinal de contas, quem vai viajar no meio de uma crise, sem ter certeza que vai ter seu emprego garantido.
  5. Viver em função da União Europeia. Qualquer coisa que acontece, Portugal já treme

Qual a solução?


SOCIALISMO!

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