terça-feira, 9 de agosto de 2011

"The only thing we have to fear is the fear itself..."

      Em meio a uma crise econômica catastrófica de grandes dimensões mundiais, com o frio, a fome e o desespero batendo à porta do cidadão comum, com a violência corroendo o mundo em um composto fervil de cáustica enfurecida, surge uma voz fraca e inspiradora no meio do centro do maior poder do mundo.

      Escoltado por uma legião de guardas gregorianos, em paletós mal costurados e chapéus de mafiosos, uma figura semi-cadavérica, cambaleante em meio a tantos, seguia escoltada, em direção a uma multidão ansiosa por mudanças, e em cima da bancada do Capitólio, jurava a uma bandeira da liberdade e da democracia, tão ofuscadas naqueles tempos difíceis.
Oh! Meu Deus! O que devemos fazer? (OMG! What we have to do?)


        Milhões de pessoas passavam fome, todos os bancos haviam caído na bancarrota, e as perspectivas eram das mais sombrias para a indústria e a agricultura. Mas o velho cadavérico não deixou tremer suas cadeiras, não pensou nas irresponsabilidades de seus antecessores e apenas olhava para frente com uma visão de profeta.

          Sabia que não seria fácil, sabia que não fora à toa que saíra do seu estado natal para ter tamanha projeção internacional, mas sequer aquele homem tremeu ao olhar desesperado de investidores inconsequentes e trabalhadores famélicos; aquele homem iria entrar para a história.

        Ele ajudou os americanos a recuperarem a fé, levando esperança com sua promessa de ação rápida e vigorosa, afirmando em seu discurso de posse: "A única coisa que devemos temer é o medo".

       Era a voz da esperança, o cavaleiro da vontade, ele o ex-governador de New York, ligado aos aristocratas e banqueiros da Costa Leste que mudaria o mundo com um novo e ambicioso plano, o New Deal, esse era Franklin Delano Roosevelt.


       Era uma fígura proeminente antes mesmo de ter nascido, era sobrinho logo de cara do presidente Theodore Roosevelt (Teddy) e parente distante de James Monroe; Era rico, sim ele era um homem muito rico, mas nem por isso era odiável, afinal talvez tenha sido a pessoa mais amável de seu tempo. Sabia de sua limitações, mal conseguia andar dez metros sozinho sem que lhe trouxessem uma cadeira de rodas ou uma escolta - maldita, poliomelite! Que doença nefasta limitou os movimentos de um filho tão pródigo de sua terra mãe.

          Roosevelt era um homem de ação, sabia que não podia perder tempo, acatou quase todas as ideias absurdas de um economista alcoolatra e bissexual, de nome engraçado, Mayrand Keynes, e teve a astucia de trazer assistência aos mais pobres e mais reponsabilidade aos ricos. Esse era um homem de visão.

        Foi então que Roosevelt respondeu com impostos mais elevados sobre os ricos, controles sobre os bancos e empresas de utilidade pública, um enorme programa de ajuda para os desempregados e um novo programa de reformas: o seguro social.

Ao trabalho! Ao trabalho, minha gente! Não há tempo pra descansar! (Pôster do New Deal)


          Não fora a toa que  foi reeleito por elevada margem de votos em 1936, 1940 e 1944, sendo o presidente que governou por mais tempo os EUA.

           Ele, em menos de dois anos de mandato, já era um dos homens mais admirados e respeitados de todo o mundo, por sua força de vontade e perseverância.

       Mesmo com um fôlego retumbante no quadro internacional, a tirania e a opressão se alastraram como uma praga na Europa, como no resto do mundo, e logo um "engraçadinho" de chapinha emo de lado e bigodinho pitoresco (parecia mais um cover de Chaplin do que um governante), ascendeu como um assombro nas antigas planícies germânicas do  ressurgido Império Alemão. Seu nome era Hitler, e ele se tornaria o crápula que causaria cerca de 33 milhões de mortes em todo o mundo.
Esse olhar para o mundo não enganava ninguém! Chaplin avisou!

           Roosevelt era um amante da paz, à sua maneira é claro, deixou bem claro que não desejava o envolvimento do seu país em mais um joguinho de War e sabia que Hitler não era confiável; nunca pessoas tão diferentes nasceram em épocas tão semelhantes!

         Ele  ficava estupefato com o avanço de passo de ganso de soldados gritando "Sieg Heil!" em províncias e territórios antes tão pacíficos e tão insignificantes, mas ficava mais assombrado com as conceções estúpidas que os ingleses e franceses faziam a um herdeiro legítimo de Gêngis Khan. Hitler tomara a Áustria, com sua valsa e as loirinhas de cabelos trançados, tomara a Boêmia e os Sudetos, com sua cerveja e seus vilarejos impronunciáveis e agora avançava em direção ao leste, em busca da vodca e de destruição.

           Roosevelt era ágil, apesar do que digam, embora tivesse poderes limitados; não poderia envolver-se em assuntos externos sem apoio dos congressistas, mas em todo caso enviou uma carta apaixonada ao Führer da Alemanha pedindo que não houvessem violações territoriais em determinados pontos da Europa e da Ásia para salvaguardar a paz mundial.

         Hitler, como sempre um estúpido egograta, troçou da carta de paz aos seus compatriotas fanáticos, mas vozes ecoantes na Europa afirmavam com força a iniciativa do presidente, como Viatcheslav Molotov, Comissário do Povo de Relações Exteriores da URSS, que disse: "Nós, cidadãos da União Soviética, a fim de salvaguardar a paz apoiamos a iniciativa do senhor quanto às questões territoriais da Europa".

        O esforço de FDR foi em vão, os alemães, sempre tão insanos em questões militares, iniciaram uma nova partida de War na Polônia com os ingleses e franceses, era o início da Segunda Guerra Mundial.

Isso não ia dar certo, Omsk e Vladivostok acabaram vencendo!



          Fora FDR quem mobilizara um exército e uma marinha estupefantes, fora FDR que que reestruturara um país consumido pelas cinzas como a uma fênix, fora FDR que trouxe a vitória aos EUA na Segunda Guerra Mundial, sem FDR os EUA nem de perto seriam o que são hoje. Americanos, yankees imperialistas, relembrem o gigante dentre voz que lhes trouxe a glória por um século em meio às grandes nações.

         Tragam flores ao descansante líder enquanto relembram os tempos difíceis em que seus avós eram consumidos. Lembrem-se de Franklin Roosevelt, o homem que mudou o mundo com tão pouco em tão pouco tempo.
RIP, my dear president! You inspire us with your courage.




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