sábado, 22 de dezembro de 2012

Para entender a brisa

       Venta à  boro-este no país dos Ivérianos, numa tão distante planície de água tão densa e tão límpida que acaricia as pedras com o lamber de suas ondas, chiando remotamente um adocicado som de voz gorjeante.

       Naquela praia isolada, encrostada nas pedras de um lindo rochedo branco de pedra calcária projetava-se um bolsão sobre a baía com os ciprestes mediterrânico pontuando cada parte daquela falésia ao céu aberto, trazendo alegria ao sol que estava acordando.

       Caminhava sozinho, alegre e contente, cantando um hino desafinado à terra amada; seguia descalço com um chapéu panamá bem surrado e de camisa tão aberta que parecia um pescador:

       "Enche de flores, terra dos jacintos;
        Estenda minha mão sobre a violeta
        Enquanto lírio do campo acorda
        E o botão de rosa floresce"

        Não era um pescador de certo, mas era como se fosse, um pescador de palavras, que inclinara a sua cabeça sobre a brisa e ficava contemplando o céu, tão límpido e tão sedutor, no alto das nuvens distantes uma cotovia voava tão preguiçosamente que o alegre jovem rouxinol, de novo pôs a cantar:

       "Move incansável seus olhos
       Inclina tua cabeça ao sol
       Dispersa a névoa das nuvens sombrias
       Que pairam sobre o seu coração

       Sorri gentil para a terra
       Como faria para amada
       A geleira de acalanto
       A bela musa suave dos céus"

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