domingo, 9 de dezembro de 2012

Na mais pesada das chuvas

        O céu se fechou, o vento me abanou... Meu coração gelou.

        Tudo está tão escuro, tão revolto, as nuvens no céu são tão turvas quanto o sedutor traçado do seu cabelo fino. Não, são até mais escuras.

        Turvo também é o pensamento que me consome, sombrio e melancólico, aquele que vem com a chuva e não passa. Arrependimento.

         Mas não é arrependimento do que eu tinha falado, mas de como devia falado, de como devia ter dito palavras melosas ao pé do ouvido, de não ter me calado quando eu tinha voz, de não ter fugido quando devia ter ficado ao seu lado.

         É a chuva que bate na minha janela, gotejando os meus últimos suspiros, os meus últimos choros. É terrível olhar para uma chuva de verão e pensar que não a terei do meu lado, não poderei abraçá-la e sequer poderemos ficar juntos envoltos num cobertor apenas nos aquecendo enquanto eu aninho os seus cabelos e digo que te amo.

        Você sorri, diz alguma besteira, me olha estranho e começa a falar... e eu nem me importo, cada minuto que estou com você me sinto cada vez mais apaixonado.

        Imagino nós dois, velhos e enrugados, com o passar dos anos nas costas, abraçados na mesma cama um olhando pro outro, brincando, sorrindo, sem nos importarmos com a chuva que cai do céu. E que chuva!

        Sim, era na chuva que costumava andar sozinho, no meio da rua, enquanto os carros passam e as pessoas tentam se proteger, é na chuva que posso chorar e ser compreendido sem me mostrar por vencido. É na chuva que deixo meu cabelo molhado tomar formas e abro meu coração apaixonado.

       Naquele frio cortante daquele aguaceiro, é naquele  frio que sinto que tudo se vai, que o vento leva minhas forças e a chuva leva minhas lágrimas.

       Hoje olhei as horas impacientemente, esperando o dia que poderia falar com você de novo, quando bateu 13:13.

        Eu sorri da ideia, não podia ser,ela não podia estar pensando em mim. Eu sorri, mas parte de mim ainda tinha essa esperança. As horas se repetem e quanto mais acredito, acredito que estou perdidamente apaixonado por você.

        O ponteiro do relógio bate, a chuva continua a cair. Eu sozinho nesse quarto escuro, sem uma música de fundo, fico nessa melancolia ridícula de se você me ama ou não. Parte de mim acredita que sim, que um dia ficaremos juntos e seremos felizes, parte de mim acredita que não que você gosta de outro e que não sou adequado pra você. Na verdade, eu não sei o que dizer.

        Nesse dos mais escuros dias, nas mais clara das luas, com a chuva caindo do céu, sinto uma imensa vontade de ficar perto de você.

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