domingo, 12 de maio de 2013

As aventuras de Jack Ringo no Oeste (IV)

   Jack voltou na hora do almoço, à essa hora encontrou  a farmácia fechada e estranhamente vazia. Sabia que o tal farmacêutico não queria que fossem vistos, mas o local parecia estranhamente deserto. Tentou pois abrir a porta e viu que estava fechada por dentro, pensou que Harding tinha se esquecido do compromisso e então olhando para a janela, gritou:

    — Simon...

    Mas não viu nenhum momento, saltou para a janela e vislumbrou com olhos cansados o interior da farmácia, mas não encontrou nenhum sinal de Harding junto ao balcão, nem mesmo parecia estar nos fundos, quando olhou com mais atenção o chão, viu que algo incomum se projetava no tapete de urso. Uma carcaça estava imóvel no chão, e a julgar pelo pouco tamanho do corpo, um metro e sessenta talvez e as roupas escuras, provavelmente era o o pequeno farmacêutico.

     Arrombou a porta com um chute e entrou correndo na farmácia, alguns curiosos olharam aquilo meio incrédulos e uma mulher chamou o xerife:

     — Olhe! Ele invadiu a farmácia do senhor Harding — Apontou.

     — Quem? — Perguntou Maldonado.

      — Um homem de casaco marrom.

                                                              ...

       — Harding...
       — Agente Leya — tossiu.
       — Quem fez isso com você?
     
       Harding tossiu um pouco mais de sangue, tinha uma aparência meio cadavérica o homem antes mesmo de levar uma estocada nas costelas: Perdera tanto sangue que nada Ringo poderia fazer, ele sabia que o homem iria morrer. Esboçou pois de baixo do bigode um movimento com a boca:

      — Mal...do...naldo. Foi ele que fez isso, ele sabe da nossa operação. Eu tentei avisá-lo, mas ele chegou antes. Maldonaldo serve aos conspiradores, o fazendeiro MacDonald e ao banqueiro Ford, eles querem acabar com tudo... Leya, fuja, eles já devem estar vindo.

       — Não sem você — "Isso foi idiotice  ele não vai ir a nenhum lugar" .
 
       — Não, eu  já sou velho mesmo. Vá, antes que eles o peguem.

        E morreu em seus braços.

        Quando se levantou, encontrou Maldonado junto à porta junto com dois de seus guardas. Maldonado o encarou com cara de poucos amigos e segurava o cabo do revólver com um tom ameaçador, cuspiu para o lado e disse:

       — Você não consegue ficar sem arranjar problemas, não é Ringo? O caso no Sallon não foi nada demais, eu estava lá e vi com os meus próprios olhos, mas você tinha que continuar. Jogou um pela janela, em plena praça pública e agora matou o nosso farmacêutico, o bom senhor Harding, o que vai fazer agora?

         — Escute, Maldonado, tudo isso é um mal entendido. Eu posso explicar — Deu dois passos para trás, ele sabia que aquele negócio não iria acabar bem.

         — Chega de conversa, Jack, você sabe que as leis do Leste são as mesmas daqui. Você tá preso, xará.

          — Só por cima do meu cadáver — Virou a mesa num movimento e um tiroteio veio a seguir. As balas silvavam por cima de sua cabeça ou ricocheteavam a madeira.

          Ringo sabia que estava numa enrascada, mesmo assim usou sua arma umas duas ou três vezes, uma acertou a parede. Sua mira estava mesmo uma merda naquele dia, outra acertou o chapéu de um infeliz, e a terceira o braço de um dos guardas.

         — Merda! Ele acertou meu braço bom.

         — Cala boca, Frank Doloroso. Você reclama demais.

         Dispararam mais algumas vezes até que Jack percebeu que tinham que recarregar, após a saravaida de tiros, ele se levantou  num salto, saiu correndo, e com apenas duas balas, acertou o peito de Frank Doloroso e a cabeça de Ed Muller, quando apontou a arma para Maldonado a culatra travou e ele só teve tempo de quebrar a vidraça e sair correndo.

       — Jack, seu patife. Se eu te encontrar de novo, pego o seu membro viril e dou para as ovelhas comerem.

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