sábado, 29 de setembro de 2012

"Com que Jove aos mortais gradua a fama"

      Numa dessas noites, sem nada para fazer decidi fazer a brincadeira em homenagem à semana mundial do livro. Peguei o livro mais próximo de mim e retirei da terceira frase da página 52 uma citação. Resolvi então ir mais além, peguei alguns livros da minha biblioteca pessoal e comecei a fazer um texto. Ficou bem interessante por assim dizer (cada ' significa uma citação diferente):

          "'Esse motor utilizava ignição elétrica e um sistema de transmissão de engrenagem de cremalheira,  mas 'gabava-se com desprezo, de não ser um funcionário, como se isso lhe conferisse uma autenticidade especial e como se os murros de Hemingway devessem ser a priori mais poéticos que os processos de escritório espalhados por Kafka.

           'Por que o seu primo kaiser estava fazendo isso com ele?:
        '— Sinto-me furiosa, deprimida e violenta
         '— A noite está saindo das portas ocidentais e não podemos atrasar por mais tempo.
          — O que quer dizer?
          'Julgava tanto as perguntas como as considerações impudentes e irritantes;
           '— Por que você está sempre sorrindo, Sol?
           '— Imite a minha voz e diga que vou dormir na sua casa hoje.
            — O que disse?
           "'Nosso esquema de proteção às pesquisas foi o mais perfeito possível", ouvia-se pela televisão, um programa qualquer como outro no fim de noite.
           'Cutucava os bolsos como se ali fosse um armazém de amendoins.
          '— É claro que posso confiar nele, Iara — Dizia a moça ao telefone.
           O osso ressentiu. 'Fomos para a outra sala.
           '— Que pretendo?
           'Decidi não pensar mais no caso, já que não chegaria mesmo a conclusão alguma.. 'Era preciso dar um fim àquilo, por bem ou por mal.
          "'Can we go back to the Safari Lodge now?", o inglês do filme que passava naquela televisão no fim de tarde ecoou bem nítido nos meus ouvidos.
          "'Vamos diga que ama Cristiano", mudou novamente de canal.

          'A narrativa começa perto do fim, 'mas o sol se punha e o homem não vinha. 'Quem pagou o resultado da pena de um e da gratidão da outra foi o toma largura.
          — Onde está o pai desse menino? — Exclamou sem voz Maria.
           — Eu sei lá.
          O garotinho olhou meio assustado para nós, foi penoso vê-lo assim. Mais penoso foi mentir pra ele naquela noite, 'Repetimos sem cessar o que nunca existiu.
           O garotinho ficou com o nosso filho por duas noite, e nós saímos à procura dos pai do garoto nesse meio tempo.

            'No sábado, às seis horas, partimos novamente. Ouvi na ruas dois andarilhos, que gritavam a plenos pulmões pra todo mundo ouvir.

              'Falavam dos comerciantes, dizendo francamente que eles enganavam o povo, que seus filhotes provocavam escândalos e fazem de tudo para obter um "título de nobreza", não preciso dizer que eles foram presos por vadiagem. Foi aí então que nós reconhecemos o pai do menino entre um deles.

              Fomos até a delegacia e conversamos com o delegado:
            — ...'O preso é, por exemplo, consertador de fogões e encarrapita-se em cima de mim.
            — Eu odeio esse lugar! É terrível, escuro, nem imagino o que tenha no resto disso tudo. Lugar fedido.  — Exclamou um prisioneiro.
             — 'E assim verá todo o resto, desde o queira — Exclamou o delegado.
            O prisioneiro se calou e fomos levados a uma ala onde os prisioneiros mais recentes tinham sido levados.
             '—É ele — Exclamou Maria.

           Era o pai do garotinho, todo sujo e fedido, maltrapilho e cheirando a cachaça. Uma coisa não muito boa de se ver. O delegado o encarou e disse:

          — Esses dois dizem que você tem um filho. Pois muito bem, quem sou eu para privar um pai de ver o seu filho na véspera de Natal...
           Fez um sinal para que o soltassem.
          — Mas escute. Escute com atenção, Eu não quero vendo vadiando mais uma vez por aí ouviu?
          — Sim, senhor — Disse cabisbaixo.
          — Pode ir.

         Eu esperava não levar tal presente de Natal ao garotinho, um pai todo sujo e cheirando a cachaça e catinga, mas foi o que eu tive que fazer. Quando reunimos os dois, vi nos olhos do garotinho um olhar de tristeza que me deu dó.
          — Obrigado, senhor e senhora L.. Muito obrigado por encontrarem o meu pai.
          — Vou está bem, Sol? — Perguntou Maria.
          — Sim, estou. Vou ficar.
          E os dois saíram naquela tarde, pai e filho, enquanto a tarde caía. Esse com certeza não é um bom conto de Natal, mas com certeza aquela também não era uma boa história".

          Apenas o final tive que abstrair um pouco, mas o início foi feito a partir de frases de variados livros, às vezes não fazendo o menor sentido. Mas no todo ficou bem interessante, essa é minha singela homenagem à Semana do Livro.
       

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