sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sentimento inerte

        Incapaz, somente incapaz.

       É assim que eu me sinto e me descrevo. Não estou conseguindo conversar com você do jeito que eu queria. Nessa incapacidade fico cada vez mais complicado em mim mesmo de modo que volto a ser um imbecil e frígido que sempre fui ao não demonstrar as emoções que sinto bem no meu consciente;

       Estou te perdendo por ser eu mesmo, estou te perdendo. Esta é minha impressão. Na imbecilidade da minha longa solidão eu me bloqueio de tal maneira que começo a sentir novas vibrações tomarem a boca do meu estômago, será medo? Fragilidade? Ignorância?

       Às vezes tudo o que eu preciso é de um abraço apertado, um beijo molhado. Quando eu estou nervoso esse é o melhor remédio, mas sem ele fico pensando em fumar um novo cigarro. Ainda bem que parei, isso me fazia mal.

      Essa indecisão corrompe minha mente e desfaz as minhas virtude que acabam se esfarelando com o imenso vendaval que carrega a areia desse deserto emocional. Amar é arar o mar, pintar sobre o relento, gritar para um surdo.

     O silêncio descreve a aridez torpe que corrói toda a minha vida que de certa forma é vazia e asquerosa. Uma vida que é difícil de ser escrita e abandonada; crescente é o medo é verdade. Medo de perdê-la é algo presente, mas ando tendo medo é de ser dominado por esse estranho sentimento que é estar apaixonado de novo. Desvencilho-me de velhos sonhos que ainda possuo, mas os quais não tenho coragem de contar - Isso é errado; Afinal queria lhe contar mil coisas da minha vida, mas o silêncio é algo que parece tão imperativo que nenhum som saí da minha boca.

       Hoje algo me permite falar. Falar tudo que eu penso e faço, estou me sentindo bastante inseguro como se o terreno estivesse sido mudado e me sinto bastante estúpido por ficar desnorteado. Levado por minha inexperiência (ou melhor, minha experiência adversa) tenho às vezes medo de falar tudo o que eu sinto. Senti falta de mim mesmo quando não tomei a iniciativa de falar com você naquela hora, quando não te beijei como eu queria; Fico pensando se ainda continuo tão solteiro quanto antes, na realidade essa indecisão me faz sentir assim.

         Sim, estou só. Sempre fui meio sozinho no mundo; Você deve ter percebido isso quando me encontrou sozinho meditando sobre a vida naquele banco qualquer. Sou tão solitário que precisava de alguém para dividir os meus medos, um porto seguro, que você tão pacientemente anda sendo. Mas às vezes fico pensando que não consigo fugir da minha cortina de solidão quando estou perto de você.

         Fico me perguntando o que você viu em mi? Já que não sou tão belo quanto penso, nem tão inteligente e às vezes meio fadado à melancolia. Um incapaz sem ideias ou sentimentos; Um surdo-mudo que se esforça pra brincar com as palavras, mas não consegue dizer nada.

        Eu não estou sabendo agir, dizem que talvez eu me sinta tão machucado que não tenha total segurança para dividir a minha vida com outra pessoa. Não penso assim, afinal eu vivo sentindo sua falta e falo feito um colegial o quanto gosto de você; O problema que você convive de vez em quando com pessoas que me parecem repulsivas à primeira e também à segunda vista.

       Ando refletindo muito sobre isso, paro para pensar que você deve ter achado que o meu encanto deve ter desaparecido nessa semana que eu estive fora. É bem capaz, na realidade. Agora talvez você reconsidere o fato de ficar comigo, talvez perceba que eu não seja o melhor para você que existem pessoas mais interessantes, e muito menos inseguras, pois pareço estar cada vez mais carregado com a minha fragilidade por dentro do casaco pesado de tristezas e amarguras que costurei para mim mesmo.

        Também você pode reclamar o quanto sou reclamão, afinal conheci uma das mais belas e inteligentes moças que eu tive a oportunidade de conhecer e mesmo assim fico divagando um ensaio sobre a insegurança. Eu me sinto um chaveirosinho largado na gaveta do seu quarto ou me sinto dentro de um conto do Tchekhov no seu armário empoeirado, onde você seria a dama do cachorrinho e eu seria aquele infeliz que se apaixona terrivelmente por ela. Será que sou o cachorrinho dessa história?

         Estou me sentindo cada vez mais desconfortável com esse lugar. Estou partindo desse antro cada vez mais sórdido com uma fatia de esperança no peito, de voltar a te encontrar no Facebook, ou nesses corredores sem interferências dos seus amigos que deixam tudo mais complicado. Tenho a esperança que você também venha me beijar e que venha me abraçar quando achar que estou meio triste. Às vezes é tudo o que eu preciso e eu quero;

           No meu medo, eu estou ficando cada vez mais inerte. O suor frio seduz as linhas angulosas e esquálidas de meu corpo, afunda minha paciência e leva o pouco de humor que ainda tenho acumulado após tantos anos. Não quero nada além dos seus doces beijos e dos abraços, além de esquecer o estresse que se torna cada vez mais constante cada dia que eu não te vejo.

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