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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Réquiem ao dias dos namorados

             Talvez em toda a minha vida eu tenha amado de verdade uma única pessoas, uma única pessoa que tenha me prendido toda a minha atenção. Eu sempre fui meio inconsequente, devia ter pensado que era mais fácil ser sozinho no mundo do que procurar uma cara metade. Mas eu mesmo assim procurei.

            Me perdi muito nesse mundo, fui muito maltratado. Procurei em algumas pessoas um amor que eu não tinha por mim mesmo, nunca dei o devido valor que eu devia ter. Minha paixão era o conhecimento pelo conhecimento, não que não tivesse outras coisas para buscar, mas o que eu queria era ser inteligente. Bonito também queria, mas não me foi dada essa sorte. E ser rico ainda não é um objetivo perdido.

           Em todo caso eu lembro com amargura as coisas que eu presenciei, o amor não correspondido que eu tive, o amor sociopata que me deram, o desleixado amor sem emoções, a enganação de um amor à minha carteira e agora o simples uso do meu corpo para um autossatisfação pessoal. Eu tive que conviver com tudo isso, eu não pude confiar muito nas pessoas desde as respostas que me foram dadas aos dramas emocionais. Talvez a única pessoa que tenha me amado tenha sido minha mãe, ou talvez minha irmã.

          Poderia talvez me dar por satisfeito? Não sei se posso dizer. É meio trágico pensar em como as pessoas podem ser tão mesquinhas e infantis para procurarem o amor e quando o encontram terem medo. Eu hoje tenho um medo absurdo de me apaixonar, eu tenho medo de acabar me deixando ser usado de novo pelo sadismo tautológico das pessoas e por isso é mais fácil me fechar para esse mundo cada vez mais sombrio.

          Não que eu não tenha desejos, não que as vezes não me dê vontade de dormir abraçado a alguém ou aninhar um cabelo, mas é tecnicamente mais fácil não tornar público nada e se fechar por completo do que dividir a vida com outra pessoa. As pessoas são difíceis e não são nem um pouco confiáveis, elas nos traem na primeira oportunidade por uma ninharia, seja por dinheiro, seja por prestígio.

         Eu queria dizer que eu achei minha cara metade, mas não, até hoje não achei. Eu amo de verdade uma pessoa a ponto de querê-la longe de mim, bem longe, eu não me sinto capaz de fazer alguém feliz depois de tantas coisas que eu vi e fiz. Prefiro ficar cada vez mais só e os meus objetivos de vida serão restritos a meu foro íntimo.

         Não que eu não confie nos meus amigos, em alguns eu confio como se fossem meus irmãos, mas não há nada mais filedigno do que esperar confiar apenas em si mesmo. Saber se virar é uma virtude que eu sempre tive desde criança, então eu olho para as pessoas sem um olhar passional. Às vezes sou bem cínico, outras vezes eu me importo de verdade, acho mais fácil assim.

         Eu escrevi muitos rascunhos que secretamente guardo junto ao peito, alguns romances de bloco de viagem, que escrevo só para mim sobre um destino perdido que é o procurar um pouco de carinho no amor de uma mulher. Não que me sinta bem nessa condição, mas eu estou bem nessa fase de adaptação em pensar em ninguém quando escrevo essas palavras.

         O dia dos namorados é uma pressão social em parecer ser feliz num mundo cada vez menos amistoso. A infelicidade é uma companheira cada vez mais constante na vida de várias pessoas, não só porque felicidade é um exercício diário do qual nem todos estão aptos a praticar, como também é um custo primoroso para quem não pode pagar. Por isso para muitos o dia dos namorados é um funeral, era pra mim a dois anos atrás, hoje eu nem me importo.

       E que maneira esse enterro se desenrola é de cada um, alguns bebem até seus rins começarem a reclamar, outros escrevem novelas no papel velho carregado de tinta, alguns choram no Facebook enquanto outros correm para o primeiro prostíbulo para retirar sua necessidade emocional. Todos esses falham, o dia dos namorados é só uma data, como outra qualquer, uma data sem um significado prático: quem mudança haveria se o dia dos namorados fosse hoje ou no domingo? O mundo deixaria de girar?

          Eu me arrependo amargamente de ter perdido tempo procurando alguém quando na verdade a única pessoa que devia procurar era a mim mesmo. Sei que isso é muita arrogância de minha parte, mas é completamente válido quando observamos a realidade;

           Sanar suas necessidades em outras pessoas é doentio, nenhuma forma de amor é completamente espontânea. Eu acreditava que amor era algo espontâneo, mas amor está nas pequenas coisas que fazemos no dia a dia. Perguntei a minha mãe se ela amava meu pai e ela não soube me dizer. Não, as pessoas realmente estão cada vez menos aptas para amar as pessoas como elas deveriam.

             Cada vez menos propenso, cada vez mais complexo, a única coisa que as pessoas realmente amam e respeito cada vez mais é o capital. Eu antes achava isso um absurdo, julgava o capital um negócio traiçoeiro, mas só depois de muito tempo compreendi que esse fetichismo tinha um sentido embutido. É mais fácil ver o material do que o abstrato, é mais fácil querer o dinheiro do que querer o amor, pois sem dinheiro você não sobrevive, você não pode comprar comida, ou sobreviver, enquanto sem amor é possível viver.

            E esse é o motivo desse réquiem pois boa parte dos que namoram realmente não amam, apenas são comodistas e querem sanar suas necessidades com outras pessoas, compram presentes para demonstrar que amam, mas na realidade, nas pequenas coisas da vida pouco amor existe entre si.

          Dia dos namorados é um festival doentio do qual espero nunca mais fazer parte, os que verdadeiramente amam fazem todos os dias o dia dos namorados.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

"A gente viaja pela poesia"

        Estavam os dois sentados lado a lado, sob a égide da sombra da cúpula máxima do estonteante museu, sob o sol que se despedia do Planalto Central. Desejando apenas mais abraços e mais e mais beijos, que tão elegantemente tracejavam seus corpos. Pois sim, estavam sentados.

       Certa altura ficaram taciturnos quando um semblante excêntrico e andar meio desvairado gritou para os dois que teimaram a responder com os olhos. Lembram até hoje o que ele disse:

      —  Vocês querem chá?

      Era óbvio que não era um chá de saquinho Mate-Leão que se vende no supermercado, que precisa ser jogado na água quente para formar a infusão que fica saborosa com um pouco de açúcar, limão e mel. Não, não era isso, pensou o rapaz; Mas a moça, sorriu sem compreender, olhou para o namorado que desconfiava daquilo e disse:

     — Chá!? Que chá?

    —  Chá... 

     O rapaz meio que se arrependeu com o esse adendo deixado pela moça, teria que ouvir um monólogo agora que no final de tarde não estava interessado de ouvir. Mas que coisa mais enfadonha não? Ver o camarada sentar ao seu lado regojizando o seu mal hálito enquanto coloca um tablete diminuto de cânhamo na sua perna direita e diz as propriedades de um subproduto pseudo-fitoterápico extraído das folhas de uma planta nativa da América do Sul. 

     Sentiu pois repulsa daquele pedaço de cânhamo posto sobre o tecido de sua calça, sentiu um nojo ao se lembrar que aquelas coisas eram carregadas no meio do mais profundo carrinho de esterco  tratado com a amônia que usamos para limpar nossas casas e que para chegar ali, muito sangue deve ter sido derramado por causa daquele singelo tablete de madeira ignóbil.

    Pois não tinha uma resposta pronta para aquilo, a tarde vinha sendo boa, mas não tinha gostado daquela parte:


     — Isso, meus amigos, nos leva a viajar. Vocês estão interessados? — Disse sorridente e um tanto alucinado o vendedor.

     Antes que pudesse dar uma resposta, que sairia da sua bílis certamente, e cortaria o seu semblante de aço. A moça pacientemente, sem mudar o tom de sua voz, olhou para o namorado, e disse calmamente ao vendedor:


     — Moço, a gente só viaja na poesia.

    "Moço, a gente só viaja na poesia". Essa foi a resposta do dia, confuso, o homem desapareceu sobre o pano o último pedaço de cânhamo que guardava consigo e vendeu para outro  casal que também descansava sobre a cúpula do entardecer na capítal.

     — Vamos sair daqui? — Sugeriu o rapaz.
     — Pois sim.

     E os dois se beijaram ali mesmo. "É por isso que eu gosto dela, ela sempre tem uma resposta na ponta da língua. Além de bonita, inteligente e muito simpática. Ainda é poetisa, em forma de verso e dona da rima e da boa poesia". Sorriram-se os dois, ela perguntou curiosa porque ele estavam tão sorridente a olhar para ela, e ele disse: 

      — Nada... — "Apenas você me faz feliz".


     E saíram sobre o crepúsculo do entardecer daquele dia. Cada vez mais apaixonados e cada vez mais felizes, cada um consigo.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Por que culpas os jogos?



         Nós últimos dias um crime de grande repercussão pintou as páginas de jornais e trouxe audiência às televisões. O caso Pesseghini.


            Nesse caso, supostamente (ainda está sob averiguação pela polícia) o filho de 12 anos teria matado a sangue frio o pai, enquanto estava dormindo, a mãe, a avó e a tia avó. Teria ido no mais cumulo ato de frieza para escola e quando voltou para casa, teria se matado perto da cama dos pais.

           Como não se bastasse o crime ser chocante pela própria natureza, a imprensa deu maior destaque porque o casal em questão (pai e mãe) faziam parte da Polícia Militar de São Paulo, de modo que para alguns aquilo era uma notícia que teria alto retorno. Verdade seja dita, quando foi divulgado o assassinato, a mídia metralhou a todos com notícias.

           A mim não confere o papel de julgar os métodos utilizados pela polícia para chegar as provas, a mim confere criticar o papel criminoso da imprensa frente a divulgação escandalosa do caso: Culpar os jogos como autores do crime.

  
          Pelo comentário logo a cima o jornalista Marcelo Rezende dá a entender que o jogo Assassin's Creed é o motivador do crime,  que o jogo era deveras violento e que teria dado por isso feito o menino cometer tal crime, esse não é o caso. Um simples videogame não faz uma criança disparar uma arma, se fosse assim estamos considerando todas as crianças débeis mentais e que os jogos acabariam pautando a vida das crianças.

             Mas fica a pergunta: 

           Até quando a mídia tentará colocar os jogos como responsáveis pela violência, como ocasionadores do ódio e da discórdia? Até quando continuar-se-á essa mentira insolente devido ao total desconhecimento sobre a importância dos jogos no processo cognitivo e de aprendizado das crianças, ou a total falta de honestidade das redes de televisão que veem sua audiência ser suplantada pelo domínio real dos jogos frente a sua programação infantil chata e obsoleta.

            Não são os jogos que causam a violência, na verdade, eles são um meio de extravasar a violência da nossa vida cotidiana, do estupro que a cada dia somos submetidos quando nossas liberdades individuais são violadas em nome da raison d'état; São os jogos que educam, e coisas mais interessantes que o sistema educacional ultrapassado.
  
              Culpar os jogos é igual fazer o que nossos avós diziam sobre o cinema, que incitava a violência, ou nossos pais que culpavam os desenhos por serem violentíssimos, nada disso é tão verdade assim. Esse pensamento de puro maniqueísmo não levará a nada a não ser uma hecatombe, um surto de aversão aos jogos, e o papel que a imprensa teria de informar, seria só de gerar a desinformação.

             Sim, é desinformação partir para um estilo de jornalismo agressivo onde tenta-se impor aspectos emocionais do ouvinte e pela falta de investigação dos próprios fatos, a associação do jogo com o crime mostra que existe um total desconhecimento dos veículos de imprensa com relação aos jogos. Afinal de contas, pela teoria apresentada pelo Marcelo Resende, todo mundo que joga Banco Imobiliário se tornará um milionário quando adulto. O Eike Batista deve ter traumas da infância então.

           As crianças podem aprender com os jogos, podem aprender novas línguas dependendo da linguagem do jogo, bem como dos processos cognitivos relacionados de conhecimento tangencial, como muito bem Vigotsky apresentava em seus estudos, as crianças podem aprender história (afinal eu sei até hoje o que significou a Batalha de St. Lô e Chambois no esforço de guerra aliado a partir do Call of Duty e a participação de soldados poloneses na guerra), matemática e geometria (Angry Birds tá aí pra isso, aqui ali é física aplicada). Os jogos ensinam bem mais do que podemos imaginar, mas não ensinam as crianças a serem assassinas, não ensinam como as crianças a atirar armas, adultos ensinam.

             
          O pai do garoto ensinou o filho de 12 anos a atirar uma arma[1]. Isso sim é mostra de responsabilidade, o que é mais perigoso, jogar um jogo ou ensinar o seu filho a atirar com uma pistola? Não tenho motivos para julgar o pai em questão, ele deve ter tido os seus motivos para ensinar o filho a utilizar-se de uma arma, agora dizer que em razão dos jogos o menino foi levado a matar os pais é ser bastante reducionista. Reducionismo até escolástico, porque no final das contas, não explica nada praticamente, só é doutrinatório.

           Os jogos ensinam a matar as pessoas?   Jogo numerosos jogos de guerra, mas não teria mesmo a coragem de matar uma pessoa a sangue frio, existem fatores conjugados que levaram a criança a cometer esse crime (se cometeu), desde falta de atenção, dificuldade de aprendizado, isolamento até o velho e clássico bullying na escola (parece que todo mundo esqueceu de Realengo).

        Agora vem-se psicólogos ou pseudo-psicólogos admitir que o menino talvez tivesse distúrbios mentais, alienação  e psicopatia. O problema dessas avaliações é que é muito fácil julgar alguém de louco quando se está morto, mas fazer o trabalho de observar, medicar e conversar é bem mais complicado e esse trabalho tais profissionais não fizeram.[2] 

            A história ainda está muito mal explicada, confere que se investigue mais antes que se inicie as acusações, mas uma coisa é certa:

       O convívio social, o ensino e até mesmo o seio da família burguesa falharam com esse menino, falharam por terem se direcionado demais e esquecido tudo o que poderia ser a essência da vida. O menino não é culpado simplesmente por ter matado, o menino é culpado por ter esquecido o que era a vida e o que representava o convívio social, esse é o crime que a sociedade e a opinião pública o imputam. Mas molesta-se também os direitos do indivíduo quando somos bombardeados com a crescente impessoalidade da nossa própria sociedade e com o caráter cada mais individual do nosso convívio humano, onde a figura do eu é destacada como o ponto elevado dessa cadeia produtiva.

       Assim fica a pergunta, antes de culpar os jogos por terem cometido o crime (na verdade eles são unicamente culpados de socializar as pessoas), qual foi a última vez que você conversou com o seu filho?

sábado, 18 de maio de 2013

A versão de ode ao amor

        Disseram-me uma vez nos sonhos que as vidas não valem mares de rosas da Holanda, nem tampouco  mares de Vinho de Bordeaux, tampouco o azeite de Portugal e o chocolate da  Bélgica. Disseram-me que vidas não custam uma cashmere da Índia ou um pouco de prata da Bolívia, que não valem nem mesmo um sapato feito na Itália. Nada disso vale uma vida.;

       Disseram-me outra vez  que todas as nossas tristezas crescem-se apenas no terreno bastardo da compleição de ditos filosóficos, que as rosas murcham quando se está amando e o vinho se envinagra quando você canta com o coração.

       Alguém me disse numa tarde que não vale limpar grandes feridas com água, pois tudo só são lágrimas de Portugal, de Viseu à Castela, Agamenon de nações não trará respostas no meu caminho; Devo dizer que o destino zomba de nós mais do que nós nos zombamos dele, não nos dá nada e nos promete tudo, e isso aparentemente é gostoso, libera a endorfina que nos anestesia enquanto deveríamos estar carregados de adrenalina na tensão das coisas. Assim  surge esse vício em esperanças. Esperanças de retornos, de novos caminhos de novos dialetos.

       Ouvi dizer que nas noites em que o vento fareja o meu rosto e beija meus cabelos, quando eu estou sozinho, sem muito a fazer, alguém sussurra no meu ouvido como se estivesse com frio ou quisesse me ver por perto, mas quando essa voz monodística sorrio de tudo e ponho-me a andar novamente, nesse meirinho tarde da noite, sem ter um pouco de cor no rosto, apenas um sorriso amarelo nos meus lábios.


       O vento torna-se mais agressivo, a lua mais lasciva e a noite se revela uma traidora disfarçada, instável como sempre, agride-me e torna tudo cada vez mais difícil; Disfarça-se de meiga e suave quando o sol está prestes a desaparecer, mas encarna uma fúria que desgrenha meus cabelos, provoca-me arrepios e tenta tomar-me as palavras.

       Esses prazeres que se desenha a noite só enchem de promessas mentes vazias, e numa emboscada tenta envolver um coração em chamas; Como aquela moça beijada pelo fogo, sortuda e aconchegantemente ruiva que sorriu para você no trem... Aquele trem. Você se lembra?

      Pena isso não ser para mim, a noite é maliciosa e não combina com o meu sapato, embora não goste muito do dia: O sol tão arrogante ofusca o meu brilho. Mas essa coisa que chamam de amor é muito perigosa, tenho medo agora, tal como tenho medo do vento que desarruma os meus cabelos e brinca com o meu paletó.

      Prefiro o gosto da chuva que beija o meu rosto, que molha tão delicadamente os fios do meu cabelo e me reconforta com sua delicadeza. Sinto falta de você, minha doce amiga, você que garoava por sobre as árvores e me reconfortava depois de um dia difícil, que me ajudava a dormir quanto tintilava no telhado da minha casa e me engolia minhas lágrimas quando chorava na rua.

    Prefiro o gosto de suas águas, um gosto estranho é verdade, meio amargo; Quase como fosse um choro, mas um choro que nos enchia de vida, as rosas e o meu sorriso, seu toque era tão suave quanto os das mais lindas bacantes e prefiro de tempos em tempos arrumar o meu colarinho enquanto eu esqueço tudo isso: as promessas vazias, as palavras arrepiantes e o meu medo do vento. Mas não esqueço daquela ruiva, quem será que ela era? Devia ter puxado conversa.

     Entro no meu quarto, dispo-me de minha cashmere, salto na minha cama e esqueço tudo isso, nada mais de esperanças, nada mais de desilusões. Sinto falta de você, chuva, mas incrivelmente estou pensando em outra, estranho não. Aquela menina no metrô. O destino é mesmo algo muito estranho...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Por que Além do Bem e do Mal?

         Diz uma velha lenda no passado distante que não se existia bem nem mal entre a escuridão turva até um alvorecer esplendoroso dizer:
        "Que se faça a luz!"
         Contudo, não parece ter sido aí que o Bem e o Mal teriam nascido aí.
         Na Persia Antiga, a qual fazemos questão de nos esquecer que existira, parece que uma noção existira entre algo que seria benéfico ao coletivo, produziria um apoio generalizado, enquanto uma ação considerada danosa ao coletivo era suprimida e às vezes punida.
Esse maniqueísmo filosófico acabou adquirindo força e poder, um extremo poder afinal, se espalhando para as demais sociedades existentes.
          No Egito, o das pirâmides e dos faraós para os alienados mentais, surge uma concepção descrita em um simples período:

              "Certamente todos pronunciam a palavra Bem, mas não percebem o que ela pode ser. Eis porque não percebem também o que é Deus, mas por ignorância, chamam bons os deuses e certos homens, ainda que não o possam ser e se tornar: pois o Bem é o que menos se pode tirar de Deus, é inseparável porque é o próprio Deus. Todos os outros deuses imortais são honrados com o nome de “Deus” , mas o verdadeiro Deus é o Bem, não por uma denominação honorífica, mas pela sua natureza. (…) De Deus a essência por assim dizer é ( o bem, a união, a beatitude ) a sabedoria." Nietzsche

            Eu me pergunto, quem poderia ter escrito, pois afinal um egipcio da época provavelmente  não trataria um deus como um unico (eles eram politeístas, pessoal), então me apercebo de que essa parece ser mais uma transcrição cristã do que egípcia.
            Busco entender então essa origem do Bem e me apercebo que pode ter muito  em comum com os conceitos de Yin-yang do taoísmo, embora não exista ainda uma noção de bem e de mal, mas sim uma dicotomia de extremos (o claro versus o escuro).
               Eu parei para pensar, como isso foi cair no cristianismo? Folhei minha Torá, faz tempo que não me empenho em lê-la e descobri que nos preceitos do Antigo Testamento, de que o que era bom, era na verdade o que seguisse as ordens de Elohin a risca (Chamem o seu Deus como quiser, mas eu chamo ele em hebraico), enquanto era recriminável se algo não seguisse a ordem de Deus, sendo por vezes punida pelos castigos de Deus: A expulsão do Paraíso; O Grande Dilúvio; O cativeiro no Egito; As pragas do Egito; Os quarenta anos no Deserto do Sinai (Dá pra andar em cinco horas de carro por todo o Sinai até Israel, talvez menos, se você tiver um foguete).
               Deus sempre foi o senhor do povo hebreu, o Adonai, o ser Supremo que fez um contrato com Abraão para escolher um povo para si, para amá-lo e cuidá-lo, em troca ele só pedia o brit-milá (circunsisão dos homens) e total devoção a si. Era provavelmente a coisa mais doce do Mundo.

             Diz a lenda que o povo judeu agiu errado perante Deus, trazendo a noção de Mal, para os judeus, e logo Israel viu-se escravizada por outros povos.

             Então os numerosos cristãos de hoje, pode esquecer eu não sou cristão e aí de quem tentar me converter, pregam que dentre um dos filhos numerosos do grande rei David (O da funda e do Golias, para os no0b) nasceria um descendente que traria a paz entre os homens e a justiça aos olhos de Deus (isso era o que pregavam as escrituras antigas das quais não levanto nenhuma dúvida)

              Então dizem que no ano 0, sempre me perguntei o que havia acontecido no ano 0, um Messias nasceu e tentou trazer a paz aos povos, mas logo teve que enfrentar os romanos (os mesmos romanos que vocês glorificam tanto por serem seus supostos antepassados) e viu-se crucificado sem ter trazido a dita paz universal (Ao contrário fizeram guerras em seu nome) e com o cristianismo surge a figura do Diabo (Nota do Autor: Nós,judeus, não acreditamos em Diabo, Inferno, mas em castigo divino), os pecados, o Inferno como um resort pior que um campo de concentração ou um gulag.

        Hoje, graças à força do cristianismo, leva-se em consideração que tudo que é dito bom, é divino, e que tudo que é dito mal é do Diabo, isso reforça o velho maniqueísmo filosófico dos velhos e bom persas.

        Por que raio eu fiz uma análise histórica do Bem e do Mal? Eu não sei, mas eu não me vejo enquadravel nesses padrões, eu não sou bom, mas também não sou um diabo andando à solta (De novo o cristianismo na minha cola), eu acredito que o homem esteja acima disso.

         Quem se lembra do velho e bom Friedrich, hã?



         O alemão de sobrenome inescrivível, Nietzsche, com uma tarantula em cima da boca e que foi doidão o bastante de dizer: "Gott ist tot" (aprenda alemão, merda: "Deus está morto")


Taí ele com uma exaqueca homérica e sua tarantula de estimação em baixo do nariz.


            Eu pareço meio maldoso com Friedrich, mas eu gosto dele (Nietzsche foi usurpado pelos nazistas e pela irmã vadia dele, mas ele não era nem antissemita, nem gay, talvez mulherengo), ele foi o primeiro carinha a se levantar contra essa coisa de Bem e do Mal, mostrando o quanto que o bigodão era macho.

            Nietzche critica e critica pesado contra o pensamento maniqueísta do Bem e do Mal, ele mostra que o homem acaba ficando limitado a uma abstração sem baseamento concreto e que homem deve transcender essa barreira para se tornar um Übermensch (uma das poucas expressões alemãs que ainda me lembro), o super-homem - Não o Superman, seu no0b, que afinal foi inspirado em Nietzsche, mas o homem superior em termo filosófico - que foi enumerado pelo profeta Zaratuza.

            Nietzsche mostra que a moral e outras coisas são impostas e externas ao individuo, mas que talvez caiba a ele viver sobre suas próprias regras (ele não fala pra você ir atrás de todo mundo com uma escopeta, nem pra destruir uma filial do McLenin, embora essa ultima ideia não seja tão ruim)

              Enfim consigo explicitar porque Além do Bem e do Mal, porque eu não vou me limitar a parametros como o Bem e o Mal, eu vou além disso. Não vou falar que Mahatma Gandhi foi um homem bom, afinal ele não foi (ele foi omisso em relação aos crimes nazistas na Alemanha e se preocupou com o seu povo, que parecia haver um parentesco pseudocientifico com o dito "ariano"), mas também não vou falar que Stálin foi um homem ruim, danoso sim, mas ruim é dificil (Com Hitler posso falar que ele é ruim, porque eu odeio ele).
Esse blog tem o intuito de gerar uma reflexão sobre os diversos pontos atuais, fiquem a vontade para fazerem discussões (se você for neonazista e fizer comentários rascistas e xenofobicos, eu mando o Mossad atrás de você, a única coisa que não tenho paciência são os malditos porcos fascistas).




           Essa era a proposta inicial do blog, vejam onde chegamos...

Haber e o uso da ciência para o "bem" e para o "mal"

A figura mais controversa pra mim na história da Ciência não é Oppenheimer (pai da bomba nuclear), nem Alfred Nobel (criador da di...