quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Convulsões contemporâneas

 A Equação das convulsões contemporâneas é demonstrada por:

Depressão econômica + desemprego generalizado +  desilusão e uma morte = Mistura altamente reativa.

Londres, 5 de agosto de 2011.


A capital britânica



A dita "melhor polícia do mundo", a Scotland Yard (Pode ter certeza que o Sherlock Holmes está se revirando ao pensar nela no caixão), novamente de modo brutal executou a sangue frio um jovem imigrante dos surbúbios de Londres.


A história se repete? Será? Jovem famélicos por justiça e amparo governamental levantam-se nas fileiras estreitas de desempregados, para protestar pela morte de um cidadão inocente; o povo se levantou.

Manifestantes no alto de seus paus e pedras depredando tudo à sua frente.

Mas dúvido que sequer esses jovens, com paus e pedras, camisas no rosto, lembrem-se do brasileiro que ao ser confundido com terrorista acabou morrendo assassinado pela a mesma Scotland Yard, no tube (metrô) londrino. Pobre, Jean Charles, poucos se lembram de você, você que não fez nada e morreu por não fazer nada.
RIP, Jean Charles.

Desde a enclosão da mais recente e aterradora crise de 2008-9, o mundo pedia por mudanças. O mundo, perpetrado pelo neoliberalismo irresponsável do pós-Guerra Fria, encontrou-se no seu limite de espansão no modelo ganancioso dos investidores americanos. Uma bolha imobiliária implodiu e a econômia foi pros ares.

O mercado financeiro é igual um reator nuclear, sua energia (no caso a sua riqueza) é produzida através de constantes acidentes controlados que certamente poderiam apresentar um enorme perigo para o mundo como um todo. A bolsa, como uma usina, é um lugar arriscado, que a qualquer hora pode se acidentar com uma rachadura em seu casco econômico e produzir uma nova Chernobyl ou Fukushima, e é isso que aconteceu em 2008.

A dura e simples realidade
Como em Chernobyl, foi a irresponsbilidade dos administradores que fez desencadear o acidente estratosférico de 2008. Economistas embuídos da pura ignorância de Milton Friedman e Adam Smith concederam créditos a dar a vender sem se importarem em verificar as condições de pagamento, resultado: Calote!

Mas o que tem tudo isso a ver com os distúrbios londrinos de 2011? Eu pergunto: O que não tem a ver? Como a primavera arábe do início do ano, essa foi desencadeada pela a má administração dos recursos, pois findos quase três anos, o mundo antes dito "desenvolvido", ainda se vê cambaleante enquanto os emergentes ascendem com sua máxima força no cenário internacional.

A Inglaterra está no meio de tudo isso:

    O verdadeiro Uncle Sammy
  • Seu maior parceiro comercial, os Estados Unidos, ainda regugitam de dor pela crise em seu país ( e discussões infrutíferas e demagogas de ambos os partidos para os gastos do governo nos próximos três anos).
  • A União Européia, bloco de que os ingleses fazem parte, vê-se corroída pala crise de má-administração em seus países membros (primeiro os de terceira classe: Portugal, Grécia, Irlanda; depois os de segunda: Espanha e Itália) e o Euro se torna uma moeda cambaleante e dificil uso internacional. 
 
  • Uma das maiores taxas de desemprego desde a Grande Depressão, com as forças de trabalho, na maioria jovens, sendo maciçamente demitidas e substituídas por maquinárias e funcionários mais baratos.
  • Não mecha com os velhinhos!
  • Fim dos programas de seguridade social, como o aumento da data de aposentaria (a Grã-Bretanha é um país de velhinhos), redução da Bolsa-Universitária e redução das pensões de modo geral.
  • Uma família real que gasta milhões em um casamento tosco entre um principe cavalar e uma donzela saída dos contos de fada.
Sobre o ultimo tópico, muito me surpreende que os ingleses não tenham se revoltado antes:

Imaginem vocês  trabalhando incessantemente por quarenta horas semanais, lutando a cada dia pra sobreviver, morando em minúsculos flats em bairros periféricos, e todo o dia você seria obrigado a se dar de cara com o casamento em de um príncipe com uma princesa, sabendo que você irá pagar a conta do casamento milionário e que os sustentará pro resto da vida.

Imagine ainda que você ainda tenha que saber que os membros dessa família se veem sorridentes quando se lembram que não são eleitos pelo povo e mesmo assim recebem dinheiro por apenas abrir a cerimônia de abertura do Parlamento.
Eu não ficaria tão feliz assim. Depois de três anos ele  provavelmente estará traindo ela com a primeira puta paga que vir pela frente e ela vai pedir uma pensão milionária. Afinal, quem se importa? São os ingleses mesmo que estão pagando.
Eu já teria me revoltado há muito tempo. Os ingleses tiveram muita paciência com tudo isso e muito mais, porque ainda financiam uma guerra no Inferno na Terra (vide Afeganistão), sabendo que seus irmãos voltarão para casa mortos ou insandescidos com as atitudes contra o talebã.

A primavera árabe já tinha dado provas ao mundo Ocidental; Não adiantam discursos inflamados e inúteis, não adiantam eventos públicos inúteis, como casamentos reais, não adiantam conversas demagogas que levam a lugar nenhum ---- o que importa são as ações!

Os distúrbios de Londres só mostram o que os marxistas falam há anos; o povo mal-tratado, por longos períodos, se revolta e parte para a violência, a Luta de Classes.
Marx avisou.

Assim foi em Atenas, assim foi no Cairo, assim é na Líbia, assim é na Síria, assim agora é em Londres. Isso se expanhará por todo o mundo, coisas assim, com a propagação contínua da internet, expanhar-se-ão mais rápido ainda.

O perigo disso tudo são o grau de violência com que as coisas se desenvolveram. As massas se unem, se formam, mostram o seu lado mais selvagem, a massa não tem mente, só ações. Uma multidão comandada por líderes errados pode trazer desastre, por líderes certos, traz a Revolução!
OMG! O que faremos?


Na Europa, o que ocorre é que as massas estão sendo comandadas por pessoas erradas, terroristas da pior espécie, que apenas fazem arruaça por diversão, sem qualquer engajamento político, e são nessas manifestações de barbárie que pessoas morrem.

Além disso, na Europa, o movimento da estupidez anda marchando a passo de ganso, alastrando-se como uma praga no Velho Mundo. A Extrema Direita européia dá as suas caras agora, começa a se mostrar perversa: quer agora restringir a entrada de imigrantes e acaba alienando jovens desocupados no alto de ideologias ultrapassadas.

Foi culpa da Extrema-Direita, com o seu neonazismo nefasto implícito, que os atentados na Escandinávia aconteceram (quem imaginaria que aquilo aconteceria na Noruega? Logo na Noruega?). 



O demônio em pessoa, Anders Breivik, o carrasco da Noruega.
Anders Behring Breivik, no dia 22 de julho de 2011, promoveu a maior tragédia da História norueguesa desde a Segunda Guerra Mundial. Esse estúpido terrorista que se autoproclamava um "cruzado contra as hordas islâmicas" foi embuído de material ideológico dos mesmos grupos que hoje se escondem, com medo de serem taxados como fascistas.




A Noruega sangra, mas o perigo não termina. A estupidez nas mentes dos jovens europeus parece se alastrar como um virus no mundo; Os EUA agora vem-se cada vez mais guinados para a direita bushista (que causou toda a merda em que o mundo entrou), Israel cada vez mais se torna mais difícil de se lidar (mesmo eu sendo judeu, eu afirmo isso com convicção), a Espanha e França estão transpirando um direitismo impopular revoltante enquanto na Itália, um homem repugnante como Berlusconi continua de pé noe alto da sua roda de suas orgias e comentários infelizes.

A estupidez, esse é o maior perigo. É contra a estupidez que devemos nos levantar como cruzados da liberdade (eu raramente uso essa palavra por ser muito liberal), porque estupidez no poder é fascismo.



"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.  A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Charlie Chaplin
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!" (Charles Chaplin, O Grande Ditador)

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