sábado, 4 de maio de 2013

Meu amigo José (conto)


Este aqui é o José, quer se casar com a mais bela das mulheres, Maria. Mas o que José não sabia é que podia ter pego Sarah ou Dalila, mas mesmo assim preferiu Maria.

Por que Maria, José? Para quê ser tão Galileu? Você tinha logo que escolher Maria, justo ela que te traiu com aquele cara que você nunca viu. Por que José? Eu não entendo meu amigo.

Você podia ter sossegado na sua casa, José, tomar um pouco de chimarrão do lado da cerca, selar um baio de vez em quando e trotar pelas pampas, meu caro. Mas decidiu viver com Maria, fugir dos portenhos e aceitar  o filho que não era seu no Uruguai. Por que José, nada te prende aqui, vá para o Rio Grande, meu filho.

Mas você ama Maria, aquela de cabelos escuros, cacheados e que sorri lindo pra você depois de tantas travessuras. Ela que se deitou com um dos seus peões na cama que vocês dois dividiam à noite e que agora está grávida de algum moleque que não é seu. Por que José?

Não voltarás nunca mais para tua quinta, meu filho. Deixes de ser tolo, volte ao Rio Grande e venha comer uma boa costela comigo na fogueira. Caballero te espera.

Meu bom amigo, por que não te desesperas, quando teu filho começa a ter ideias estranhas e deixar o cabelo e a barba crescer. Chuta as peças da sua sapataria e planeja libertar o Rio Grande, porque não brigas como gaúcho com o guri, mas você o abraça e o ensina a ser paciente. Por que, José?

Agora sua mulher chora desde quando o seu filho foi lutar contra o Solano, nas curvas onde cruza o Riachuelo, onde agora luta-se no inferno de Huimatá. Agora Maria está chorando, mas você sorri, porque você é feliz com Maria. Bem logo você, meu vizinho de porteira, que bebia chimarrão junto comigo e troçava de Bento Gonçalves.


 Você, gaúcho da fronteira que poderia ter tomado Sarah ou Dalila, é agora mais feliz com Maria do que poderia ser, e agora longe de nós, nesse pedaço da pampa tenta se esconder nessa vida feliz na pequena casinha  de madeira que você mesmo construiu e virou o boa-praça que sempre foi. Felicidades, meu amigo.

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