sábado, 4 de maio de 2013

N'existais adiéu

      Como se ele não existisse, ela ficou do seu lado e sem mesmo o fitá-lo nos olhos, disse: "Pegue. É tudo para você".

      Eram joias, pérolas e diamantes. Todo o ouro de seu pescoço não pagava o amor que ela deixava ele levar na sua maleta de viagem. Por que o seu destino deveria ser tão cruel, por que alguém tinha que tirar o sabor de sua boca de fruta e mel?

      Ele não devia ser tão infeliz, ela o amava, por que devia ser tão rude agora? Ela iria com ele para onde fosse, e onde estivesse, mas o seu espírito de nômade o guiava para as terras de marfim e ébano, para a savana aberta de onde os leopardos se divertiam com as zebras e ele se divertia com o amor.

     Nada ia apagar as lágrimas e as tristeza que se geraram daquela partida, ele tinha sido um idiota por deixar alguém tão meigo quanto ela. Não era nada comum para alguém tão bonito. A pobre Júlia, tentou dizer algo ao pé do ouvido:

     — Não vá, por favor, não vá. Me escute, olhe para mim, não vá.

     Não chore por ele, Júlia, não sinta por ele. Eu digo um monte de poemas, toco o céu com a música, mas não chore. O sol ilumina suas lágrimas enquanto as asas do avião partem para o futuro distante.

      — Tudo o que eu quero é que guarde os seus tesouros,  eu quero que sinta o que eu senti, seu caçador de aventuras: O direito de amar.

      Ela o beijou na boca com as lágrimas secas no rosto, ele ajeitou o chapéu que ameaçava voar e subiu no avião. Como se ele não existisse, ela saiu de lá, sem fitá-lo nos olhos, partiu para casa enquanto ele partia o seu coração.

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