sábado, 9 de fevereiro de 2013

O candelabro (conto)

       Um candelabro pode ser uma coisa tão obsoleta passados quase 150 anos da invenção da lâmpada, é obsoleto mesmo, parando para pensar. Basta um clique para que a luz acenda quase instantaneamente e se apague se necessário. A lâmpada ilumina mais, não nos trás perigos de incêndios e ainda podem fazer parte da decoração da casa.

      Mas eu sempre tive uma admiração por candelabros, não que eu fosse piromaníaco como Nero, nada disso. Eu sempre acreditei que essas peças carregavam um pouco dos traços de seus donos, é claro que eu posso estar errado, mas toda a vez que vejo um candelabro feito de prata em Art Noveau eu paro para ver e admirá-lo.

     No entanto, esse não era um candelabro comum, embora a sua armação fosse feita toda em latão. Era um candelabro pesado com uma inscrição em uma língua estranha na base elíptica de sua formação, sobre essa base tranças se desenrolavam num filete metálico no centro e desse tronco emanavam galhos semi-circulares em seu todo, ate que em suas hastes xistosas piras se desenrolassem como cálices sagrados.

     O candelabro era realmente muito bonito embora estivesse um pouco desgastado. Ele era todo dourado, uma preciosidade de certo, que controlava de maneira adequada o fogo das velas. Uma uma elas eram acendidas a partir de uma fixa na extrema direita da armação. Eram sete velas ao todo, tal como as sete piras que se prolongavam sobre a armação.

     Aquele pequeno candelabro não era só uma antiguidade que se pagava de portadora de luz ocasionalmente, ela carregava algo em si, um simbolismo, como se a sua chama fosse divina. Sim, creio que não entendam como o fogo pode ser divino, tal destruidor e tão implacável, mas esse parecia ser purificador, carregava uma religiosidade em si, embora não fosse um ídolo, ou fosse cultuado como sendo.

      Havia uma história sobre esse candelabro, um significado, de um povo religioso que sofreu por anos com a opressão dos povos, mas que se mantinha de pé, firme e forte, tal como a chama que emanava das velas e era ameaçada pelo vento que adentrava pela porta.

      Forjado no calor do fogo, aquele candelabro terminava não sendo um candelabro, mas um símbolo de resistência, de uma cultura, um valor por excelência. Talvez um valor da paz? Eu espero que sim, mas sobretudo de esperança. É por isso que ele carrega um significado, é por isso que ele não é só um candelabro, é uma Menorá e acabe sendo usado todos os finais de semana como mostra de esperança. 18:18, hora de meditar.

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