Este
aqui é o José, quer se casar com a mais bela das mulheres, Maria. Mas o que
José não sabia é que podia ter pego Sarah ou Dalila, mas mesmo assim preferiu
Maria.
Por
que Maria, José? Para quê ser tão Galileu? Você tinha logo que escolher Maria,
justo ela que te traiu com aquele cara que você nunca viu. Por que José? Eu não
entendo meu amigo.
Você
podia ter sossegado na sua casa, José, tomar um pouco de chimarrão do lado da
cerca, selar um baio de vez em quando e trotar pelas pampas, meu caro. Mas
decidiu viver com Maria, fugir dos portenhos e aceitar o filho que não era seu no Uruguai. Por que
José, nada te prende aqui, vá para o Rio Grande, meu filho.
Mas
você ama Maria, aquela de cabelos escuros, cacheados e que sorri lindo pra você
depois de tantas travessuras. Ela que se deitou com um dos seus peões na cama
que vocês dois dividiam à noite e que agora está grávida de algum moleque que
não é seu. Por que José?
Não
voltarás nunca mais para tua quinta, meu filho. Deixes de ser tolo, volte ao
Rio Grande e venha comer uma boa costela comigo na fogueira. Caballero te
espera.
Meu
bom amigo, por que não te desesperas, quando teu filho começa a ter ideias
estranhas e deixar o cabelo e a barba crescer. Chuta as peças da sua sapataria
e planeja libertar o Rio Grande, porque não brigas como gaúcho com o guri, mas
você o abraça e o ensina a ser paciente. Por que, José?
Agora
sua mulher chora desde quando o seu filho foi lutar contra o Solano, nas curvas
onde cruza o Riachuelo, onde agora luta-se no inferno de Huimatá. Agora Maria
está chorando, mas você sorri, porque você é feliz com Maria. Bem logo você,
meu vizinho de porteira, que bebia chimarrão junto comigo e troçava de Bento
Gonçalves.
Você, gaúcho da fronteira que poderia ter
tomado Sarah ou Dalila, é agora mais feliz com Maria do que poderia ser, e agora longe de nós, nesse
pedaço da pampa tenta se esconder nessa vida feliz na pequena casinha de madeira que você mesmo construiu e virou o boa-praça que sempre
foi. Felicidades, meu amigo.
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