Para isso ele se dispôs a uma torturosa viagem para os mais longíquos cantos da Rússia para capturar impressôes, situações e cores que pudessem retratar a velha Russia.
Isso mesmo, cores.
Se iniciaram no começo dessa época teste de viabilidade para a fotografia colorida a partir de uma técnica a base de extrato de batatas a fim de preservar a coloração, eis que desse fotografo viajante temos as mais ricas e coloridas fotografias da Russia, de cem anos atrás. Nenhuma delas foi recolorida ou otimizada, todas elas são originais e foram apenas digitalizadas
Entre 1909 e 1912, Serguéi Mijáilovich Prokudin-Gorskii, desenvolveu uma tecnologia única.
A câmera usada na época, tinha três lentes, cuidadosamente reguladas para registrar a mesma imagem. Filtros de cristal colorido eram colocados na câmera, de maneira a formar uma chapa com três tons. Esses tons eram então somados para dar origem a imagem colorida.
Serguéi estudou com renomados cientistas em São Petersburgo, Berlim e Paris, desenvolvendo as técnicas para as primeiras fotografias a cor.
Dos seus resultados surgiram as primeiras patentes de filmes positivos a cores e de projeção de filmes com movimento. Em 1905, Prokudin-Gorskii concebeu o grande projeto de documentar, com fotografias a cores, a enorme diversidade de história, cultura e avanços do Império russo, para ser utilizado nas escolas do Império. O seu processo utilizava uma câmara que tomava uma série de fotos monocromáticas em sequência muito rápida, cada uma através de um filtro de cor diferente. Ao projetar as três fotos monocromáticas com luz da cor adequada a cada imagem obtida, era possível reconstruir a cena com as cores originais. No entanto, embora fosse químico, ele não conseguiu produzir um mecanismo para realizar impressões das fotos assim obtidas.
Para o seu projeto, o Czar Nicolau II pôs à disposição de Prokudin-Gorskii, um vagão de trem equipado com uma câmara escura e os insumos necessários. O fotógrafo russo obteve todas as permissões para visitar áreas de acesso restrito e contar com o apoio da burocracia do Império. Assim equipado, Prokudin-Gorskii percorreu o império entre 1909 e 1915, documentando-o com as imagens que ilustram este post.
Em 1948, após a morte do fotógrafo, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos comprou as imagens e em 2001, organizou a exposição O Império Russo. Para essa ocasião, realizou-se a cópia digital das suas imagens a partir dos três originais monocromáticos de cada foto. E é por isso que podemos vê-las.
Viajante da Ásia Cetral descansando com o seu camelo depois de uma longa viagem |
Essa fotografia foi retirada pelo que lembro na passagem desse viajante pelo Turcomenistão, e ela retrata um mercador, provavelmente de chá, levando nas costas de seu camelo os seus produtos, um meio muito comum de transporte na Ásia Central na época.
Familia de industriais locais em foto |
Essa fotografia retrata uma proeminente família de industriais russos, ligado à Siderurgia, na Sibéria Ocidental, notavelmente, mesmo com a condição abastada da família, as instalações em si não são das mais nobres. Em todo caso, observa-se o pai, mais velho de casaca de transpasse, o filho, de capote preto e sua esposa, de terninho e chapéu.
Cataventos na Sibéria Ocidental |
Empório de chá no Caucaso |
Vendedor de tapetes persas em Samarkand, Turcomenistão |
Venda de melões também na mesma cidade |
Tecnicos da siderurgia trabalhando em seu gabinete |
Essa fotografia retrata a realidade de uma siderúrgia, em Ekaterimburgo, onde os técnicos trabalhavam para ver a composição química do material extraído. Nessa fábrica chegou a se contabilizar quase 4000 trabalhadores em 1914.
Logo abaixo se observa a extração dos minerais a serem utilizados na siderurgica, muitas vezes feita por famílias locais, com o uso de cavalos e carroças.
A data desta foto é de mais ou menos 1909 e foi feita próxima a
Cherepovec, uma cidade ao Norte de Moscou. Mostra os camponeses na
colheita. |
Esses trabalhadores logo abaixo são colonos de origem grega que acabaram indo se fixar no Império Russo dados os problemas étnicos e economicos nos Balcãs.
Um inspetor de plantação de chá logo abaixo, de fraque, e quepe.
Um velhinho resistindo ao frio rigoroso na Sibéria, note que ele trás nas mãos o produto de um dia de caça. Não se sabe se ele é exilado ou não, mas acredito que seja sim.
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