quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A economia e a vida



         Em 1926 o economista soviético Nikolai D. Krondratiev elaborou um estudo baseado na análise matemática a cerca do desenvolvimento do capitalismo, e conseguiu elaborar estatisticamente a seguinte suposição: O capitalismo age de maneira cíclica através de  movimentos ciclicos de desenvolvimento. A ideia é que o capitalismo funcionaria como uma onda de rádio a qual seria gestada  através do "movimento harmônico simples", onde a base  dos "ciclos longos é o desgaste, a reposição e o incremento do fundo de bens de capital básicos, cuja produção exige investimentos enormes. (…) A reposição e o incremento desse fundo não é um processo contínuo. Realiza-se por saltos". Os saltos seriam tecnológicos.


      Assim ao contrário do que Marx dizia ao afirmar que as crescentes dicotomias entre a burguesia e o proletariado levariam ao acirramento do quadro político que desembocaria na Revolução e na ditadura do proletariado, Krondratiev acabou especulando que o capitalismo possui um caráter de "imortalidade virtual" e que a cada crise financeira, ele se reinventada através dos enormes investimentos na produção e no incremento de capital básicos e quando se realiza isso, a produção e o desenvolvimento do capital realiza um salto exponencial, assim em tese o capitalismo seria um sistema infinito em si mesmo.

      A capacidade inventiva do capitalismo é bastante conhecida e por isso querendo ou não o capitalismo é o sistema mais eficiente na obtenção de riquezas, não em sua distribuição; Mas minha análise não será de cunho econômico;

      Krondratiev dizia que o capitalismo sobrevive através de ciclos de prosperidade econômica intercalados com crise financeiras e depressões ao longo de uma linha de tempo de 50 anos.


        Quanto mais acelerado esse ciclo, mais rapidamente se obtém a Prosperidade, seguida pela recessão e depressão para depois haver a retomada e novamente o apogeu do ciclo econômico. Só que o problema é que a definição de Krondratiev extrapola os limites dos gráficos e passa para a vida real, do cidadão cotidiano. 

        A vida de uma pessoa é baseada também numa onda eletromagnética, o que alguns chamam de Espírito, outros de Ideia, outros simplesmente de Alma. Essa trajetória é baseada a partir de ciclos de prosperidade, desde os primeiros anos até a velhice intercalados com períodos de  recessão e estagnação.


        Quando nascemos o a prosperidade se inicia a partir da depressão que é sair da barriga de nossas mães que é uma atmosfera amistosa, livre de perigos e de ambiente controlado, mas a medida que passam-se os anos iniciamos o momento de desenvolvimento, investimento, quando começamos a aprender a falar, andar e brincar, quando nos abrimos ao mundo. Por volta dos três ou quatro anos inicia-se o período de recessão quando não aprendemos com a mesma velocidade que antes e nossos pais se desvencilham da criança para voltarem ao trabalho, posteriormente assiste-se uma depressão em virtude do isolamento e da separação dos pais no processo direto de desenvolvimento da criança, nessa altura a criança passa a ter que se cuidar, aprende a comer sozinha, a se limpar, a interagir com outras pessoas, etc, mas ainda com dependência dos pais, essa é a depressão que chamo depressão cognitiva, isso se dá com 4 ou cinco anos, novamente o ciclo é retomado quando a criança começa a ir à escola e a interagir com outras crianças, formar um novo período de prosperidade que combina o apogeu das interações sociais com o apogeu do aprendizado num dado momento. Isso se dá nas fases iniciais da educação básica.

      Com o passar do tempo a recessão e a depressão são atingidas de maneira imperceptiva, quando percebemos que atingimos o ápice do desenvolvimento em estágios no sistema escolar básico e começamos a perder o vínculo com alguns dos nossos amigos de infância, nisso chegamos a nossa adolescência. Um novo ciclo se inicia;

      O desenvolvimento que se observa através de um caráter mais pessoal, o adolescente começa a fechar em si mesmo num casulo, se separando de seus pais, mas com uma dependência financeira existente, como forma de criar a sua personalidade. Começa a se relacionar com seus amigos, a ter suas primeiras namoradas, a formar uma consciência ideológica, política ou religiosa e a se identificar com um grupo de pessoas. Esse é o apogeu, ao indivíduo é conduzido à ideia que o apogeu pleno só pode ser conduzido com o final do Ensino Médio, quando entrará para a faculdade ou terá um emprego.


    Aí se engana e inicia-se o período de recessão novamente, no caso do ensino superior, pode haver o caso do adolescente, agora um jovem adulto perder o vínculo imediato com os amigos da escola e ter que se adequar uma nova realidade, como o estudo, formar novos vínculos de amizade, etc. Comete algumas besteiras, como beber demais em festas, externar os seus problemas pessoais em vícios e a sair com várias pessoas ao mesmo tempo. Posteriormente vem a crise de consciência que chega a ser comparada a depressão, isso ocorre muitas vezes no quarto ou quinto semestre quando o jovem adulto se questiona se está fazendo tudo direito e se deve tomar um novo rumo ou não, nisso inicia-se um novo período de apogeu que terminará com a formatura.

    Novamente virá a recessão quando ele perceber que está desempregado, assim com o passar dos meses ele caminhará para um período de dificuldades até conseguir utilizar seus conhecimentos no mercado de trabalho, nesse caso inicia-se o período de desenvolvimento e posteriormente a estabilização financeira leva ao momento de apogeu... Até que percebe que está só na vida, e corre atrás da busca de uma família. E segue o fluxo até o fim da vida

     Então somente esse fluxo contíguo pode explicar a capacidade de estarmos vivos, esse ciclo de Krondratiev é algo que se traduz na vida, com ciclos de profundo crescimento pessoal, com o apogeu máximo, intercalados com período de declínio e de pura decadência, com novos períodos de recuperação. As pessoas costumam esconder a natureza desses ciclos através da religião ou de convicções, mas essa é uma lei inerente do desenvolvimento humano. Mas cada vez mais que avançamos no ciclo, damos saltos por adquirirmos experiência. Experiência que posteriormente se traduz numa pronta resposta às situações da vida, em tese era para nós sermos eternos, mas eis que lembramos que nossos corpos não seguem essa lei da economia.

      A nossa capacidade nata de recuperação é que move a natureza desses ciclos e que faz eu e você, caro leitor, estarmos aqui hoje tendo essa conversa;

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