domingo, 19 de maio de 2019

Coturnos

      A cavalaria marchava,
      Os cavalos presos aos ferros
      Marchavam devagar
      Um atrás o outro, em fileiras.

      Parecia um desfile de 7 de setembro
      Mas era algo mais sério.
      Cada soldado com seu fuzil,
      Capacete e baioneta.

     "Chamem os blindados"
     Era 1964.
     A Esplanada de terra batida,
     A poeira vermelha subia aos olhos.

     O general olhava pelo binóculo,
     Os cadetes corriam desordenadamente.
     A cidade estava deserta.

     O Palácio do Planalto era um caixote,
     Uma casa grande no meio do mato.
     O Congresso era uma alegoria do passado.
     Foi fechado!


     Cuidado, os tanques estão andando.
     Os tons verde-oliva colorem
     A paisagem morta da capital.

     É 1964 ou 2019?
     Um cadáver ordena a morte do país.
     O asqueroso sofrimento
     Do nascimento do natimorto.

     O passado consome o futuro.
     Saturno perverso, magnânimo,
     Abocanha o poder do povo
     ao usar o executivo para executar
     com suas próprias mãos. 

      Irmãos! Será que não vem os grilhões?
      Somos centenas de milhões!
      O sindicato do crime aperta suas mãos.
      O Congresso se congratula,
      Os juízes vendem sentenças.

      O presidente vende o país inteiro.
      A mente sádica teme a liberdade,
      Mente, corrompe, aniquila,
      E com severidade mata o futuro.

      Brasil: Ordem ou Progresso?


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