sexta-feira, 3 de maio de 2013

Finis?

      Você que sequestrou o meu coração e não teve vergonha de pedir resgate, que o levou para longe e não fez questão de me devolvê-lo; Roubou meus sorrisos e levou meus suspiros, deixou-me sem palavras e brincou com esses ditos românticos sem graça.

     Depois, você pode ter sentido um pouco de culpa por ter escapado dessa ciranda ou mesmo feliz por ter  fugido do meu romantismo meloso de fundo de quintal. Roubou meus sorrisos e nem se deu ao trabalho em devolvê-los. Tanto faz, tanto fez.

      Você que me deixou pensando em você, que me fazia pronunciar o seu nome junto ao meu travesseiro no frio da noite, quando estava totalmente vulnerável e desprotegido. Você trouxe um estrago que me corroeu por dentro, mas sabia que isso uma hora tinha que acontecer.

       A parte boa desse processo é que me tornei bastante crítico com relação às coisas, a parte infeliz é que agora não posso confiar em você. Eu estou de pé novamente e não penso mais em você, nem mesmo nos porquês. Isso é algo que me deixa feliz até, não preciso mais me preocupar em andar conforme a corda e posso me deixar cair sem me preocupar com o picadeiro.

      Não olho para você com o mesmo carinho que sentia antes, mas também não com o mesmo ódio que um dia senti, foi algo importante, parando pra pensar, mas isso não me diverte nem um pouco. Você me trouxe inúmeros dessabores que não desejo mais sentir.

     Agora que tudo está terminado, pode devolver o meu coração? É sério, posso querer usá-lo para outros fins. Para virar um cinzeiro qualquer, apoio para a mesa ou mesmo terminar de fragmentá-lo com outra paixão superficial, os sorrisos nem cobro mais, eles voltaram naturalmente: Ficam melhores no meu rosto do que admirando sua foto do Facebook, que por sinal está bem bonita agora, onde foi que arranjou esse cabelo?  Eu lembro que você usava o cabelo curtinho.

       Não me importa, as palavras não tiveram vergonha em reaparecer, assim como o orgulho que nem um amor inconsequente como desses pode rachar o escudo de aço que rege toda a minha honra. Em todo o caso, tendo em vista que não sentimos nada um pelo o outro e que tudo passou, que tal me devolver o meu coração, tal como um livro que emprestamos a um amigo pilantra que nunca termina de ler, peço de volta aquilo que confiei a você.

      Não que você não tenha cuidado o quanto pode, mas eu decidi que eu prefiro cuidar de mim mesmo do que confiar algo tão precioso às outras pessoas. Como eu disse, eu não confio mais em você, o que me deixa muito triste, mas ao mesmo tempo muito vivo. Sempre aprendi que a confiança é tão prodigiosa que tem que ser merecida, como na hora que um amigo me empresta dinheiro quando estou com dificuldades (por sinal, eu disse a ele que pagarei na segunda e ele confia em mim por esse compromisso), ou outro companheiro que percebendo que não pude comer nada, retribui-me um gesto de boa fé ao pagar uma refeição para mim (te devo uma pizza, meu caro David).

      Esses que me ouviram quando eu me senti triste quando você me dispensou, que não se importaram com a minha chatice e me fizeram rir de novo, com sua simplicidade e bom humor. Eles que confiaram em mim, pediram meus conselhos ("aja mais Rodolfo"), leram meus textos quando não tinham muito o que fazer e me trataram como um dos seus. Esses têm a minha confiança.

     Essas pessoas me salvaram quando você levou o meu coração me fizeram viver quando eu mais precisei e substituíram as amizades plásticas que havia construído com outras pessoas. (Miojo, você sabe que eu te respeito e que você virou o meu amigo com o passar dos anos, e isso não se aplica a você). 

     Não estou mais triste e não penso tanto no pior. O que já representa uma melhora frente tudo o que eu enfrentei. Não te amo mais, é verdade, como não amo mais a Bia que me tratou como um animal e nem as outras que não se dignaram a ser sinceras comigo.

     Em todo o caso, preciso do meu coração de volta. Preciso viver novamente e desejar outras mulheres, amar mais umas vezes, me decepcionar, até me revoltar de tudo de uma vez, e me tornar um emerita. Pode ser que tudo seja efémero e transitório, que nunca mais possa escrever tais palavras e que tudo isso se apague nas areias do tempo.

     Não quero pensar mais nessas coisas. Fique você com o seu mundo, craquejando folhas secas em outubro, se divertindo com bobagens, bebendo um pouco de rum (nunca entendi muito bem isso), puxando o saco de seu "ursinho fofinho", e amando outras pessoas com as quais você se sente bem. Em verdade, tudo passou e é por isso que eu fiz esse pedido: Me devolva meu coração, pelo menos por uma questão simbólica.

     Meu plano para ele ainda não está definido, talvez eu o enterre na curva do rio, use-o mais um pouco para me sentir feliz flertando, ou coisas desse gênero. Como você sabe, sou meio desastrado em coisas relativas ao amor.

     Entendo agora o porquê de alguns serem tentem ser tão castos em pensamento (não deve ser fácil, meu caro amigo Ayub). Não estou mais tão desamparado, mas também não sou tolo em conviver com pessoas que atrasam minha vida. Você nunca foi um atraso e nunca será, mas amá-la foi sim um retrocesso, pois revelou que eu não tinha aprendido com os meus erros e que teimei a encará-los mais uma vez. Não peço mais desculpas em nada, na verdade, quero meus pedidos de desculpas de volta, a culpa não era minha mesmo.

    Mande-me em anexo também os poemas que eu escrevi pra você, eles merecem ser incinerados. Niilista como sou eu, não posso admitir que qualquer coisa me atrapalhe a pensar. Agora que você sabe tudo o que eu penso; saiba também que estou vivendo sem você, dando um passo de cada vez, tendo novos contatos e novas companhias.

    As novas fundações se erguem num novo panteão de concreto e a ele se constroem essas experiências de vida, as meninas a quem amei, os amigos que eu perdi, os projetos frustrados (outras vezes, roubados). O titânio dessas fundações ainda é volátil e maleável, mas o resultado será um só: Uma muralha que separa os meus olhos de seu sorriso. Prefiro ficar cego a ver tudo aquilo se repetir.

    Os novos cursos se formaram no passado e eu não percebi tão rápido quanto deveria, mas sigo esse caminho tempestuosos de caiaque e não vejo porque querer a sua ajuda para resolver os meus dilemas do dia-a-dia. Na verdade, sempre quis estabelecer um companheirismo com você, algo mais forte do que simples beijos e alguns amassos, mas isso foi tão desprezado que nem quis falar de novo.

    Aqueles que acham que possuem a intimidade de serem meus amigos por terem vivido aventuras comigo se enganam, meus amigos de verdade me ajudaram quando eu mais precisei, não me abandonaram em festas e não me trataram de forma diferente por simples comodismo. Não foram traiçoeiros ao ponto de se venderem, não me viraram a cara quando precisei de ajuda, nunca puxaram o meu ego, mas não questionavam minha arrogância. Souberam conversar comigo quando precisei, me deram conselhos que tanto ponderei, não tiveram a coragem de me omitir os fatos, não trataram nossos conhecidos com desprezo, tal como alguns fizeram com um amigo nosso. Estes foram mais os meus amigos do que um dia vocês tentaram ser (de novo Miojo, eu sei que discutíamos muito, mas isso não se aplica a você). Fiquem agora com os seus grupinhos fechados, suas sociedades de cortes e com a arrogância de pensar que tudo terminará bem enquanto vocês se automasturbam intelectualmente. Isso é ver o mundo de uma forma muito pequena e até deturpada.

     Dir-se-á que me fechei, que me autoexclui de vocês. Na verdade, eu não me fechei e tampouco me autoexclui, só não quis conviver mais com aquilo que mais repudiava, que frustrava a minha essência e limitava a minha visão. Não valia mais a pena viver com vocês, dividir suas mesas, ou mesmo ouvir suas narrativas triviais e sem muito sentido.

       Penso que isso representa tudo o que acho e que o que sempre achei, de tal forma que especulo que não queira mais vontade de publicar algo nesse blog, em todo caso, prefiro deixar tudo em aberto do que dar promessas.

        Em todo caso, volto à minha antiga reivindicação  que você devolva meu coração e talvez nunca mais fale comigo. Assim termino com o meu discurso e me despeço. Finis 

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