Por que o Brasil não é um país de Primeiro Mundo?
Parando bem para pensar, por quê? Pela fórmula do capitalismo, a riqueza das nações se dá pelo potencial de recursos de um dado país pela capacidade de sua mão de obra em transformá-lo, Adam Smith esboçara algo assim em seus escritos.
Pois então, o Brasil tem uma das maiores capacidades de recursos minerais, estratégicos e humanos de todo o planeta, mas está tudo para fazer e está sempre condenado a ser o país do futuro. Até mesmo a Argentina já ensaiou o seu período de país de Primeiro Mundo, mas nós não;
Na verdade, a definição de Primeiro Mundo já é obsoleta a pelo menos vinte anos, prefiro voltar a trás e rever o termo, primeiro-mundismo, esse neologismo neoliberal que nos faz pensar que há três estágios de desenvolvimento e de ocupação humana no mundo, o que chega a ser mentira, mas a questão é que o Brasil tem um potencial absurdo para gerir ao seu povo, mas mesmo assim não consegue transpassar problemas mais básicos.
As enchentes e os deslisamentos de terra são só uma parcela dos problemas habitacionais existentes no Brasil. Problemas habitacionais! Vejam só, um país que tem no hino o refrão: "Gigante pela própria natureza". Gigante pela própria natureza e com pés de barro segurando o colosso. Sim, esse é o Brasil, a maior potência da América do Sul e ainda assim falhando miseravelmente no cenário internacional;
Dir-se-á que o problema é resultado da corrupção política existente no Brasil. Em parte isso é verdade mesmo, mas não é só uma corrupção moral da classe política, mas do próprio povo como um todo. Isso eu venho observando como um todo, ao primeiro cargo de uma oportunidade alheia à lei, qualquer cidadão comum vê como oportunidade para o seu próprio favorecimento, seja um Gatonet roubado do vizinho, um suborno para o guarda para escapar da Lei Seca, um programinha de cotas, cesta básica sem mesmo precisar, e assim vai. A corrupção dos políticos é apenas uma ampliação da corrupção do próprio cidadão comum que se dedica a tais atos.
Essa corrupção se estende em todos os segmentos sociais, mas é ainda mais gritante nos altos escalões, onde os mais favorecidos, enxergam que a lei lhes é intocável, que não é complicado burlá-la com bons advogados ou outros engodos, afinal de contas, para eles o Brasil é governado por um pequeno grupinho de poderosos, o que não deixa de ser verdade. A indignação de eventos como a absolvição de um filho de milionário que matou um ciclista (um milionário aí da alta roda que tem Batista no nome), ou de um assassino dos próprios pais que conseguiu escapar da prisão. Tudo isso demonstra a teoria de que o Brasil não é governado para o povo pelo o povo. Em verdade, é uma falsa democracia.
Essa falsa democracia também é resultado da alienação do próprio cidadão comum e da sua passividade quanto aos mais completos absurdos existentes na dinâmica interna nacional. Uma obra de transposição do Rio São Francisco, que nunca termina, que ninguém sabe quanto custou e muito menos se resolverá o problema da seca e se é ecologicamente viável realizá-la. Uma usina hidrelétrica que sinceramente causa tanto alvoroço no meio da amazônia que retirará algumas centenas de índios para produzir energia com metade da capacidade. Um movimento sem terra que praticamente manda no governo assim que toma uma terra, assim vai.
Não é de se admirar que pessoas morram nos fétidos hospitais, enquanto o próprio governo arrecada trilhões de reais todos os anos, não é de se admirar que as escolas estejam caindo aos pedaços apesar dos protestos dos professores junto ao governo que se limita a dizer que dará algum aumento de verbas. Não é de se admirar. A corrupção é da sociedade como um todo.
A corrupção vem do trabalhador que não reclama do modo como são gastos os seus recursos e de quem infelizmente está por geri-los. A corrupção vem do empresário que suborna um funcionário público para que possa trabalhar de algum modo com mais lucro. A corrupção vem do funcionário público que simplesmente se isenta de trabalhar e faz piquete junto aos ministérios. A corrupção vem aos ministérios que fazem licitações fraudulentas com empresas sujas. A corrupção vem da justiça que esconde os seus olhos para isso. A corrupção é geral.
Não basta ter políticos corretos, é preciso ter cidadãos corretos. Não adianta aumentar os recursos da saúde, se o médico limita-se a se inclinar na sua poltrona e a assistir o futebol enquanto os pacientes definham na fila do hospital. Não adianta aumentar o salário do professor, se o próprio professor vive de atestado, não cobra dos alunos e vai reclamar no ministério sobre a reforma educacional que ele mesmo tem preguiça em promover. Não adianta.
Não adianta querer mudar se o próprio povo não deseja mudar. Deseja manter o paternalismo junto a líderes duvidosos, pastores, bispos, vereadores chinfrinhos que nem sabem recitar o português direito, e acham que estes farão alguma coisa por eles. São kulaks como quaisquer outros, não tem porque se enganar, esses não são meros religiosos ou supros representantes do povo, não. Eles não trabalham pelo bem do povo, mas para o bem pessoal. É nesse caso que surgem os tais Felicianos, Calheiros e outros. Pela mediocridade intelectual do próprio cidadão.
Qual é a cidadania que ele exerce? Votar em quem deve ir para o próximo paredão do Big Brother? Assistir as deseventuras que acontecem numa noveleta sobre a Turquia, os comentários vazios dos comentaristas esportistas, visualizar o sexismo da própria televisão em programas apelativos. Essa é a cidadania existente?
Não é a toa que eu acredito que dentro de alguns anos pode haver um golpe de Estado. Sinceramente, eu acredito. O cenário político está ficando tão radical e ao mesmo tempo tão medíocre que mesmo a oposição não se faz ao trabalho de oposição. São meramente partidos de caudilhos, dos grandes latifundiários ainda mais reacionários que a encomenda que apelam para a religião e para os ditos valores fracassados e até um tanto hipócritas de uma sociedade como a nossa.
Destino-me a falar que a mediocridade do próprio brasileiro em se levantar, em protestar, em viver é o que leva a esse quadro de profundo abandono e desolação como um todo. O Brasil não está melhorando, realmente não está, isso é propaganda, o Brasil continua o mesmo engodo pesado de um grande elefante branco que não consegue sair do papel. Um país que se preocupa mais com um torneio de futebol do que o seu próprio futuro, um país que olha para daqui um ano, sem pensar nos outros dez que andam por vir.
Em outras palavras, o Brasil sequer merece ser mencionado no mapa mundi, do jeito que anda caminhando, traz uma grande vergonha com suas atitudes. Digo não só o governo, mas o povo. Sim, meu caro povo, desse país que ainda tento amar, vocês que trazem todo esse prospecto negativo de engodo e autoflagelação social a qual se submetem.
O estudo é uma boa arma para livrar-se dessa cadeia cíclica, mas não do jeito que anda sendo feito, um estudo pauperizado e que vem se tornando cada vez mais, um estudo consciente das próprias fraquezas do ensino e das responsabilidades individuais de todos nós.
O caminho para o próprio futuro como um futuro, é sem dúvida, uma Revolução. Mas não uma Revolução levada ao cabo de ferro e fogo, mas uma revolução que parte do individuo como um todo em prol da sociedade existente, uma revolução de pensamento que transcenda a mediocridade intelectual que anda tomando a estatura das mentalidades como um todo. Que caminho devemos tomar, esse é o caminho que julgo ser mais adequado.
quarta-feira, 20 de março de 2013
sexta-feira, 15 de março de 2013
Tensão no "Extremo Oriente"
Hoje a Coreia do Norte disparou misseis de curto alcance no mar do Japão de forma que com a crescente tensão que alguns observam a situação no "Extremo Oriente", não poucas pessoas ficaram preocupadas com esse anúncio.
Em verdade, como já disse anteriormente, essa é mais uma das arrogantes ameaças de Pyongyang para intimidar de alguma forma a comunidade internacional, para onde isso levará é discutível. Para uma nova discussão dos Tratados de Taipeng ou mais um pedido de ajuda humanitária.
Pyongyang pode ter rasgado o pacto de não-agressão que tinha assinado há quase sessenta anos antes. Se bem que faz todo o sentido agora, parando para pensar. 2013 é o ano que fará sessenta anos do fim da Guerra da Coreia. Pyongyang quer de alguma forma lembrar o conflito, talvez para instar o ódio aos compatriotas ou para manter o regime firme. Não me tinha ocorrido esse raciocínio.
Em todo o caso, o Big Kim (chefe rechonchudo norte-coreano) parece não entender que o cenário internacional é outro e que mesmo que faça ameaças ao Ocidente é difícil que a coisa se desenvolve mais do que isso.
Big Kim num dos seus afazeres no governo |
Na verdade, parece que ele está tentando mostrar ao seu séquito e às forças armadas, que apesar da pouca idade ele tem força e pulso firme. Talvez para se manter no poder, tendo em vista que a Coreia do Norte vem passando por sucessivas crises em seu sistema e o próprio Kim Jong-Un teve que demitir o seu braço direito nas Forças Armadas para se manter no comando.
É bem verdade, que para chefe de Estado, Big Kim é muito prematuro ainda para se fazer uma análise acurada, em todo caso, aqueles que tinham esperanças em uma abertura do regime norte-coreano devem estar se arrependendo de tudo que disseram anteriormente.
Ele é uma criança que brinca de chocalho nuclear como muito bem a charge acima mostrou. Como eu disse, Pyongyang não levará a questão muito mais à frente até porque não é interessante aos seus aliados (China e em alguma medida, a própria Rússia) um conflito envolvendo os Estados Unidos, que por sua vez também não estão interessados em uma nova guerra com a sua economia tão desaquecida como agora.
A teimosia do regime norte-coreano é para mostrar que ainda tem forças e relembrar da Guerra da Coreia de sessenta anos atrás que até hoje se revela indefinida. A solução armada, se for utilizada agora, demonstrará logo que o problema será resolvido de maneira rápida, mas brutal.
Em todo o caso, hoje mesmo, os norte-coreanos acusaram os americanos de realizarem ataques cibernéticos aos seus sistemas de misseis. Nada como usar as armas do oponente contra o próprio oponente, isso as artes marciais orientais tanto nos ensinaram nos filmes.
De maneira que a guerra cibernética parece outro meio para se lidar com os impasses internacionais, e um meio infinitamente mais barato do que uma guerra que toma homens e recursos, enquanto Pyongyang, movida também por uma questão ideológica, atacou sites de bancos e governos com os seus hackers, Washington deu o seu troco atacando os sistemas governamentais dos únicos 645 computadores existentes no pequeno país de Distopia.
O duelo cibernético continuará, só espero que não evolua para outras vias de ação
Sobre o lançamento dos misseis no mar do Japão é conveniente ler: http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2013/03/15/coreia-do-norte-disparou-misseis-de-curto-alcance-no-mar-do-japao/
Sobre o suposto ataque cibernético: http://www.guardian.co.uk/world/2013/mar/15/north-korea-usforeignpolicy
E a Síria?
Pois é, no últimos meses todo mundo fala sobre o novo papa, o tal do Dom Chico. E até os não-católicos opinam sobre o que esse novo papa estava disposto a fazer, eu confesso que não estou com muito interesse em comentar sobre isso, não pelo fato de o novo papa ser argentino (e por um deleite ufanista eu me recusasse a falar sobre isso). Pelo contrário, eu não tenho simplesmente interesse de falar de uma cúria que aparentemente está falida.
Em todo o caso, todo mundo esqueceu a Síria? Quanto tempo faz que a guerra se arrasta naquele país? Quase dois anos, talvez, e nada, nenhuma solução para conter a enxurrada de sangue que se aplana na imensidão do deserto. Por quê?
Os jornais parecem ter se desinteressado pela Síria. Afinal qual é a importância da Síria no cenário internacional? A não ser pelo fato de que alguns eufóricos liberais gritassem pelos cantos: "A Síria é livre! Acabe com a ditadura sanguinária de Al Assad". Ninguém parece mais querer falar sobre a Síria. Talvez tenha relação com o fato de que o país esteja tão instável que os repórteres nem mais se deem ao encargo de arriscarem suas vidas por uma matéria, ou mesmo todo mundo se desiludiu com a dita "Primavera Árabe".
Acreditei eu também que a dita "Primavera Árabe" iria trazer progressos para a região, mas até agora tudo que eu vi foram retrocessos. Não os culpo, história nem sempre é evolução. Na verdade, evolucionismo histórico é um dos erros mais crassos de um historiador que se preze. Então, o que fazer?
Damasco esteve muito perto de ser tomada é claro, os rebeldes aparentemente estavam prestes a levar Assad para o dito "Tribunal do Povo" onde a própria população iria fazer sua justiça com as mãos. Digo "sua justiça", pois nesse caso seria também uma vingança de um povo sofrido contra um governante duro e um tanto opressor que se revelou Assad.
Mas os rebeldes retraíram. Pararam de receber apoio internacional, sobretudo norte-americano e europeu, tendo em vista, que a própria Síria virou uma questão de impasse diplomático entre os grandes governos: União Europeia, Estados Unidos, Rússia e China. Sendo que os dois últimos apoiavam em maior ou menor grau o governo sírio.
A questão em si não parece querer evoluir para algo maior do que isso e os Estados Unidos se perguntam se vale a pena ajudar os rebeldes. O fato é que nenhum dos dois lados tem condições de vencer, nem mesmo o governo, nem mesmo os rebeldes. O governo possui uma parcela considerável dos armamentos, mas não possui mais apoio popular e os rebeldes tem um apoio popular parcial e escassos recursos bélicos. Nisso, tudo se arrasta.
O conflito trouxe também uma crise humanitária a qual a Turquia tenta contornar e campos de refugiados se prolongam ao longo da fronteira dos dois países. Parece ser um prolongamento da crise dos Balcãs.
Resta a pergunta: Se a guerra não é vantajosa a nenhum dos lados, por que perdura? Não acredito que seja só por vingança, mas quais são as vantagens? É questionável a liberdade que o povo sírio conseguirá agora, pois nem o povo egípcio nem os líbios conseguiram aquilo porque tanto lutaram.
Na verdade, acredito que a guerra civil é vantajosa às elites sírias não atreladas ou descontentes com o governo e com o fim do conflito, elas tomarão o poder. É uma opinião pessoal minha, tendo em vista que são escassas as informações que nos vem junto ao Ocidente, nesse caso, censuro os veículos de comunicação global.
De fato, parece que houve um lobby para acobertar as ações militares na Síria, talvez para tentar-se chegar a uma solução mediada do conflito (ingenuidade minha, eu reconheço) ou para esconder as atrocidades financiadas por alguns governos. Mas a questão ainda não desaparece: O que será feito da Síria daqui alguns anos? Eu realmente não sei dizer.
quinta-feira, 14 de março de 2013
Notas avulsas (II)
Sinto-me mover à bateria, em pequenas pilhas do destino que nem mesmo o próprio Volta conseguiria explicar. A diferença de potencial que tinha no passado é maior que a tenho para o futuro.
Estou cansado e me sinto inútil, não sei mais o que fazer a não ser olhar as belas moças de botas de cano alto que passam na minha frente, tomando-me olhares. Tento agitar o meu cabelo numeroso, que anda meio rebelde esses tempos, mostrando um pouco de desconforto ou falta mesmo do que fazer.
Acho que o meu velho pai tinha razão, não há futuro maior do que escrever versos e optar ficar parado observando as coisas passarem. Meu ofício é bastante inútil parando para pensar. Deveria ter entrado para o mundo das contas ou dos discursos. Que grande futuro teria! Mas como eu disse, eu me sinto meio inútil hoje.
A inutilidade criativa me faz pensar numa grande lavoura de ideias, em que o meu ócio é apenas produto de uma paciente espera para se germinar ideias. Bem, assim o espero. Nessa grande lavoura de ideias e vidas, não há boas palavras que exprimam tudo o que eu sinto nesse momento.
Artistas como eu são dados ao fracasso, seja pelo nosso empenho, seja talvez porque sejamos movidos à bateria. Sinto-me meio fraco hoje, a pilha deve ter enfraquecido. A bateria hoje se foi com boa parte da minha inspiração, alguns tipos passam em minha frente e tomam minha atenção.
Passa por mim um risonho operário de camisa azul, carregando consigo um pequeno carrinho de rodinhas, levando alguns papelotes quaisquer que hoje não consigo me lembrar do que eram. Depois, passa um segurança vestido de pinguim que ri sozinho das crianças na flor da vida que perguntavam aos pais tudo aquilo que viam ao redor.
Passo então a olhar a moça de botas, que agora percebo, está a olhar para mim. Talvez seja minha jaqueta de couro ou ela poderia estar admirada por alguém escrever num pequeno bloco de notas em epóca de ipods e tablets. Não a culpo, afinal de contas era bem bonita. Talvez tivesse me oferecido para pagar-lhe um café ou algo parecido, do jeito que parecia ser inteligente, a conversa seria bem proveitosa. Melhor não, não estou com muito humor para isso hoje.
Uma bela assistente do museu passa por mim, tem ela belos óculos meio retangulares que ressaltam os seus olhos e um longo cabelo escuro cheirando a jasmim. Olhei-a discretamente com o canto do olho, mostrando tamanho respeito para não encabulá-la com a minha falta do que fazer.
Tais cenas de tamanha trivialidade que colorem de maneira monolítica os meus versos de hoje, que sem querer percebo que além dos rasgados na sintaxe do meu texto, há também um pequeno rasgado na minha jaqueta de couro. Olho para o relógio, são exatamente 17:14. O tempo passa devagar.
Uma bela moça estava parada junto ao guiché de informações, ela usa um vistoso vestido escuro com bolinhas que lhe caíam muito bem. Tem ela um olhar triste no rosto e eu fico tentando imaginar o porquê, talvez um namorado? Um problema no trabalho, na família, não sei dizer. Tinha ela um folheto nas mãos que não segurava com muito ânimo aparente, na verdade, ela parecia um pouco ansiosa.
Percebo que ela continua parada perto do guiché com a mesma cara triste, me pergunto se ela era tão solitária quanto eu para se manter tão decididamente sozinha, em pé, considerando a infinidade de bancos que havia por ali. Penso em ir conversar com ela, mas é conveniente pensar apenas na impessoalidade dos meus escritos.
Olho novamente para a tarde que se prolonga e as nuvens escuras que tomam o céu. Tomara que chova, essa jaqueta está cobrando o seu preço, mas não quero retirá-la. Observo o modo como o céu acinzentado toma formas mais alaranjadas nessa obra pictórica graciosa a que chamamos de céu. De repente bate-me uma saudade, e desejo tomar por versos àquela a quem eu amava. Fico triste com isso e percebo que sou bastante fraco ainda para escrever sobre isso no meu pequeno caderninho, já que eu não largo do meu passado.
Então eu sinto fome, desejo ir embora, percebo ao olhar no relógio que nem meia hora se passou. Conclusão: Eu ainda tenho que esperar o ônibus para sair desse lugar.
A caneta se afina — A tinta se finda. Meus pensamento condensam e solenemente peço desculpas aqueles que leram minhas palavras, tendo em vista que tais anotações estão mais para um diário. Perdoe-me, caro leitor, eu ando um pouco emotivo nesses últimos dias. Por isso não me tome por um aedo nem um egocêntrico azul qualquer.
Estou cansado e me sinto inútil, não sei mais o que fazer a não ser olhar as belas moças de botas de cano alto que passam na minha frente, tomando-me olhares. Tento agitar o meu cabelo numeroso, que anda meio rebelde esses tempos, mostrando um pouco de desconforto ou falta mesmo do que fazer.
Acho que o meu velho pai tinha razão, não há futuro maior do que escrever versos e optar ficar parado observando as coisas passarem. Meu ofício é bastante inútil parando para pensar. Deveria ter entrado para o mundo das contas ou dos discursos. Que grande futuro teria! Mas como eu disse, eu me sinto meio inútil hoje.
A inutilidade criativa me faz pensar numa grande lavoura de ideias, em que o meu ócio é apenas produto de uma paciente espera para se germinar ideias. Bem, assim o espero. Nessa grande lavoura de ideias e vidas, não há boas palavras que exprimam tudo o que eu sinto nesse momento.
Artistas como eu são dados ao fracasso, seja pelo nosso empenho, seja talvez porque sejamos movidos à bateria. Sinto-me meio fraco hoje, a pilha deve ter enfraquecido. A bateria hoje se foi com boa parte da minha inspiração, alguns tipos passam em minha frente e tomam minha atenção.
Passa por mim um risonho operário de camisa azul, carregando consigo um pequeno carrinho de rodinhas, levando alguns papelotes quaisquer que hoje não consigo me lembrar do que eram. Depois, passa um segurança vestido de pinguim que ri sozinho das crianças na flor da vida que perguntavam aos pais tudo aquilo que viam ao redor.
Passo então a olhar a moça de botas, que agora percebo, está a olhar para mim. Talvez seja minha jaqueta de couro ou ela poderia estar admirada por alguém escrever num pequeno bloco de notas em epóca de ipods e tablets. Não a culpo, afinal de contas era bem bonita. Talvez tivesse me oferecido para pagar-lhe um café ou algo parecido, do jeito que parecia ser inteligente, a conversa seria bem proveitosa. Melhor não, não estou com muito humor para isso hoje.
Uma bela assistente do museu passa por mim, tem ela belos óculos meio retangulares que ressaltam os seus olhos e um longo cabelo escuro cheirando a jasmim. Olhei-a discretamente com o canto do olho, mostrando tamanho respeito para não encabulá-la com a minha falta do que fazer.
Tais cenas de tamanha trivialidade que colorem de maneira monolítica os meus versos de hoje, que sem querer percebo que além dos rasgados na sintaxe do meu texto, há também um pequeno rasgado na minha jaqueta de couro. Olho para o relógio, são exatamente 17:14. O tempo passa devagar.
Uma bela moça estava parada junto ao guiché de informações, ela usa um vistoso vestido escuro com bolinhas que lhe caíam muito bem. Tem ela um olhar triste no rosto e eu fico tentando imaginar o porquê, talvez um namorado? Um problema no trabalho, na família, não sei dizer. Tinha ela um folheto nas mãos que não segurava com muito ânimo aparente, na verdade, ela parecia um pouco ansiosa.
Percebo que ela continua parada perto do guiché com a mesma cara triste, me pergunto se ela era tão solitária quanto eu para se manter tão decididamente sozinha, em pé, considerando a infinidade de bancos que havia por ali. Penso em ir conversar com ela, mas é conveniente pensar apenas na impessoalidade dos meus escritos.
Olho novamente para a tarde que se prolonga e as nuvens escuras que tomam o céu. Tomara que chova, essa jaqueta está cobrando o seu preço, mas não quero retirá-la. Observo o modo como o céu acinzentado toma formas mais alaranjadas nessa obra pictórica graciosa a que chamamos de céu. De repente bate-me uma saudade, e desejo tomar por versos àquela a quem eu amava. Fico triste com isso e percebo que sou bastante fraco ainda para escrever sobre isso no meu pequeno caderninho, já que eu não largo do meu passado.
Então eu sinto fome, desejo ir embora, percebo ao olhar no relógio que nem meia hora se passou. Conclusão: Eu ainda tenho que esperar o ônibus para sair desse lugar.
A caneta se afina — A tinta se finda. Meus pensamento condensam e solenemente peço desculpas aqueles que leram minhas palavras, tendo em vista que tais anotações estão mais para um diário. Perdoe-me, caro leitor, eu ando um pouco emotivo nesses últimos dias. Por isso não me tome por um aedo nem um egocêntrico azul qualquer.
Notas avulsas (I)
Cinzento e tempestuoso céu arrasta-se na curvatura das nuvens numa praça sem muita ligadura. O verde acinzentado das acácias prolonga-se sobre os jardins tão bem cuidados quantos os pomares elísios de almas serenas.
Naquele céu arrasta-se nada menos que uma gerigonça toda desengonçada batendo suas azas em pleno planalto celeste, aquela criatura alada tomava tamanha vida que chega a ser incrível que tal criação pudesse ter um nome tão simplório como avião.
Santos Dumont que me perdoe como irmão fraterno patrício e como colega na arte de usar chapéus panamá, mas tenho um assustador pavor de suas criações mirabolantes feitas ao relento de seu ócio criativo, tal como uma criança tem medo da vida.
Tenho medo do que suas criações fizeram e ainda podem fazer, encurtar longas distâncias e nos fazer pensar que somos poderosos. Nesse banco de concreto sujo e um pouco lascado na ponta, sozinho, sentado junto do extenso jardim, fico pensando em quanto as velhas e boas invenções mudaram nossas vidas. Quanto à eletricidade, penso em como ela nos deixou medíocres, dependentes de fios metálicos que cortam as ruas tal como veias e acendem nossas vidas com a curvatura de um clicar.
Fico pensando no velho Tesla, gênio incompreendido e mal amado, trabalhando sozinho em seu laboratório com os cabelos tão desgrenhados quanto os meus, sua casa devia ser toda bagunçada, cheia de tralhas e tranqueiras da virada do século.
Ainda assim lembro do que ele fez por nós, as coisas que inventou e são atribuídas a outras pessoas. Sinto-me um pouco inventor hoje, um Tesla das palavras, tantas vezes parodiado e copiado, bem mal amado, enquanto está escrevendo versos enquanto o filme é cancelado pela falta de luz.
Naquele céu arrasta-se nada menos que uma gerigonça toda desengonçada batendo suas azas em pleno planalto celeste, aquela criatura alada tomava tamanha vida que chega a ser incrível que tal criação pudesse ter um nome tão simplório como avião.
Santos Dumont que me perdoe como irmão fraterno patrício e como colega na arte de usar chapéus panamá, mas tenho um assustador pavor de suas criações mirabolantes feitas ao relento de seu ócio criativo, tal como uma criança tem medo da vida.
Tenho medo do que suas criações fizeram e ainda podem fazer, encurtar longas distâncias e nos fazer pensar que somos poderosos. Nesse banco de concreto sujo e um pouco lascado na ponta, sozinho, sentado junto do extenso jardim, fico pensando em quanto as velhas e boas invenções mudaram nossas vidas. Quanto à eletricidade, penso em como ela nos deixou medíocres, dependentes de fios metálicos que cortam as ruas tal como veias e acendem nossas vidas com a curvatura de um clicar.
Fico pensando no velho Tesla, gênio incompreendido e mal amado, trabalhando sozinho em seu laboratório com os cabelos tão desgrenhados quanto os meus, sua casa devia ser toda bagunçada, cheia de tralhas e tranqueiras da virada do século.
Ainda assim lembro do que ele fez por nós, as coisas que inventou e são atribuídas a outras pessoas. Sinto-me um pouco inventor hoje, um Tesla das palavras, tantas vezes parodiado e copiado, bem mal amado, enquanto está escrevendo versos enquanto o filme é cancelado pela falta de luz.
quarta-feira, 13 de março de 2013
Diários de uma quarta à tarde
Existem livros megeros que nos assolam as lembranças, que torturam nossas mentes e nos dão embrulho no estômago. São livros que em tese são muito tristes ou muito espirituosos, hoje convivo com um dilema destes na gaveta da minha mesa.
Não que sua letras tenham se tornado versos sórdidos, não que sua palavras tenham se tornado medíocres, nada disso, afinal versátil ânimo respiram suas escritas nas minhas têmporas. Parnasianismo à parte, eu continuo com esse dilema corrompendo a gaveta da minha mesa.
Tenho medo de abrir a gaveta e descobrir de novo o envelope prateado que envolve o pequeno livro. Era um bom livro em verdade que num dos desatinos do passado desejava compartilhar com alguém. Bem isso não importa, olhando para exânime verso, tenho vontade de poupá-lo do teor ferido dessa história.
Mas enfim, em todo caso, eu tenho que me livrar desse livro que se esconde em minha gaveta para seguir em frente;. Tem um significado simbólico até, pois ele trás a escuridão das noites tristonhas de um passado que espero esquecer. Como eu disse, existem livros megeros que nos assolam as lembranças, cabe a nos lembrar que por mais megeros que sejam, eles ainda não deixam de ser livros de pressaga memória.
Tabuleiro seja dito, nada como palavras para exprimir essas torturas que povoam a nossa mente.
Não que sua letras tenham se tornado versos sórdidos, não que sua palavras tenham se tornado medíocres, nada disso, afinal versátil ânimo respiram suas escritas nas minhas têmporas. Parnasianismo à parte, eu continuo com esse dilema corrompendo a gaveta da minha mesa.
Tenho medo de abrir a gaveta e descobrir de novo o envelope prateado que envolve o pequeno livro. Era um bom livro em verdade que num dos desatinos do passado desejava compartilhar com alguém. Bem isso não importa, olhando para exânime verso, tenho vontade de poupá-lo do teor ferido dessa história.
Mas enfim, em todo caso, eu tenho que me livrar desse livro que se esconde em minha gaveta para seguir em frente;. Tem um significado simbólico até, pois ele trás a escuridão das noites tristonhas de um passado que espero esquecer. Como eu disse, existem livros megeros que nos assolam as lembranças, cabe a nos lembrar que por mais megeros que sejam, eles ainda não deixam de ser livros de pressaga memória.
Tabuleiro seja dito, nada como palavras para exprimir essas torturas que povoam a nossa mente.
terça-feira, 12 de março de 2013
Prazeres de um viciado em livros
Cheirar livros é com certeza um prazer estranho, enquanto existe gente que cheira drogas, perfumes e outras coisas, eu gosto de cheirar livros. Quando eu vou à uma biblioteca, a primeira coisa que eu faço é ir á sessão de livros.
Isso é péssimo para quem tem rinite, é verdade. Também não digo que é bom para a saúde, afinal isso vicia. Duvida?
Claro que vicia, vicia sentir a idade dos livros, os anos pelos quais eles viveram e sobreviveram, as pessoas que os abriram vagarosamente ou rápido. Vicia sentir a textura da lignina da madeira, a celulose condensada como um licor de mel que faz deleitar os lábios de um viciado por livros como eu.
Penso nas pessoas que leram esse livro, que passaram noites em claro tentando entendê-los, imaginá-los, senti-los em seus peitos. Sim, os livros, nada menos que os livros. Nada mais conveniente do que observar suas dobrinhas de vedete por meio das linhas, apagar as marcas de lápis que algum leitor desastrado deixou, ou mesmo xingar os infelizes que usavam marca-texto num livro. Marca-texto! Que absurdo, retira toda a graça de ler um livro, e mais ainda o seu cheiro, a sua essência.
Sim, eu disse que cheirar livros é um prazer estranho, na verdade chega a ser uma parafilia, na ausência de um termo melhor, tanto faz eu tenho esse passatempo estranho na minha mente. Escrever um livro não é uma coisa fácil, eu bem sei disso, requer horas de transpiração e suor, mas por incrível que pareça, nós não sentimos esse cheiro, ainda bem. As gráficas pintam as páginas com linhas escuras e às vezes dão até algumas gravuras. Escrever livros é mesmo coisa para poucos, por isso que adoro ler livros.
Enquanto moças requintadas usam Chanel n° 5 e perfumes de vinho. Eu sinto o cheiro com que as palavras de Tchekhov e Fernando Pessoa colorem as linhas da imaginação. Para ler um livro, não basta ter olhos, é preciso senti-lo, por isso esse hábito estranho de cheirar livros. Peço que o leitor compreenda essa mania estranha, tanto quanto eu tento entende a dos outros, mas o fato é que não irei a um psicanalista estragar essa linda mania.
O gosto pelas palavras
Retomei o gosto das palavras que tinha deixado a minha boca junto com um último suspiro, mas agora os poemas entram na minha mente e as rimas beijam a minha boa, maliciosas como sempre. Gosto de viver assim, sempre gostei de viver com essa musicalidade fonética nas minhas palavras.
Tinha esquecido do quanto era divertido ficar à noite ou uma tarde inteira brincando com as palavras, escrevendo contos e romances que certamente poucas pessoas lerão ao passar de uma vida. Tudo bem, eu
não me importo, se me importasse, não estaria escrevendo.
Na verdade, hoje eu decidi que quero me tornar um escritor de verdade, editar meus livros e publicá-los numa pequena livraria de fundo de quintal numa cidadezinha qualquer, não ter muito leitores, mas os pouco que tivesse trataria como amigos, pediria para que se sentasse e contassem suas vidas enquanto tomávamos um café. Por minha conta é claro.
Sei que no fim o comprador em potencial iria tomar-me por um louco que conversava com os leitores de forma tão amigável quanto eu converso com os meus amigos, melhor assim, não há normalidade em ficar sentado escrevendo dedicatórias do próprio punho, eu estou interessado nas pessoas, no que elas têm a dizer e o que eu tenho a dizer a elas. Sim, pessoas, pessoas inteligentes que gostam de livros e de contar o que acham sobre a vida, a essas pessoas ergo um copo de vinho.
Eu queria levar os meus escritos à sério, ganhar algum trocado com eles. Talvez viver disso, seria uma boa vida eu acho, não seria fácil, mas seria legal de viver. Enfim eu gosto de brincar de fazer palavras e agora aprendi a gostar de falar tudo o que eu penso, melhor para mim.
O trovão trivial solta um tom trovador no trilho do trem de Toledo, trazendo trevas à trilha de Servilha.
O amor de escritor se regenera com o calor de uma nova lira, de um novo romance, de uma nova vida. o coração tão gelado, o humor tão fechado, tudo isso derrete quando se aprende a escrever de novo e a gostar de escrever mais uma vez, sim, caro leitor, não quero que entenda. Mas eu retomei o gosto pelas palavras.
Deleites tropicais
Do rio oceano ao pélago saímos, na vassoura da manhã mal assoma a rósea filha, a de dedos rosas, Aurora. Nesse alvorecer matutino, num tenso litoral cortam-se os troncos que na falange da grande escarpa se projetam sobre a praia.
A areia branca se via de longe através do espinhaço pelo qual atravessei e pulei sobre o bruto mar que berrava às pedras e exalava vida, pulo e saco-lhe um grande hastil, por terra abaixo, navego em suas águas, boiando de tranquilidade.
Firme paço do palácio do claro Sol e da oceânica persa, musa lindas, vestidas de minúsculos biquínis, sem qualquer comedimento jogavam vólei na areia branca do litoral. Firme na hasta da vida, seguia a orla e me encharcava em suas águas, como adoro vogar nessas liras assim como navego nessa vida.
Tudo é sereno e tranquilo, fito as gentis moças correrem de um lado ao outro sorridentes, no calor tropical da qual todos os povos deveriam se aprazer. Canso da água morna da praia, avisto ao longe remos bojantes e serenos disposto à vela do vento boreste. Sento-me numa espreguiçadeira e ponho meus óculos escuros e o panamá quebrado na cabeça.
Penso nas naus quebradas que tanto quiseram chegar a esse litoral, navios vindos lá de Portugal. Infelizes Lusíadas, grande feito fizeram foi chegar justamente aqui, nessa ilha dos amores, a que chamam de Santa Catarina. Enquanto esse ao Porto perecem, deixando os bacalhau estragar-se na via da vida, desfruto desse dia com grande alegria.
A noite não demora a chegar e à luz do pôr do sol de açodada memória, decido deixar tristíssimo o límpido mar de onde projetam morros patrícios dessa linda terra que chamo de Brasil, sim minhas forças voltaram. Sinto-me mais forte, irei agora um restaurante na vila, em vistoso lugar de mármore paço, no alto daquela colina.
Esquivo-me do meu infando fardo e esqueço meu triste passado. Sim, hoje eu estou inspirado, deixo para trás a venéfica memória, boa lembrança apenas. Tálamo loução parnasiano, lindo alcáçar praiano. Bem eu me sinto em férias.
A areia branca se via de longe através do espinhaço pelo qual atravessei e pulei sobre o bruto mar que berrava às pedras e exalava vida, pulo e saco-lhe um grande hastil, por terra abaixo, navego em suas águas, boiando de tranquilidade.
Firme paço do palácio do claro Sol e da oceânica persa, musa lindas, vestidas de minúsculos biquínis, sem qualquer comedimento jogavam vólei na areia branca do litoral. Firme na hasta da vida, seguia a orla e me encharcava em suas águas, como adoro vogar nessas liras assim como navego nessa vida.
Tudo é sereno e tranquilo, fito as gentis moças correrem de um lado ao outro sorridentes, no calor tropical da qual todos os povos deveriam se aprazer. Canso da água morna da praia, avisto ao longe remos bojantes e serenos disposto à vela do vento boreste. Sento-me numa espreguiçadeira e ponho meus óculos escuros e o panamá quebrado na cabeça.
Penso nas naus quebradas que tanto quiseram chegar a esse litoral, navios vindos lá de Portugal. Infelizes Lusíadas, grande feito fizeram foi chegar justamente aqui, nessa ilha dos amores, a que chamam de Santa Catarina. Enquanto esse ao Porto perecem, deixando os bacalhau estragar-se na via da vida, desfruto desse dia com grande alegria.
A noite não demora a chegar e à luz do pôr do sol de açodada memória, decido deixar tristíssimo o límpido mar de onde projetam morros patrícios dessa linda terra que chamo de Brasil, sim minhas forças voltaram. Sinto-me mais forte, irei agora um restaurante na vila, em vistoso lugar de mármore paço, no alto daquela colina.
Esquivo-me do meu infando fardo e esqueço meu triste passado. Sim, hoje eu estou inspirado, deixo para trás a venéfica memória, boa lembrança apenas. Tálamo loução parnasiano, lindo alcáçar praiano. Bem eu me sinto em férias.
Uma tarde com a minha máquina de escrever
Como vai minha metralhadora de palavras? Você vai bem? Anda fuzilando dicionários com os seus vernáculos é, é, eu entendo. Faz muito tempo, não é mesmo, hoje você está totalmente empoeirada sem sinais de recuperação.
Para uma máquina de escrever você ainda está bem, principalmente para a sua idade, quantos anos? Trinta talvez? Trinta e cinco? Você está bem velhinha é verdade, mas continua tão robusta e tão imponente quanto da primeira vez que eu te conheci;
Sabe de uma coisa? Chegou uma encomenda para você. Um novo amante vindo de São Paulo, um refil de tinta, quem sabe não podemos passar noites ao fundo nos divertindo ao escrever versos sórdidos e palavras medíocres? Seria legal, não seria? Seria como voltar aos velhos tempos.
Está na hora de te tirar dessa estante, você anda muito tempo encostada parece até que ficou preguiçosa. Logo você? Deve ser a idade, não é mesmo? Eu entendo, eu realmente lhe entendo. O seu genro aqui está se mostrando realmente mais veloz do que a encomenda, embora tenha estragado o seu teclado de maneira tristonha. Não tem problema, eu gosto de feridos de guerra, e esse computador é um deles, ele não aguentou o modo como martelava as palavras, tal como você aguentava.
Enfim, vamos passar um pano nessa poeira. Eu senti saudades, sabe? Muitas saudades, você não sabe o quanto você poderia ter me ajudado nas noites de tristeza no passado. Ah, deixa para lá, o passado só lhe confere o museu, e você minha cara, deve manter-se sempre viva e alerta para não se tornar inútil.
Vamos abrir essa tampa? Hum? Já está se insinuando para mim? Você não perde o tempo mesmo, para uma trintona você está inteiraça, os circuitos em plena forma e suas sinuosas teclas eriçam os pêlos de minha nuca. Que belas teclas que você tem. Se você fosse uma mulher, seria como a Michelle Pfeifer ou melhor a Demi Moore, já que você é morena. Eu realmente não entendo essa coisa de máquinas de escrever envelhecerem mais rápido do que as pessoas, eu realmente não entendo. Pelo menos os anos não chegaram a você, ainda bem.
Sabe foi você que me iniciou na vida, costumo brincar que a minha primeira vez foi com você, escrevendo é claro. Sua maliciosa! Foi em suas teclas que aprendi a juntar as palavras e a brincar com elas, tal como as crianças brincam de travessuras na primavera.
Sim, eu retomei o gosto pela escrita minha querida, depois de muito tempo. Aconteceram coisas na minha vida que agora deixo para o passado. Vejamos, aqui, aqui está o refil. Sabia que ele é muito especial, eu tive que encomendá-lo da fábrica, sim, lá da sua velha mãe, a megera da Olivetti, demorou muito para chegar, mas enfim chegou.
Brincadeiras à parte, eu queria ter escrito nesses dias em ti do que no seu arqui-inimigo, tal como queria ter dividido minhas esperanças, medos e experiências nesses dois meses que se passaram. Dois meses! Parece que foi mais, tanto faz, hoje eu sei que nós colocaremos muita conversa em dia, eu e você, o que acha?
Pronto, o refil encaixou. E nossa, como você ficou bonita agora, esse refil novo destaca as suas letras. Se você fosse uma mulher com certeza estaria agora com um biquíni bem provocativo. Sim, eu sei, eu estou de brincadeira, não precisa fazer fita, eu sei que estou passando dos limites.
Então, minha cara? Vamos tentar? Mais uma vez. Vamos. Vai ser legal, vai ser gostoso. Eu escrevo em suas teclas e você exala aqueles gemidos metálicos que só você consegue fazer. Isso, isso mesmo. Vamos lá.
Aperto a primeira tecla, tal como um adolescente aperta o primeiro sutiã da amada. Apertei o A... Você me vem com um F. Não pode ser, não é possível. Apertei um S, vem um A.
Não, não!
L, B. Aperto o G, vem um ponto. E nem era o ponto G. Você está de brincadeira comigo, não é possível. Eu gostava de você como pode fazer isso comigo? Aperto a letra C, vem o número 3. Mas porquê, eu não te entendo.
Foi porque eu te deixei encostada na minha estante? Mas não foi culpa minha, o refil tinha acabado. Não faz isso comigo. Vamos tentar de novo. Descanse um pouquinho e aí eu te ligo de novo. Letra A... FILHA DA... Tudo bem, calma.
Eu não esperava isso, realmente não esperava. Você está de birra não está, tudo bem, não vou mimá-la mais, você vai ficar aí parada enquanto eu escrevo aqui nesse computador que eu sei que você odeia. Você merece, quem mandou fazer birra, agora aguente. Depois de tanto tempo você me faz isso, é por isso que eu gosto de você; É por isso que você é a minha máquina de escrever.
O embuste bolivariano
Na semana passada mais um fato estampou os jornais mundiais: Hugo Chavez morreu após quase dois anos tentando tratar um câncer.
Não que isso tenha me surpreendido, eu já sabia que Chavez estava prestes a morrer há um bom tempo. Não foram poucos os jornais, sobretudo o El País, que noticiavam que Chavez tinha sido submetido a um tratamento porco em Cuba. Sim, tratamento porco em Cuba, falei isso mesmo.
É mistificada demais a medicina cubana, na verdade, é certo que no regime dos Castro há um médico para cada oitenta habitantes, ou algo parecido, talvez por causa da influência do Che Guevara na ilha, mas a medicina cubana é realmente falha.
Não que eu esteja desmerecendo os médicos, mas tecnicamente, as condições sanitárias e materiais existentes na ilha impedem um avanço significativo na medicina na ilha, mas nesse caso, o erro foi mesmo médico:
Aparentemente um dos médicos, devia ser um rapaz trabalhando sob a pressão de tratar um chefe de estado, perfurou sem querer a zona cancerosa liberando as células cancerígenas na corrente sanguínea, após esse trabalho porco, Chavez começou a dar sinais de covalecência.
Na verdade, o próprio Hugo tinha denunciado os Estados Unidos por supostamente "contaminarem" chefes latino-americanos com o câncer. Primeiro teria sido Fidel, depois Dilma, Lula, Cristina Kichner e depois ele próprio.
Não que julgue a CIA inocente, ou que ache normal que uma coleção de cânceres tenha surgido num passar de dois ou três anos, mas o fato é que Hugo não perdeu a oportunidade de atacar os Estados Unidos, os quais, para ele "eram o supro representante do imperialismo yankee".
Imperialismo yankee. Nada mais, nada menos que isso. Como era fácil culpar os Estados Unidos por tudo, o governo norte-americano tem sua culpa sim, financiou Noriega nos anos 80, financiou Pinochet nos eventos dramáticos de '76, a ditadura brasileira, etc. Sim, Washington tem muita culpa para lavar, mas será que nós também não temos culpa? Quero dizer, será que o nosso sub-desenvolvimento não teria sido também produto de medidas equivocadas de nossa parte. Eu acho que sim.
Em todo o caso, o governo venezuelano culpava a bolha inflacionária que o seu país hoje enfrenta, de absurdos 30% ao mês, aos especuladores, que brigavam contra o governo para despojar o povo de seu prato de comida. Nada como um pouco de populismo para acabar com as massas.
O engraçado é que a maior parte dos produtos agrícolas é vendida justamente para o governo que distribui ao povo, então como pode ser a culpa dos especuladores se o próprio governo faz parte dessa cadeia produtiva?
E mais, essa postura também se refere às técnicas agrícolas venezuelanas, aos problemas climáticos e também agrários, além do absurdo total, a hipertrofia da máquina pública e o campesinato não anda muito motivado em produzir, afinal ele também recebe auxílio do governo. A questão é bem mais complicada do que parece, na verdade, boas áreas produtivas venezuelanas são expropriadas pelo governo para extrair o petróleo e vender justamente para quem? Estados Unidos.
Olha só, os Estados Unidos. O maior parceiro comercial venezuelano, e um dos destinos preferidos da classe média bolivariana que se enriqueceu por meio dos petrodoláres e da máquina pública venezuelana. Nada como um "bom marxista bolivariano" gastando em roupas e ipods em Miami.
Enfim, eu não posso esconder que eu sinto repulsa toda vez que ouço o nome de Chavez. Para mim, ele sempre foi a releitura de Benito Mussolini, pelo seus gestos e feições, além disso via nele um hipócrita que denunciava os Estados Unidos, falava mal do Bush, mas vendia os seus barris de petróleo para os Estados Unidos, alimentando de alguma forma o mecanismo que ele condenava e mais ainda a máquina de guerra norte-americana.
Em todo caso, hoje eu não odeio os Estados Unidos, embora o próprio governo norte-americano tenha tomado medidas odiosas com o passar do tempo, eu odeio as pessoas que incitam o ódio mas se alimentam justamente daquilo que condenam, é uma hipocrisia intelectual quase. Na verdade é;.
O capitalismo é a forma pela qual as riquezas são geradas, mas não são distribuídas de forma justa. No bolivarianismo, não se sabe quais riquezas são geradas, e quando são, são vendidas ao capitalismo internacional e povo passa fome.
A Venezuela não vive uma revolução educacional, nem médica. Não tem os piores índices da América do Sul, mas perto de outros vizinhos, está bem atrasada tecnicamente. Dizem que ela está perto de erradicar o analfabetismo, se for verdade, mérito dos professores e não do governo, afinal de contas é parco o auxílio do governo às escolas no interior das províncias, com condições estruturais tão ou mais ruins do que a das escolas do interior do Agreste.
A Revolução Boliviariana não passa de uma enganação, pelo menos para mim, pois apenas deixou o povo ainda mais ligado a um líder, que apesar de tudo, tinha carisma, recebia ajuda do governo em forma de dinheiro (e não trabalho, considerando que o trabalho é uma coisa supervalorizada na ideologia marxista) retirado dos petrodoláres e das taxações sobre os importados. Parece Robin Hood, mas parando para pensar a população pobre venezuelana deixou de ser pobre por causa disso, não, só passou a ser dependente do Estado. Interessante, uma releitura do antigo cabildo e retomando a ideia de Bolivar de construir uma ditadura aos moldes romanos na América Latina.
Chavez poderia ter construído uma, na verdade, eu acredito que ele construiu, muito embora a oposição ao chavismo também não seja algo de respeito, em verdade, a política venezuelana consegue ser até pior do que a nossa.
Em todo caso, a quebra da constituição bolivariana, editada por não menos que o próprio bloco chavista, bem como fechamento de alguns jornais de oposição e outros veículos complicavam a situação "democrática" venezuelana.
A questão da sucessão de Chavez poderia ter se acirrado ainda mais, se os seguidores de Chavez não tivessem decidido fazer eleições para o mês de abril. O cenário estava tão polarizado e a oposição tão cheia das arrogantes interpretações dos chavistas que a coisa poderia até dar em guerra civil ainda bem que serão feitas eleições. Eu tenho plena certeza que o bloco chavista ganhará, até porque tem uma base popular que cresceu com a morte de Chavez, em todo caso o embuste bolivariano é tentar convencer as massas de que aquilo é um socialismo, sendo que não passa um regime paternalista e populista que apenas deseja manter uma classe diligente no poder.
A morte de Chavez não foi tão dramática quanto a de Allende (na verdade, eu sinto empatia quanto penso no velho presidente chileno, com o palácio cercado sob o bombardeio, o pessoal da sua guarda indo de um lado para outro, e ele com o suor irrompendo na testa e o cabelo desgranhado decide por fim à sua própria vida), não foi tão comovente quanto a de Getúlio (que viveu e morreu como populista), não, foi uma morte como outra qualquer, câncer, e mesmo assim trouxe um grande problema político, e tudo porque, porque Chavez moldou pessoalmente o estado venezuelano.
Eu me pergunto se as próximas gerações que surgiram lembraram de Chavez, o que elas acharão dele? Será que o acharão como Peron, que apesar de meio canastrão, é reverenciado na Argentina até hoje, ou o esquecerão como Getúlio. Espero a segunda opção pessoalmente, mas sei que será quase impossível devido ao embuste boliviariano.
Não que isso tenha me surpreendido, eu já sabia que Chavez estava prestes a morrer há um bom tempo. Não foram poucos os jornais, sobretudo o El País, que noticiavam que Chavez tinha sido submetido a um tratamento porco em Cuba. Sim, tratamento porco em Cuba, falei isso mesmo.
É mistificada demais a medicina cubana, na verdade, é certo que no regime dos Castro há um médico para cada oitenta habitantes, ou algo parecido, talvez por causa da influência do Che Guevara na ilha, mas a medicina cubana é realmente falha.
Não que eu esteja desmerecendo os médicos, mas tecnicamente, as condições sanitárias e materiais existentes na ilha impedem um avanço significativo na medicina na ilha, mas nesse caso, o erro foi mesmo médico:
Aparentemente um dos médicos, devia ser um rapaz trabalhando sob a pressão de tratar um chefe de estado, perfurou sem querer a zona cancerosa liberando as células cancerígenas na corrente sanguínea, após esse trabalho porco, Chavez começou a dar sinais de covalecência.
Na verdade, o próprio Hugo tinha denunciado os Estados Unidos por supostamente "contaminarem" chefes latino-americanos com o câncer. Primeiro teria sido Fidel, depois Dilma, Lula, Cristina Kichner e depois ele próprio.
Não que julgue a CIA inocente, ou que ache normal que uma coleção de cânceres tenha surgido num passar de dois ou três anos, mas o fato é que Hugo não perdeu a oportunidade de atacar os Estados Unidos, os quais, para ele "eram o supro representante do imperialismo yankee".
Imperialismo yankee. Nada mais, nada menos que isso. Como era fácil culpar os Estados Unidos por tudo, o governo norte-americano tem sua culpa sim, financiou Noriega nos anos 80, financiou Pinochet nos eventos dramáticos de '76, a ditadura brasileira, etc. Sim, Washington tem muita culpa para lavar, mas será que nós também não temos culpa? Quero dizer, será que o nosso sub-desenvolvimento não teria sido também produto de medidas equivocadas de nossa parte. Eu acho que sim.
Em todo o caso, o governo venezuelano culpava a bolha inflacionária que o seu país hoje enfrenta, de absurdos 30% ao mês, aos especuladores, que brigavam contra o governo para despojar o povo de seu prato de comida. Nada como um pouco de populismo para acabar com as massas.
O engraçado é que a maior parte dos produtos agrícolas é vendida justamente para o governo que distribui ao povo, então como pode ser a culpa dos especuladores se o próprio governo faz parte dessa cadeia produtiva?
E mais, essa postura também se refere às técnicas agrícolas venezuelanas, aos problemas climáticos e também agrários, além do absurdo total, a hipertrofia da máquina pública e o campesinato não anda muito motivado em produzir, afinal ele também recebe auxílio do governo. A questão é bem mais complicada do que parece, na verdade, boas áreas produtivas venezuelanas são expropriadas pelo governo para extrair o petróleo e vender justamente para quem? Estados Unidos.
Olha só, os Estados Unidos. O maior parceiro comercial venezuelano, e um dos destinos preferidos da classe média bolivariana que se enriqueceu por meio dos petrodoláres e da máquina pública venezuelana. Nada como um "bom marxista bolivariano" gastando em roupas e ipods em Miami.
Enfim, eu não posso esconder que eu sinto repulsa toda vez que ouço o nome de Chavez. Para mim, ele sempre foi a releitura de Benito Mussolini, pelo seus gestos e feições, além disso via nele um hipócrita que denunciava os Estados Unidos, falava mal do Bush, mas vendia os seus barris de petróleo para os Estados Unidos, alimentando de alguma forma o mecanismo que ele condenava e mais ainda a máquina de guerra norte-americana.
Em todo caso, hoje eu não odeio os Estados Unidos, embora o próprio governo norte-americano tenha tomado medidas odiosas com o passar do tempo, eu odeio as pessoas que incitam o ódio mas se alimentam justamente daquilo que condenam, é uma hipocrisia intelectual quase. Na verdade é;.
O capitalismo é a forma pela qual as riquezas são geradas, mas não são distribuídas de forma justa. No bolivarianismo, não se sabe quais riquezas são geradas, e quando são, são vendidas ao capitalismo internacional e povo passa fome.
A Venezuela não vive uma revolução educacional, nem médica. Não tem os piores índices da América do Sul, mas perto de outros vizinhos, está bem atrasada tecnicamente. Dizem que ela está perto de erradicar o analfabetismo, se for verdade, mérito dos professores e não do governo, afinal de contas é parco o auxílio do governo às escolas no interior das províncias, com condições estruturais tão ou mais ruins do que a das escolas do interior do Agreste.
A Revolução Boliviariana não passa de uma enganação, pelo menos para mim, pois apenas deixou o povo ainda mais ligado a um líder, que apesar de tudo, tinha carisma, recebia ajuda do governo em forma de dinheiro (e não trabalho, considerando que o trabalho é uma coisa supervalorizada na ideologia marxista) retirado dos petrodoláres e das taxações sobre os importados. Parece Robin Hood, mas parando para pensar a população pobre venezuelana deixou de ser pobre por causa disso, não, só passou a ser dependente do Estado. Interessante, uma releitura do antigo cabildo e retomando a ideia de Bolivar de construir uma ditadura aos moldes romanos na América Latina.
Chavez poderia ter construído uma, na verdade, eu acredito que ele construiu, muito embora a oposição ao chavismo também não seja algo de respeito, em verdade, a política venezuelana consegue ser até pior do que a nossa.
Em todo caso, a quebra da constituição bolivariana, editada por não menos que o próprio bloco chavista, bem como fechamento de alguns jornais de oposição e outros veículos complicavam a situação "democrática" venezuelana.
A questão da sucessão de Chavez poderia ter se acirrado ainda mais, se os seguidores de Chavez não tivessem decidido fazer eleições para o mês de abril. O cenário estava tão polarizado e a oposição tão cheia das arrogantes interpretações dos chavistas que a coisa poderia até dar em guerra civil ainda bem que serão feitas eleições. Eu tenho plena certeza que o bloco chavista ganhará, até porque tem uma base popular que cresceu com a morte de Chavez, em todo caso o embuste bolivariano é tentar convencer as massas de que aquilo é um socialismo, sendo que não passa um regime paternalista e populista que apenas deseja manter uma classe diligente no poder.
A morte de Chavez não foi tão dramática quanto a de Allende (na verdade, eu sinto empatia quanto penso no velho presidente chileno, com o palácio cercado sob o bombardeio, o pessoal da sua guarda indo de um lado para outro, e ele com o suor irrompendo na testa e o cabelo desgranhado decide por fim à sua própria vida), não foi tão comovente quanto a de Getúlio (que viveu e morreu como populista), não, foi uma morte como outra qualquer, câncer, e mesmo assim trouxe um grande problema político, e tudo porque, porque Chavez moldou pessoalmente o estado venezuelano.
Eu me pergunto se as próximas gerações que surgiram lembraram de Chavez, o que elas acharão dele? Será que o acharão como Peron, que apesar de meio canastrão, é reverenciado na Argentina até hoje, ou o esquecerão como Getúlio. Espero a segunda opção pessoalmente, mas sei que será quase impossível devido ao embuste boliviariano.
sexta-feira, 8 de março de 2013
Pequeno editorial de uma sexta-feira
Escusado será dizer que a história anda, antes que os pós-modernos de plantão digam que a história não tem um sentido, deve-se dizer que nem por isso ela deixa de existir.
O mundo não parou um só momento, sempre anda ao seu ritmo, com contratempos e infortúnios. Desde a "Primavera Árabe" que no início tinha uma proposta libertária, e agora está caindo nas vias das ditaduras, até mesmo questões inimagináveis tempos atrás:
O papa renunciou, um meteoro caiu na Rússia causando grande alvoroço, descobriram o corpo de um rei num estacionamento na Inglaterra, Chavez morreu, a Coreia do Norte anda fazendo terror emocional mais uma vez, Berlusconi pode ser preso e assim vai.
Isso tudo no decurso de um mês!
Quem ousará dizer que isso não são mudanças? Decerto um louco ou um cego, o sentido dessas mudanças ainda está em aberto, pois se trata do presente não do passado, e não podemos prever o futuro com total exatidão quanto podemos prever o que aconteceu no passado.
Mas a graça da vida é justamente essa, é que ela muda e é passageira. Como eu disse, escusado será dizer que a história anda, e com ela nós andamos juntos, resta saber para onde. No futuro saberemos para onde fomos.
O mundo não parou um só momento, sempre anda ao seu ritmo, com contratempos e infortúnios. Desde a "Primavera Árabe" que no início tinha uma proposta libertária, e agora está caindo nas vias das ditaduras, até mesmo questões inimagináveis tempos atrás:
O papa renunciou, um meteoro caiu na Rússia causando grande alvoroço, descobriram o corpo de um rei num estacionamento na Inglaterra, Chavez morreu, a Coreia do Norte anda fazendo terror emocional mais uma vez, Berlusconi pode ser preso e assim vai.
Isso tudo no decurso de um mês!
Quem ousará dizer que isso não são mudanças? Decerto um louco ou um cego, o sentido dessas mudanças ainda está em aberto, pois se trata do presente não do passado, e não podemos prever o futuro com total exatidão quanto podemos prever o que aconteceu no passado.
Mas a graça da vida é justamente essa, é que ela muda e é passageira. Como eu disse, escusado será dizer que a história anda, e com ela nós andamos juntos, resta saber para onde. No futuro saberemos para onde fomos.
Terror psicológico: Pyongyang
Nos últimos dias, o regime norte-coreano rasgou o tratado de Não-Agressão que havia assinado com a Coreia do Sul e os Estados Unidos há quase sessenta anos atrás. Sob a "ameaça" de um "ataque iminente" dos Estados Unidos, o monarquia vermelha dos Kim anda ameaçando o mundo com os seus novos brinquedinhos, misseis balísticos inter-continentais carregados de ogivas nucleares.
O programa nuclear norte-coreano vem se arrastando aos trancos e barrancos por meio do contrabando do mercado negro, e de uma omissa vigilância de seus vizinhos e aliados. Em todo o caso, não é interessante nem para Pequim, aliado histórico da Coreia do Norte, nem para a Rússia, que anda com uma postura ambígua quanto às relações internacionais, atualmente, uma nova guerra, muito menos com ogivas nucleares.
A questão é que nem para os Estados Unidos e nem para Coreia do Norte também é. Qualquer ataque norte-coreano de natureza nuclear resultará na franca destruição do território, e com o respaldo das Nações Unidas ainda.
Se bem que a Coreia do Norte já é um país destruído, destruído pelo próprio totalitarismo, um país que não parece ter futuro além dessa continuação stalinista que a segreda à clausura. Diante dos contínuos embargos econômicos ao pequeno país na península coreana, desenvolve-se esse terrorismo psicológico em busca de ajuda humanitária da comunidade internacional.
A proposta de Pyongyang não é séria, todo mundo sabe disso, essa ameaça continua se arrasta desde os anos 90 quando o regime norte-coreano permaneceu como um pária da comunidade internacional, e com isso ganhou grandes recursos de ajuda internacional dos outros países numa das maiores fomes que esse pequeno território enfrentou por volta de 1998.
Ano passado mesmo, o Brasil chegou a doar gratuitamente toneladas de arroz e grãos de soja para a Coreia do Norte com base na doutrina da boa diplomacia, utilizada pelo Brasil desde o período imperial... Mas chega a ser absurdo que um país com o terceiro ou quarto maior exército do mundo, com um arsenal nuclear em ascensão ainda vivenciar o dilema da fome.
A Coreia do Norte vivencia o dilema da fome porque o próprio sistema não é dinâmico no contexto agrário, estipula planos quinquenais absurdos, não investe na mecanização da agricultura ou engenharia genética, tem um solo terrivelmente pobre e poucos recursos naturais.
Não há incentivos para os agricultores nas cooperativas agrícolas estatais, na medida em que trabalham para se manterem na fome, e tal como outros regimes, apenas uma camada, ligada ao Partido Comunista e ao Exército que detêm os privilégios, e o Exército é bem tratado porque é ele que suporta o regime como um todo.
A Coreia é um grande quartel, tal como foi Esparta, o Paraguai com Solano, etc. Não pensa em outra coisa do que senão em guerra, na verdade esse militarismo norte-coreano mostra bem o anacronismo do regime frente a realidade atual, para a Coreia do Norte, para um país ser forte, tem que conquistar territórios e ter um grande exército, enquanto hoje, um país forte se define pela sua tecnologia e depois por sua economia.
Bem, a Coreia ameaça o mundo por sua inveja megalomaníaca pelo seu vizinho do sul, que é bem afortunado, recebeu uma absurda ajuda do governo norte-americano e tem como única praga o cantor Psy, é um país ágil e dinâmico ao contrário da Coreia do Norte.
Querendo ou não como já disse anteriormente, o Junche é a doutrina mais insana que eu já vi, uma sociedade que se diz socialista mas tem poder hereditário, a Bielorrussia anda copiando essa falência e não à toa também é um pária da comunidade internacional.
Em todo o caso, o terrorismo psicológico norte-coreano é explicado unicamente pela sua megalomania de pequeno país rodeado por vizinhos mais afortunados, inimigo de todo mundo, isolado, e por essa razão, vê-se no direito de entrar em guerra com todo mundo.
Mas como eu disse, a Coreia do Norte se entrar em guerra nuclear hoje, é varrida do mapa. O medo é o equilíbrio do terror, os Estados Unidos e a Coreia do Norte acabam não usando armas nucleares e sim uma guerra convencional, mas sempre ficará presente o medo do uso das ogivas nucleares no caso de uma saída para a derrota iminente dos norte-coreanos.
E a China? A guerra não interessa à China, que tem como maior parceiro comercial justamente os Estados Unidos, quem no mundo compra mais quinquilharias Made in China no mundo? Estados Unidos. Quem mais investe na China? Novamente os Estados Unidos.
Se a China entrasse em guerra era declarar por encerrado o seu milagre econômico/revolução industrial de uma vez por todas, por essa razão que ela ficou contrária a decisão de Pyongyang. Além do mais, não é interessante para China ter outro vizinho com armas nucleares em mãos, na verdade isso até a preocupa, não bastasse a Índia, a Rússia, agora também a Coreia do Norte?
Na verdade, numa iminente guerra, o pragmatismo político iria imperar, e com certeza, a China iria defender os seus interesses, se colocando ao lado dos Estados Unidos, Coreia do Sul e até do Japão, a questão é como iria se explicar depois teoricamente, uma luta contra um antigo aliado que também era tão ditatorial quanto a China, o regime chinês poderia até cair, na verdade. Por isso não é interessante a instabilidade na região para a China.
Não é interessante para a Coreia do Norte, além da ajuda internacional, nem para a China, mas e para os Estados Unidos?
Isso resultaria numa nova guerra em um local inóspito e longínquo da qual o Tesouro norte-americano está tentando fugir, na verdade, a crise de 2008 também é relacionada com as duas guerras no Oriente-Médio. Os Estados Unidos não querem se envolver em guerras, por essa razão não estão intervindo no Mali, na Síria e em outros lugares do mundo, porque agora não é interessante, contudo, os Estados Unidos terão que agir se a Coreia do Norte atacar a vizinha do sul e o Japão.
Nesse jogo, o Japão é o elo mais fraco, mesmo estando numa ilha rochosa. A Coreia do Sul está mais próxima, e por isso mais vulnerável a um ataque maciço, mas ela tem um exército à altura, não tão grande quanto o norte-coreano, mas ela vai se defender bem, o Japão não tem isso, e não terá como responder à altura tão rápido, já que não tem forças armadas terrestres em virtude do tratado com os Estados Unidos.
Esse sim é o grande temor no Extremo Oriente, do Japão cair na sua própria fragilidade, e como os EUA não andam tão fortes, isso não é muito difícil de acontecer. Em todo caso, outros atores podem surgir, como a Austrália, a Rússia e outros, deixando o jogo um pouco mais complexo.
Em todo caso, a Coreia do Norte dificilmente irá se arriscar a entrar num conflito aberto e se entrar mostrará logo suas fragilidades internas e externas ao cenário internacional e possivelmente o regime dos Kim pode até cair, já que poderá perder o seu "status divino" e de potência assustadora numa possível derrota.
A comunidade internacional sabe o que a Coreia do Norte está tentando fazer e isso não assusta mais ninguém, a Coreia do Norte é definitivamente um "tigre de papel" que fica tentando se arriscar em uma partida de War qualquer, quando o cenário já é outro.
Enfim, essas são minhas ideias gerais do que irá acontecer ainda nessa semana ou na outra: A Coreia do Norte vai continuar ameaçando todo mundo, a ONU vai tentar negociar, os norte-coreanos vão aceitar um acordo onde eles retomam a não-agressão em troca de comida e o país vai continuar isolado internacionalmente. Se eu não acertar, lembrem-se, eu não sou Mãe Diná.
PS: O uso do termo "terror psicológico" não é a alusão à doutrina do Bush do Eixo do Mal, mas sim à prática em si de ameaças e fustigações para conseguir vantagens através das emoções. Eu estou falando no conceito psicológico do termo e não no conceito atual do que seria terrorismo.
O programa nuclear norte-coreano vem se arrastando aos trancos e barrancos por meio do contrabando do mercado negro, e de uma omissa vigilância de seus vizinhos e aliados. Em todo o caso, não é interessante nem para Pequim, aliado histórico da Coreia do Norte, nem para a Rússia, que anda com uma postura ambígua quanto às relações internacionais, atualmente, uma nova guerra, muito menos com ogivas nucleares.
A questão é que nem para os Estados Unidos e nem para Coreia do Norte também é. Qualquer ataque norte-coreano de natureza nuclear resultará na franca destruição do território, e com o respaldo das Nações Unidas ainda.
Se bem que a Coreia do Norte já é um país destruído, destruído pelo próprio totalitarismo, um país que não parece ter futuro além dessa continuação stalinista que a segreda à clausura. Diante dos contínuos embargos econômicos ao pequeno país na península coreana, desenvolve-se esse terrorismo psicológico em busca de ajuda humanitária da comunidade internacional.
A proposta de Pyongyang não é séria, todo mundo sabe disso, essa ameaça continua se arrasta desde os anos 90 quando o regime norte-coreano permaneceu como um pária da comunidade internacional, e com isso ganhou grandes recursos de ajuda internacional dos outros países numa das maiores fomes que esse pequeno território enfrentou por volta de 1998.
Ano passado mesmo, o Brasil chegou a doar gratuitamente toneladas de arroz e grãos de soja para a Coreia do Norte com base na doutrina da boa diplomacia, utilizada pelo Brasil desde o período imperial... Mas chega a ser absurdo que um país com o terceiro ou quarto maior exército do mundo, com um arsenal nuclear em ascensão ainda vivenciar o dilema da fome.
A Coreia do Norte vivencia o dilema da fome porque o próprio sistema não é dinâmico no contexto agrário, estipula planos quinquenais absurdos, não investe na mecanização da agricultura ou engenharia genética, tem um solo terrivelmente pobre e poucos recursos naturais.
Não há incentivos para os agricultores nas cooperativas agrícolas estatais, na medida em que trabalham para se manterem na fome, e tal como outros regimes, apenas uma camada, ligada ao Partido Comunista e ao Exército que detêm os privilégios, e o Exército é bem tratado porque é ele que suporta o regime como um todo.
A Coreia é um grande quartel, tal como foi Esparta, o Paraguai com Solano, etc. Não pensa em outra coisa do que senão em guerra, na verdade esse militarismo norte-coreano mostra bem o anacronismo do regime frente a realidade atual, para a Coreia do Norte, para um país ser forte, tem que conquistar territórios e ter um grande exército, enquanto hoje, um país forte se define pela sua tecnologia e depois por sua economia.
Bem, a Coreia ameaça o mundo por sua inveja megalomaníaca pelo seu vizinho do sul, que é bem afortunado, recebeu uma absurda ajuda do governo norte-americano e tem como única praga o cantor Psy, é um país ágil e dinâmico ao contrário da Coreia do Norte.
Querendo ou não como já disse anteriormente, o Junche é a doutrina mais insana que eu já vi, uma sociedade que se diz socialista mas tem poder hereditário, a Bielorrussia anda copiando essa falência e não à toa também é um pária da comunidade internacional.
Em todo o caso, o terrorismo psicológico norte-coreano é explicado unicamente pela sua megalomania de pequeno país rodeado por vizinhos mais afortunados, inimigo de todo mundo, isolado, e por essa razão, vê-se no direito de entrar em guerra com todo mundo.
Mas como eu disse, a Coreia do Norte se entrar em guerra nuclear hoje, é varrida do mapa. O medo é o equilíbrio do terror, os Estados Unidos e a Coreia do Norte acabam não usando armas nucleares e sim uma guerra convencional, mas sempre ficará presente o medo do uso das ogivas nucleares no caso de uma saída para a derrota iminente dos norte-coreanos.
E a China? A guerra não interessa à China, que tem como maior parceiro comercial justamente os Estados Unidos, quem no mundo compra mais quinquilharias Made in China no mundo? Estados Unidos. Quem mais investe na China? Novamente os Estados Unidos.
Se a China entrasse em guerra era declarar por encerrado o seu milagre econômico/revolução industrial de uma vez por todas, por essa razão que ela ficou contrária a decisão de Pyongyang. Além do mais, não é interessante para China ter outro vizinho com armas nucleares em mãos, na verdade isso até a preocupa, não bastasse a Índia, a Rússia, agora também a Coreia do Norte?
Na verdade, numa iminente guerra, o pragmatismo político iria imperar, e com certeza, a China iria defender os seus interesses, se colocando ao lado dos Estados Unidos, Coreia do Sul e até do Japão, a questão é como iria se explicar depois teoricamente, uma luta contra um antigo aliado que também era tão ditatorial quanto a China, o regime chinês poderia até cair, na verdade. Por isso não é interessante a instabilidade na região para a China.
Não é interessante para a Coreia do Norte, além da ajuda internacional, nem para a China, mas e para os Estados Unidos?
Isso resultaria numa nova guerra em um local inóspito e longínquo da qual o Tesouro norte-americano está tentando fugir, na verdade, a crise de 2008 também é relacionada com as duas guerras no Oriente-Médio. Os Estados Unidos não querem se envolver em guerras, por essa razão não estão intervindo no Mali, na Síria e em outros lugares do mundo, porque agora não é interessante, contudo, os Estados Unidos terão que agir se a Coreia do Norte atacar a vizinha do sul e o Japão.
Nesse jogo, o Japão é o elo mais fraco, mesmo estando numa ilha rochosa. A Coreia do Sul está mais próxima, e por isso mais vulnerável a um ataque maciço, mas ela tem um exército à altura, não tão grande quanto o norte-coreano, mas ela vai se defender bem, o Japão não tem isso, e não terá como responder à altura tão rápido, já que não tem forças armadas terrestres em virtude do tratado com os Estados Unidos.
Esse sim é o grande temor no Extremo Oriente, do Japão cair na sua própria fragilidade, e como os EUA não andam tão fortes, isso não é muito difícil de acontecer. Em todo caso, outros atores podem surgir, como a Austrália, a Rússia e outros, deixando o jogo um pouco mais complexo.
Em todo caso, a Coreia do Norte dificilmente irá se arriscar a entrar num conflito aberto e se entrar mostrará logo suas fragilidades internas e externas ao cenário internacional e possivelmente o regime dos Kim pode até cair, já que poderá perder o seu "status divino" e de potência assustadora numa possível derrota.
A comunidade internacional sabe o que a Coreia do Norte está tentando fazer e isso não assusta mais ninguém, a Coreia do Norte é definitivamente um "tigre de papel" que fica tentando se arriscar em uma partida de War qualquer, quando o cenário já é outro.
Enfim, essas são minhas ideias gerais do que irá acontecer ainda nessa semana ou na outra: A Coreia do Norte vai continuar ameaçando todo mundo, a ONU vai tentar negociar, os norte-coreanos vão aceitar um acordo onde eles retomam a não-agressão em troca de comida e o país vai continuar isolado internacionalmente. Se eu não acertar, lembrem-se, eu não sou Mãe Diná.
PS: O uso do termo "terror psicológico" não é a alusão à doutrina do Bush do Eixo do Mal, mas sim à prática em si de ameaças e fustigações para conseguir vantagens através das emoções. Eu estou falando no conceito psicológico do termo e não no conceito atual do que seria terrorismo.
sábado, 2 de março de 2013
Outono
Hoje o outono chegou mais cedo...
As folhas começam a cair bem devagar, o vento acerca nos galhos e irrompe gemidos das flores. O sol se esconde no meio das nuvens e a manhã desce preguiçosa no céu. Tenho vontade de chorar, mas a amarga terra seca não merece nenhuma lágrima do meu rosto.
Os acordes de um piano recitam na minha mente indicando que uma nova fase passou, que o passado enfim acabou, as folhas caem como a serpentina de um carnaval passado, o gramado fica tomado delas, mesmo assim não parece mais do que um pequeno tapete laranja, frágil e delicado.
Sim, sem ameaça mais de chuvas, sem mais ventos e inspirações. A seca está chegando e com ela se vão os meus sentimentos passageiros... Reticências, mais reticências. Sinto os acordes na minha mente vibrarem junto com o meu coração.
O outono chegou e com ele se vai o que já passou. Tudo agora é mais delicado e mais triste, a chuva deixa de cair, mas mesmo assim é como se não deixasse. O outono chegou e chegou para ficar.
sexta-feira, 1 de março de 2013
Hoje é o seu aniversário
Hoje é o seu aniversário, meus parabéns.
Sim, meus parabéns, minha querida, você não sabe a vontade de lhe dizer isso e abraçá-la nesse dia. Nós dois sabemos que nada demais acontecerá, mas eu queria expressar alguma coisa a mais do que essa pequena postagem.
Fico grato por ter um dia te conhecido, mesmo depois de tudo o que aconteceu, das desventuras e de todas as sinuosidades da vida e queria comemorar esse dia com você, mas não. Eu acho melhor não, em todo caso feliz aniversário.
Sabe, eu não esqueci esse dia, primeiro de março, eu o lembrei de alguma forma, não sei como, não sei porquê. Comprei-lhe até um presente, um livro que hoje descansa ainda embrulhado na minha gaveta, não tenho mais coragem de entregá-lo. Acho que não seria bom também, você sabe o quanto eu gosto de ser formalista com essas coisas e acabaria criando uma bela cena.
Sim, eu fiz essa loucura. Comprei-lhe esse presente mesmo sem saber se você iria gostar; eu o comprei de coração, mas não sabia bem o que você queria, foi por isso que escolhi um dos meus livros favoritos.
Sim, foi meio arbitrário, mas em todo o caso acabei comprando, no entanto hoje eu não tenho a coragem de entregá-lo. O que é uma pena, afinal, eu queria vê-la ficar vermelha, seja de ódio, por eu ainda não ter largado do seu pé, ou de vergonha, por eu ainda ter lembrado do seu aniversário. Que seja, eu iria divertir muito.
É claro que eu duvido muito que você sorriria, você ficaria séria e tentaria de todas as formas tentar me devolver o presente, na verdade, eu já tinha essa cena em mente. Achei melhor deixar guardado na minha gaveta, junto com os meus textos e papelotes, como alguma forma de recordação.
Hoje olho o tal pacote com um embrulho no estômago, seja de vergonha, seja de tristeza, mas enfim, não quero que entenda isso, é melhor me deixar de lado nesse dia. Alegria. Hoje é o dia do seu aniversário e comemore da melhor forma possível: Com a família, com os amigos, num cinema, numa festa ou algo que lhe divirta.
Seja paparicada, sinta-se arrogante hoje. Feliz aniversário! Você certamente merece, mais do que muitos outros,já que, querendo ou não, você é especial para mim, foi por isso que comprei esse pequeno livro e dediquei essa postagem a você.
Essa também é a última postagem que eu lhe dedico. Apesar de tudo é hora de evoluir; Feliz Aniversário e muitas boas histórias.
PS: Embora eu tenha lembrado o seu aniversário, faça-me o obséquio de esquecer o meu, não há nada a ser comemorado ou parabenizado. É perca de tempo, permita-me tal luxo no dia do meu aniversário.
Sim, meus parabéns, minha querida, você não sabe a vontade de lhe dizer isso e abraçá-la nesse dia. Nós dois sabemos que nada demais acontecerá, mas eu queria expressar alguma coisa a mais do que essa pequena postagem.
Fico grato por ter um dia te conhecido, mesmo depois de tudo o que aconteceu, das desventuras e de todas as sinuosidades da vida e queria comemorar esse dia com você, mas não. Eu acho melhor não, em todo caso feliz aniversário.
Sabe, eu não esqueci esse dia, primeiro de março, eu o lembrei de alguma forma, não sei como, não sei porquê. Comprei-lhe até um presente, um livro que hoje descansa ainda embrulhado na minha gaveta, não tenho mais coragem de entregá-lo. Acho que não seria bom também, você sabe o quanto eu gosto de ser formalista com essas coisas e acabaria criando uma bela cena.
Sim, eu fiz essa loucura. Comprei-lhe esse presente mesmo sem saber se você iria gostar; eu o comprei de coração, mas não sabia bem o que você queria, foi por isso que escolhi um dos meus livros favoritos.
Sim, foi meio arbitrário, mas em todo o caso acabei comprando, no entanto hoje eu não tenho a coragem de entregá-lo. O que é uma pena, afinal, eu queria vê-la ficar vermelha, seja de ódio, por eu ainda não ter largado do seu pé, ou de vergonha, por eu ainda ter lembrado do seu aniversário. Que seja, eu iria divertir muito.
É claro que eu duvido muito que você sorriria, você ficaria séria e tentaria de todas as formas tentar me devolver o presente, na verdade, eu já tinha essa cena em mente. Achei melhor deixar guardado na minha gaveta, junto com os meus textos e papelotes, como alguma forma de recordação.
Hoje olho o tal pacote com um embrulho no estômago, seja de vergonha, seja de tristeza, mas enfim, não quero que entenda isso, é melhor me deixar de lado nesse dia. Alegria. Hoje é o dia do seu aniversário e comemore da melhor forma possível: Com a família, com os amigos, num cinema, numa festa ou algo que lhe divirta.
Seja paparicada, sinta-se arrogante hoje. Feliz aniversário! Você certamente merece, mais do que muitos outros,já que, querendo ou não, você é especial para mim, foi por isso que comprei esse pequeno livro e dediquei essa postagem a você.
Essa também é a última postagem que eu lhe dedico. Apesar de tudo é hora de evoluir; Feliz Aniversário e muitas boas histórias.
PS: Embora eu tenha lembrado o seu aniversário, faça-me o obséquio de esquecer o meu, não há nada a ser comemorado ou parabenizado. É perca de tempo, permita-me tal luxo no dia do meu aniversário.
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