Venta à boro-este no país dos Ivérianos, numa tão distante planície de água tão densa e tão límpida que acaricia as pedras com o lamber de suas ondas, chiando remotamente um adocicado som de voz gorjeante.
Naquela praia isolada, encrostada nas pedras de um lindo rochedo branco de pedra calcária projetava-se um bolsão sobre a baía com os ciprestes mediterrânico pontuando cada parte daquela falésia ao céu aberto, trazendo alegria ao sol que estava acordando.
Caminhava sozinho, alegre e contente, cantando um hino desafinado à terra amada; seguia descalço com um chapéu panamá bem surrado e de camisa tão aberta que parecia um pescador:
"Enche de flores, terra dos jacintos;
Estenda minha mão sobre a violeta
Enquanto lírio do campo acorda
E o botão de rosa floresce"
Não era um pescador de certo, mas era como se fosse, um pescador de palavras, que inclinara a sua cabeça sobre a brisa e ficava contemplando o céu, tão límpido e tão sedutor, no alto das nuvens distantes uma cotovia voava tão preguiçosamente que o alegre jovem rouxinol, de novo pôs a cantar:
"Move incansável seus olhos
Inclina tua cabeça ao sol
Dispersa a névoa das nuvens sombrias
Que pairam sobre o seu coração
Sorri gentil para a terra
Como faria para amada
A geleira de acalanto
A bela musa suave dos céus"
sábado, 22 de dezembro de 2012
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