quarta-feira, 31 de julho de 2013

Notas de final de mês

Sinto sua falta toda vez que eu levanto pela manhã e vou me arrumar. Quando vou escovar meus dentes olho com amargura o rosto sem cor, magro e esquálido que percorre toda a minha tez, a tristeza me corrompe, termino de enxaguar a roupa e vou para o meu banho.

Deixo os pensamentos ruins caírem sobre o ombro e escorrerem pelo ralo, mas nem todos saem. Sinto sua falta enquanto enxugo meu corpo e tento enxugar minha alma.


Escolho minha melhor roupa pensando em você, pensando que talvez hoje eu te encontre de novo. Que tal essa camisa? Ela é bonita e não chama muita atenção. Será que devo ir de paletó? Sim talvez nunca mais eu te veja, mas sempre conservo essa vil esperança. Por quê? O porque eu não sei, mas espero um dia encontrá-la de novo.

Confúcio dizia que nada era mais danoso que uma dúvida no espírito, talvez ele estivesse certo, nada é mais danoso não saber se irei te encontrar de novo ou não. Devo-lhe um café e sinto falta das nossas conversas, de verdade, nunca mais a vi, nem acho que verei, por isso ando triste, bastante triste.



É verdade que tudo é efêmero e transitório, que a sociedade individualizada, que tanto Zygmunt Bauman fala, nada mais é uma sociedade de consumo onde tudo é passageiro e cultua uma beleza plástica. Mas você não constitui em nada esse modelo de beleza plástica, você é bela em essência, de maneira que toda a vez que eu te encontrava tinha desejo em abraçá-la, mas o tempo passou e a vida levou de novos essas esperanças.


Sim, talvez não devesse escrever sobre isso de novo, talvez fosse melhor guardar a minha tinta e andar um pouco, mas não consigo. Realmente é triste  tentar te procurar em todos os meus olhares, em todos os vagões de trem que eu pego, ônibus e todos esses corredores dessa melancólica universidade. Procuro você nos olhares de outras mulheres, mas não encontro, pois afinal de contas, acho que elas não são como você era; Você me surpreendeu de verdade, e de um jeito positivo, mas desapareceu tão rapidamente que nada mais sei de você. Não me deu o telefone, o email, ou qualquer referência.


Onde andarás eu não sei, e estou vagando a sua procura. Procuro-te todos os dias para pagar aquele café que eu te devo, e conversar mais com você, conhecê-la melhor, mas temo que isso seja impossível. É triste pensar em tudo isso, mas eu já me acostumei a tanta coisa!

A plasticidade dessa vida sufoca-me, acabou a vontade de escrever mais. Nessa ode de pedra e concreto armado no pequeno quadrilátero nesse imenso quadrado no Planalto Central tento inutilmente encontrá-la mais uma vez e dizer: “Olá, como vai você? Sabe que cada vez mais sinto a sua falta”.



É melhor eu pegar a minha capa e o meu  chapéu, não quero que vejam o que sinto por dentro.

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