quinta-feira, 12 de julho de 2012

Voz do Destino: o monólogo de quarta à noite

     "Não ame quem te odeia, não chore por quem não te ama, não beba esse doce licor ao qual chama de veneno, não és feliz com o que tens?"

      Não, não sou

       "Choras por quem não sente, que ri enquanto és deprimente, vida,  não açoite sua harmonia. Não acabe com sua lira"

        Pois quem sois? A voz do outro mundo? O soldador do futuro? Nada tem a mim

        "Quem choras e ri tece a grande prece. Eis a ópera da  vida que todo homem padece"

        Nada sois senão filósofo que bebericas o vinho e tentar ser adivinho.

       "Solte sua raiva sobre mim, despeja sua fúria na linha, amor antes tinha"

        Feche sua boca, triste voz do porvir, pois a noite é grande e solta

         "Queres sofrer? A quem queres comover, nem vida, nem morte. Nada de sorte, grita sino a noite o seu pequeno açoite"


          Resigna-te, velha voz, nadas tem a mim senão desprezo.

          "Para que empunhas a faca? Para cortares o vento? Baixa essa lâmina no triste momento"

           Vês o sangue que percorre as veias, carregado de injúria e alento trás voz a praga de vastas gerações.

           "Queres partir, desistir do grande porvir? É tolo em achar que há lugar para você em outro mundo"

            Tens razão, não tenho mesmo onde ir.

            "Viu só, sou grande adivinho. Pega a taça e abra o vinho. Nada é mais triste do que chorar sem nem mesmo bebericar"

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