Hoje compreendo
o tamanha pesaroso
De ficar tecendo
o fio sinuoso
do verso solitário
Meu cinismo de ontem
é o a rima de hoje
e na retórica quebrada
Erijo um totem para mim mesmo
Faríngeo e fariseu
Bravo e grande coliseu
é o meu ego centralizado
Meu egocentrismo acuado
Hoje compreendo
o que é ostracismo
ser deixado de lado
E tomar as areias da história
Tem tudo um licor salgado
E um vazio narcisístico
Que nem pinto prosa
Nem sublinho dístico
A nostalgia
O passado místico
O perdão encolerizado
Ergui para mim mesmo
O ataúde de madeira
do nobre esquecimento
Minha autopiedade
é mais honrosa
do que pensar em solidariedade
E fazendo-me de cego
Fazendo-me de surdo
Ouço e vejo mais do que a maioria
Condenável ostracismo
Condenável destino
Espero que me ouça
Sou uma múmia de vinte anos
Com um cinismo e rabugice
De uma coroa de espinhos
segunda-feira, 14 de julho de 2014
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