segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Fim da sangria nas dunas?

Hoje, dia 22 de agosto, vemos um dos maiores triunfos da Primavera Árabe. Hoje vemos forças pró-democracia derrubarem um nefasto ditador em auxilio dos cambaleantes burgueses ocidentais.

Tristonho, eu? Óbvio que não, mesmo tendo sido esse movimento contra Muammar Kaddafi sendo abraçado com aspereza pela burguesia ocidental, traz-me muita felicidade saber que o povo líbio fez sua escolha, mesmo que sanguinariamente, em prol do que acredita.

Se fudeu! MWHAHAHAHAA!!

É esse tipo de pessoa que devemos respeitar, acolher, mas não idealizar. O cidadão líbio levantou-se em prol da bandeira da democracia. Meus parabéns, felicito sua escolha.
Povo líbio

Mas não esqueçam vocês que na luta, sangue é derramado. Os mesmos rebeldes que lutam quase que fanaticamente por democracia, alimentaram por meio de saques a poderosa Indústria das Armas. Não foi bem culpa deles, precisavam se proteger, mas idealizá-los também é um erro.

Com o titilar das Kalashinikovas e AR-15 de segunda mão, achavam-se libertários e machos-alfa em cima de uma ordem antiga. Os mesmos homens que caminhavam pelos cantos advogando Democracia e gritando "Fora Kaddafi" no alto de suas Katyushas (lança-misseis barato) improvisadas, os mesmos homens que lutavam por liberdade, por emprego, por justiça, esses mesmo homens foram os que deram fuzis e metralhadoras a criancinhas em todo o escaldante deserto saariano.
Rebeldes líbios com Anna Kalashinikovas (AK-47) e Automatic Rifle 15 (AR -15)


Eu não quero desmerecer os rebeldes líbios, mas também eu não quero glorificá-los, a questão é que nessa guerra, o lado sempre arrebenta para os mais fracos; Os civis tiveram seus bens confiscados por ambos os lados, estiveram expostos  a um quantidade absurda de armas, e tiveram muitas vezes seus direitos violados.

Isso acontece em toda a Revolução, parece ser inevitável, mas eu imagino o povo líbio daqui seis anos, talvez sete (se o mundo não acabar em 2012!), olhando com profundo desprezo a sua vida difícil, cheia de problemas no meio de lugares insalubres, enquanto os líderes de hoje, possuintes do poder futuro, corroerem-se em meio à corrupção terceiro-mundista, aos cartéis,  trustes e opressão internacional dos mesmos que se dizem hoje amigos dos líbios.
Primavera de Praga (Não romantize uma sangria)


A Primavera me enche de esperanças e desesperos, tanto quanto a Primavera Hungara e de Praga, a Primavera líbia é uma voz por liberdade, por mudanças, mas eu temo que o resultado de tudo isso acabe sendo equiparável ao fiasco que acabou se tornando a Primavera Russa de 1991 e Iugoslava de 1992. Será que há algo para comemorar? Cabe à História (personificada em uma dona caquética, já meio encurvada, totalmente enrugada, surda, meio cegueta e de longos cabelos brancos) fazer seu julgamento.

O resultado da Primavera Russa (Que resultou no fim da URSS) foi incrivelmente desastroso nos dez primeiros anos, vide um presidente totalmente estúpido e alcoolatra como Boris Yetsin (em foto, bebâdo, como sempre)

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