terça-feira, 12 de março de 2013

Deleites tropicais

          Do rio oceano ao pélago saímos, na vassoura da manhã mal assoma a rósea filha, a de dedos rosas, Aurora. Nesse alvorecer matutino, num tenso litoral cortam-se os troncos que na falange da grande escarpa se projetam sobre a praia.

        A areia branca se via de longe através do espinhaço pelo qual atravessei e pulei sobre o bruto mar que berrava às pedras e exalava vida, pulo e saco-lhe um grande hastil, por terra abaixo, navego em suas águas, boiando de tranquilidade.

       Firme paço do palácio do claro Sol e da oceânica persa, musa lindas, vestidas de minúsculos biquínis, sem qualquer comedimento jogavam vólei na areia branca do litoral. Firme na hasta da vida, seguia a orla e me encharcava em suas águas, como adoro vogar nessas liras assim como navego nessa vida.

      Tudo  é sereno e tranquilo, fito as gentis moças correrem de um lado ao outro sorridentes, no calor tropical da qual todos os povos deveriam se aprazer. Canso da água morna da praia, avisto ao longe remos bojantes  e serenos disposto à vela do vento boreste. Sento-me numa espreguiçadeira e ponho meus óculos escuros e o panamá quebrado na cabeça.

       Penso nas naus quebradas que tanto quiseram chegar a esse litoral, navios vindos lá de Portugal. Infelizes Lusíadas, grande feito fizeram foi chegar justamente aqui, nessa ilha dos amores, a que chamam de Santa Catarina. Enquanto esse ao Porto perecem, deixando os bacalhau estragar-se na via da vida, desfruto desse dia com grande alegria.

     A noite não demora a chegar e à luz do pôr do sol de açodada memória, decido deixar tristíssimo o límpido mar de onde projetam morros patrícios dessa linda terra que chamo de Brasil, sim minhas forças voltaram. Sinto-me mais forte, irei agora um restaurante na vila, em vistoso lugar de mármore paço, no alto daquela colina.

     Esquivo-me do meu infando fardo e esqueço meu triste passado. Sim, hoje eu estou inspirado, deixo para trás a venéfica memória, boa lembrança apenas. Tálamo loução parnasiano, lindo alcáçar praiano. Bem eu me sinto em férias.

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