sexta-feira, 6 de abril de 2012

O sefardita

Dom Isaac Abravanel

Na naus no porto
No vento acalorado
Desce ensolarado
O sol torto

Portugal na vela
Judeu no sangue
Lisboa de Sagres
Tece a aquarela
O rubro acastanhado
De pelo emaranhado
Esvoaça ao vento
Daquele sujeito

"Portugal, não mais
Espanha, jamais
Onde mais?"

O velho senhor
Daquele povo
Agora sofredor
Tremia de dor

Seria ele um traidor?
Não, claro que não
Era um trabalhador
Do El-Rei João.

Mas então?

E o rei disse:
"Dom Isaac, seu povo irá
Mas você ficará!"

Isaac contradisse:
"Não, eu vou junto
 com o meu povo"

Era um rei
Um ministro
Dois em um
Um em dois

E pensar
que foram amigos
O rei e ele
Que tempo aquele!

Abravanel de nome
Judeu de papel
Fiel de renome
Isaac saía à Israel

Espanha lhe surge
Eis que esperança
Logo ressurge
Dia de temperança

Isaac paga uma viagem
Uma de Colombo
Mas perde o louro
Surge uma tempestade

Isaac vai a Castela
Mas logo uma querela
Expulsa seu povo
Da cidadela

Dom Isaac ao mar
Está a navegar
Viajar

Com seu povo
Com sua gente
Viajar

Até encontrar
um bom lugar
para se morar




      Dom Isaac Abravanel foi uma das figuras mais importantes do ramo sefardi do povo judeu, viveu em Portugal por volta do século XV prestando serviços à Coroa de Portugal como financista e ministro português, até ser expulso pelo Rei João II por suspeitas diante suas conversas com o Duque de Bragança.

      Abravanel foi à Espanha, onde lá viveu com relativo conforto financeiro, e começou a ser reconhecido pelo rei de Espanha como um personagem importante, afinal de contas, foi Abravanel que em parte financiou a viagem de Colombo à América, angariando o prestígio da Rainha Isabela de Castela, que logo o convidou para admnistrar as receitas do Estado Espanhol nascente, financiando até grandes empreendimentos do Estado Espanhol, como a viagem de Colombo à América.

       Contudo o governo espanhol ordenou a expulsão ou conversão forçada da população judaica da Espanha, o que levou à fuga e dispersão dos sefarditas  pelo Magrebe, Oriente Médio e sudeste da Europa, a única figura que ficou isenta disso tudo era o Dom Isaac Abravanel, mas ele preferiu seguir com o seu povo do que ficar só em Castela.

       Dom Isaac é lembrado pelos sefaritas com carinho por nunca ter abandonado seu povo, mesmo estando em pleno conforto e recebe até hoje numerosas homenagens.

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