sexta-feira, 15 de março de 2013

E a Síria?

       Pois é, no últimos meses todo mundo fala sobre o novo papa, o tal do Dom Chico. E até os não-católicos opinam sobre o que esse novo papa estava disposto a fazer, eu confesso que não estou com muito interesse em comentar sobre isso, não pelo fato de o novo papa ser argentino (e por um deleite ufanista eu me recusasse a falar sobre isso). Pelo contrário, eu não tenho simplesmente interesse de falar de uma cúria que aparentemente está falida.

      Em todo o caso, todo mundo esqueceu a Síria? Quanto tempo faz que a guerra se arrasta naquele país? Quase dois anos, talvez, e nada, nenhuma solução para conter a enxurrada de sangue que se aplana na imensidão do deserto. Por quê?

      Os jornais parecem ter se desinteressado pela Síria. Afinal qual é a importância da Síria no cenário internacional? A não ser pelo fato de que alguns eufóricos liberais gritassem pelos cantos: "A Síria é livre! Acabe com a ditadura sanguinária de Al Assad". Ninguém parece mais querer falar sobre a Síria. Talvez tenha relação com o fato de que o país esteja tão instável que os repórteres nem mais se deem ao encargo de arriscarem suas vidas por uma matéria, ou mesmo todo mundo se desiludiu com a dita "Primavera Árabe".

       Acreditei eu também que a dita "Primavera Árabe" iria trazer progressos para a região, mas até agora tudo que eu vi foram retrocessos. Não os culpo, história nem sempre é evolução. Na verdade, evolucionismo histórico é um dos erros mais crassos de um historiador que se preze. Então, o que fazer?

       Damasco esteve muito perto de ser tomada é claro, os rebeldes aparentemente estavam prestes a levar Assad para o dito "Tribunal do Povo" onde a própria população iria fazer sua justiça com as mãos. Digo "sua justiça", pois nesse caso seria também uma vingança de um povo sofrido contra um governante duro e um tanto opressor que se revelou Assad.

       Mas os rebeldes retraíram. Pararam de receber apoio internacional, sobretudo norte-americano e europeu, tendo em vista, que a própria Síria virou uma questão de impasse diplomático entre os grandes governos: União Europeia, Estados Unidos, Rússia e China. Sendo que os dois últimos apoiavam em maior ou menor grau o governo sírio.

        A questão em si não parece querer evoluir para algo maior do que isso e os Estados Unidos se perguntam se vale a pena ajudar os rebeldes. O fato é que nenhum dos dois lados tem condições de vencer, nem mesmo o governo, nem mesmo os rebeldes. O governo possui uma parcela considerável dos armamentos, mas não possui mais apoio popular e os rebeldes tem um apoio popular parcial e escassos recursos bélicos. Nisso, tudo se arrasta.

          O conflito trouxe também uma crise humanitária a qual a Turquia tenta contornar e campos de refugiados se prolongam ao longo da fronteira dos dois países. Parece ser um prolongamento da crise dos Balcãs.

         Resta a pergunta: Se a guerra não é vantajosa a nenhum dos lados, por que perdura? Não acredito que seja só por vingança, mas quais são as vantagens? É questionável a liberdade que o povo sírio conseguirá agora, pois nem o povo egípcio nem os líbios conseguiram aquilo porque tanto lutaram. 

        Na verdade, acredito que a guerra civil é vantajosa às elites sírias não atreladas ou descontentes com o governo e com o fim do conflito, elas tomarão o poder. É uma opinião pessoal minha, tendo em vista que são escassas as informações que nos vem junto ao Ocidente, nesse caso, censuro os veículos de comunicação global.

        De fato, parece que houve um lobby para acobertar as ações militares na Síria, talvez para tentar-se chegar a uma solução mediada do conflito (ingenuidade minha, eu reconheço) ou para esconder as atrocidades financiadas por alguns governos. Mas a questão ainda não desaparece: O que será feito da Síria daqui alguns anos? Eu realmente não sei dizer.

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