Um cristal é uma pedra lívida de formato costumeiramente assaz, às vezes lapidada, outras vezes não cujo brilho e essência correm aos olhos sinuosas formas de cores e de matizes, afinal de contas, um cristal é uma pedra cuja raridade não pode ser quantificada por fatos numéricos, tendo em vista que cada cristal é diferente do outro.
A despeito do teor específico do cristal, cada um de nós chama de cristal de cristal, para fins didáticos, obviamente, pois uma pedra de quartzo é diferente de lápis-lazuli, ou mesmo uma pedra de amentisa. De modo geral, a despeito do teor diverso, comparam-se as pedras principais do todo arsenal de espeleologia de modo que o hobby se mantém em relação a essas estruturas minerais.
Minerais, minerais não podem ser cozidos, processados de forma profundamente indelicada, ou mesmo pensados como meras estruturas de carvão ou variações de silicato, não, mais do que isso são minerais.
E por que um cristal? Um cristal é ele por si mesmo, nós que damos valor a uma estrutura de forma tão incomum de maneira autoritária. Digo, a pedra continuaria a existir mesmo se não a chamássemos de pedra, afinal é uma pedra; Isso é um domínio da linguagem que nós absorvemos ao qualificar um objeto com um nome, que nos foi dado a partir do repasse de informações na infância;
Mas o cristal quando se quebra, forma-se em mil pedaços, diferentes cada um de si, rompendo a coesão existente no interior da estrutura física, as relações subatômicas, as pontes de ligação e outras formas de coesão são desfeitas, e mesmo um experiente colecionador de minerais, imbuído de uma solução como cola, nunca conseguirá remontar 100 % a coesão que existia antes do mineral ser partido.
Fato dito, nem o cristal, nem o homem serão os mesmos depois do acontecido, é um divisor de águas para o cristal, uma travessia do Rubicão, enquanto para o homem sempre será apenas um engodo por perder uma pedra tão preciosa. Um cristal quebrado é algo que não se recupera.
Assim são os nossos erros, nossas falhas ou mesmo amores perdidos. Nada tem realmente uma volta em si mesmo, pois a História não é cíclica no sentido de haver repetições, ela não se gere por ciclos de um imenso e intenso retorno ao que foi no passado, senão, não haveria necessidade de haver História. O ato, a ação constitui um cristal que é rompido todas as vezes que optamos por uma ação e não há como voltar ao passado.
Desse modo tudo que se passou foi um cristal que se quebrou.
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