sábado, 19 de maio de 2012

Fotos do Império Russo

        Por volta de 1912, um fotografo, Serguei Mikhailovich Prokudin-Gorskii, enviado de São Petersburgo, foi  ao interior da  Rússia com a seguinte missão: Retratar a realidade do Império em seus minimos detalhes afim  de mostrar a grandiosidade do Império.

        Para isso ele se dispôs a uma torturosa viagem para os mais longíquos cantos da Rússia para capturar impressôes, situações e cores que pudessem retratar a velha Russia.

       Isso mesmo, cores.

       Se iniciaram no começo dessa época teste de viabilidade para a fotografia colorida a partir de uma técnica a base de extrato de batatas  a fim de preservar a coloração, eis que desse fotografo viajante temos as mais ricas e coloridas fotografias da Russia, de cem anos atrás. Nenhuma delas foi recolorida ou otimizada, todas elas são originais e foram apenas digitalizadas

       Entre 1909 e 1912, Serguéi Mijáilovich Prokudin-Gorskii, desenvolveu uma tecnologia única.

 3 mancamera Russia: O mistério das fotos coloridas num tempo em que só havia preto e branco

         A câmera usada na época, tinha três lentes, cuidadosamente reguladas para registrar a mesma imagem.  Filtros de cristal colorido eram colocados na câmera, de maneira a formar uma chapa com três tons. Esses tons eram então somados para dar origem a imagem colorida.
Serguéi estudou com renomados cientistas em São Petersburgo, Berlim e Paris, desenvolvendo as técnicas para as primeiras fotografias a cor.

         Dos seus resultados surgiram as primeiras patentes de filmes positivos a cores e de projeção de filmes com movimento. Em 1905, Prokudin-Gorskii concebeu o grande projeto de documentar, com fotografias a cores, a enorme diversidade de história, cultura e avanços do Império russo, para ser utilizado nas escolas do Império. O seu processo utilizava uma câmara que tomava uma série de fotos monocromáticas em sequência muito rápida, cada uma através de um filtro de cor diferente. Ao projetar as três fotos monocromáticas com luz da cor adequada a cada imagem obtida, era possível reconstruir a cena com as cores originais. No entanto, embora fosse químico, ele não conseguiu produzir um mecanismo para realizar impressões das fotos assim obtidas.

             Para o seu projeto, o Czar Nicolau II pôs à disposição de Prokudin-Gorskii, um vagão de trem equipado com uma câmara escura e os insumos necessários. O fotógrafo russo obteve todas as permissões para visitar áreas de acesso restrito e contar com o apoio da burocracia do Império. Assim equipado, Prokudin-Gorskii percorreu o império entre 1909 e 1915, documentando-o com as imagens que ilustram este post.

           Em 1948, após a morte do fotógrafo, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos comprou as imagens e em 2001, organizou a exposição O Império Russo. Para essa ocasião, realizou-se a cópia digital das suas imagens a partir dos três originais monocromáticos de cada foto. E é por isso que podemos vê-las.


Viajante da Ásia Cetral descansando com o seu camelo depois de uma longa viagem


           Essa fotografia foi retirada pelo que lembro na passagem desse viajante pelo Turcomenistão, e ela retrata um mercador, provavelmente de chá, levando nas costas de seu camelo os seus produtos, um meio muito comum de transporte na Ásia Central na época.

Familia de industriais locais em foto

          Essa fotografia retrata uma proeminente família de industriais russos, ligado à Siderurgia, na Sibéria Ocidental, notavelmente, mesmo com a condição abastada da família, as instalações em si não são das mais nobres. Em todo caso, observa-se o pai, mais velho de casaca de transpasse, o filho, de capote preto e sua esposa, de terninho e chapéu.

Cataventos na Sibéria Ocidental
            Essa fotografia foi retirada na mesma cidade que a da fotografia anterior, Ekaterimburgo, e mostra essas isbás (cabanas), suspensas por esses estratos de madeira, sendo suportadas por esses gigantescos cataventos. Os cataventos serviam de moenda para os grãos produzidos a fim de se produzir farinha que era por fim vendida. A coloração acizentada dessas estruturas pode ser explicada pela fuligem espelida pelas chaminés das fábricas que coloriam a madeira branca à primeira chuva ácida.


Empório de chá no Caucaso
           Essa fotografia mostra um Empório de Chá numa cidade na Georgia,  Batumi, onde se observa uma variedade ímpar de extratos vegetais e folhas. O chá é a bebida não alcoolica mas popular na Rússia.

Vendedor de tapetes persas em Samarkand, Turcomenistão

Venda de melões também na mesma cidade

Tecnicos da siderurgia trabalhando em seu gabinete


           Essa fotografia retrata a realidade de uma siderúrgia, em Ekaterimburgo, onde os técnicos trabalhavam para ver a composição química do material extraído. Nessa fábrica chegou a se contabilizar quase 4000 trabalhadores em 1914.

          Logo abaixo se observa a extração dos minerais a serem utilizados na siderurgica, muitas vezes feita por famílias locais, com o uso de cavalos e carroças.


A data desta foto é de mais ou menos 1909 e foi feita próxima a Cherepovec, uma cidade ao Norte de Moscou. Mostra os camponeses na colheita.

               A foto logo abaixo mostra asplantações de chá na Geórgia, ao contrário do que se dava com o resto do Império, a Geórgia possuia um clima naturalmente mais ameno, propício a toda sorte de plantações e possuía uma terra tão guão produtiva quanto da Ucrania, dessa maneira, a Georgia era uma gigante exportadoa de chá, não só para o Império, mas até para a Inglaterra;

            Esses trabalhadores logo abaixo são colonos de origem grega que acabaram indo se fixar no Império Russo dados os problemas étnicos e economicos nos Balcãs.



            Um inspetor de  plantação de chá logo abaixo, de fraque, e quepe.



             Um velhinho resistindo ao frio rigoroso na Sibéria, note que ele trás nas mãos o produto de um dia de caça. Não se sabe  se ele é exilado ou não, mas acredito que seja sim.



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