Os rejuntes de madeira
As vírgulas vermelhas
Os papéis timbrados
Hoje ninguém acerta
A imagem verdadeira
Do que nos espera
Nem mesmo os mais ousados
O destino é um grande inimigo
inimigo do nosso passado
e de nossas recordações
Nossa memória de vez em quando falha
Nossas peças não movem no tabuleiro
da maneira que esperávamos
O meu caminho é longo
tal como o sapato me diz
em tom de reclamação
aos calos do meu pé
Sempre fui tão mesquinho
em acredita que ao ser
tão certinho haveria de ter
uma recompensa
Potes de ouro não existem
Nem mesmo no fim do arco-íris
Porque haveriam no caminho
Para a Capadócia?
Estou nos infernos de Dante
Estou no último dos níveis
Onde não há esperança
Que dado circunspecto
Taciturno até
De fingir ser fingidor
Pois poeta eu não sou
Meu niilismo
Minha doença infantil
Minha coqueluche que não sara
Ou serei muito mimado?
O fim é sempre um começo
O começo é sempre um fim
Queria eu ser um novo passado
E um velho futuro
Meu coração está no vento
Que desgrenha meus cabelos
E me puxa para Portugal
para o frio dessa terra
E para longe do Carnaval
Meu idealismo está no espírito
Meu positivismo na cabeça
E meu beijo no seu coração
Queria ser menos certinho
Queria ser mais ousado
Mas minha ousadia
Só é andar desacompanhado
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