O silêncio paira entre nós, somos taciturnos e não queremos pensar em outras coisas. Eu a olho, você sorri, não entendo porquê, mas eu acabo sorrindo também. É um sorriso franco, sem qualquer malícia, um sorriso que conquista até o mais duro dos caxias.
É um sorriso sem malícia que sem querer me deixa mais vulnerável e mais feliz, que me conquista dia a dia, assim como há de conquistar-me no futuro como me conquistou no passado. Às vezes o seu sorriso era vermelho, vermelho de vergonha, você sorria por se sentir desconfortável pelo que eu falava, mesmo assim sorria.
Eu desconfiava que esse sorriso fosse dirigido ao que eu sou, mas depois percebi que não era, você sorria de toda a situação. Devia estar sorrido do modo desastrado em que lhe narrava uma lira, mas nem tinha coragem de seguir mais em frente, de como eu acariciava o seu rosto e beijava sua testa, e você talvez não pudesse me retribuir o mesmo gesto. Você ria das formalidades com as quais me prendia, o rigor de uma situação romântica na qual eu lutava comigo mesmo para ser mais afetuoso do que eu era, acho que você sorria de tudo isso.
Talvez eu seja a esfinge ou a sua fênix metafórica, que ressurge sempre das cinza, que sobrevive às adversidades, talvez eu não seja. Talvez não fosse a mim que você dirigia suas palavras e fosse a outro, e por erro meu, interpretei como sendo para mim. Não foi fácil pensar assim, o silêncio entre nós me cegou e até hoje eu não sei se você ainda me ama, se é que um dia me amou.
Você me ama? Nunca te perguntei isso. Sim ou não? Você sente algo por mim? Algo que não seja pena nem amizade, eu sou vazio sem você, essa é a verdade. Não que eu a culpe por eu ser vazio ou ser solitário, em verdade isso sou desde que nasci, mas eu me sinto completo quando estou contigo.
Você disse que no seu interior você é tímida, a timidez não é privilégio só seu, eu também bem no fundo também sou, e nesse aspecto talvez combinamos. Temos nossas diferenças, sim é verdade, e sou feliz por a termos, pois só assim poderemos ser mais do que a soma de ambos.
É tem, dias que eu estou meio infeliz, outros que sou esperançoso, ninguém pode dizer que sou definível, assim como ninguém conseguirá definir você, veja só, apenas o seu sorriso já me trouxe esse enigma! Quem é a esfinge agora? Eu não sei. Só sei que a amo e quero que seja feliz. Cuide-se, minha querida, desejo-lhe todo afeto e carinho do mundo.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
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