terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ode a Sócrates

             Eu sei que esse blog não se direciona a debater sobre o futebol, mas devemos entender que um jogador como Sócrates não só foi importante por seu futebol... Caraca! O cara era um gênio. Foi mal, Neymarzetes, mas aquele franguinho de crina estranha sequer chegará perto do que foi Sócrates!

            Sócrates foi um dos poucos caras a ter coragem de inserir política no futebol em plena Ditadura Militar!

            Sabemos muito bem que futebol no Brasil é religião desde tempos imemoráveis do século XX, que primeiramente era jogo de segunda classe para a elite, mas que depois se popularizou e virou  o que é hoje... Mas o que poucos sabem é o que vem a seguir:

           O Brasil durante a década de 60 foi um âmbito de pensamentos políticos na America Latina, a juventude era influente, a UNE era uma espécie de sindicato dos estudantes que era escutada em tudo que era canto, os ferroviários tinham poder, movimentos pró-reforma agrária surgem nesse período... O Brasil era o que a França é hoje.

            Entretanto, vem a Ditadura, o pessoal, na convulsão social e cultura que ronda o ano de 1968, começou a se rebelar contra o governo e a repressão partiu para cima, desaparecendo com alguns infelizes deixados à própria sorte, mandando fuzilá-los, expulsando a galerinha do Brasil, o Diabo estava a solta...

           Com o passar do tempo a consciência política do povo, das massas, acabou se transformando, e os fanatismos idelógicos passaram a se voltar para outro tipo de fanatismo: Futebol.

         Isso  mesmo, as grandes torcidas são dessa época, a Gaviões da Fiel, a Mancha Verde, esse pessoal todo de torcidas organizadas... E o governo? O governo deixou, o futebol se tornou um meio de liga social entre o proletariado, a burguesia e o governo militar... Era o ufanismo da Copa de 1970.

         Em todo caso, no Corinthians, em meados do ano de 1985, surge à tona as primeiras propostas públicas de... Abertura geral, irrestrita e imediata. Foi na platéia da Gaviões da Fiel que a primeira faixa com essa frase apareceu, no meio de um jogo.

         O governo não gostou muito... Mas gostou menos do que veio a seguir... A Democracia Corinthiana.

          A Democracia Corinthiana era um sistema autogestionário, no qual o voto de um jogador tinha o mesmo valor ao de um dirigente, de um faxineiro, e que do mesmo jeito influía em importância no time, essa proposta decidia que dentre os funcionários do time, decidiria-se por meio de eleições um representante para comandar o time... Isso é praticamente a raiz do Titoísmo, por exemplo.

          O governo não gostou nada disso, e a partir do aparato da imprensa, começou a falar mal a proposta da Democracia Corinthiana, atacando-a de tudo que é coisa (mas não de comunista, afinal, isso há muito tempo foi deixado de lado nos discursos).

          E quem era um dos líderes da Democracia Corinthiana? Sócrates

          O mesmo Sócrates da Copa de 1982! Esse Sócrates!

          Sim, Sócrates acabou tomando também um viês político ao futebol, tanto que acabou se envolvendo diretamente na campanha das Diretas Já, subindo inclusive em palanques para discursar... E por isso levou várias duras da polícia... As Diretas em si devem muito a Sócrates.

          Assim, eu decidi resumir em uma só imagem, não só uma, duas imagens simbolicadas para lembrarmos de Sócrates, o jogador.
Essa era a seleção de 82, com Sócrates segurando a bola, sentado, ao lado do assistente técnico da Seleção canarinho (o camarada de camisa branca)

E por fim,  o adeus...



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