“Na Rússia, eles dizem que eu sou um Polaco, na Polônia, eles me chamam de russo" [1]
(Rokossovsky sobre si mesmo)
“Eu não tenho nenhum Suvorov, mas Rokossovsky é o meu Bagration “(Stálin)
“Rokossovsky era uma figura imponente, alto, muito bonito e bem vestido, eu entendia que ele era solteiro e era muito admirado por senhoras.” (General Bernard Montgomery)
Um dos mais emblemáticos generais da União Soviética, tido como um excelente cavalariano de aspecto afável e bastante diplomático, Konstantin Konstantinovich Rokossovsky talvez tenha sido uma das maiores personalidades da Grande Guerra Patriótica (Segunda Guerra Mundial). Nascido no subúrbio de Varsóvia em 21 de dezembro de 1894, Rokossovky descendia de um tronco da baixa nobreza polonesa que desapareceu através dos anos, com a tradição profundamente enraizada num espírito cavalariano, chega ser surpreendente que Ksawery Wojciech Rokossowski, seu pai, tenha se tornado um oficial de ferrovia enquanto sua mãe era professora.
Rokossovsky em foto |
Mas é fato que a vida de Rokossovsky não se traduzia pela facilidade, mas pelo seu poder de adaptação. Rokossovsky também traduziu sua capacidade de adaptação ao integrar o Exército Imperial durante a Primeira Guerra Mundial, embora especula-se que ele tenha se envolvido voluntariamente no Regimento de Dragões Kargopol por um deleite nacionalista para ver a Polônia como nação independente ou no mínimo mais autônoma.
O fato é que embora Rokossovsky tenha tido uma ficha impecável, recebendo até uma premiação da Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, ele observou de perto o movimento que se iniciava no Front de Guerra, e em 1917, ele acaba integrando as fileiras do Exército Vermelho;
De novembro de 1917 a fevereiro 1918, integrou a unidade de cavalaria Kargopolsky da Guarda Vermelha como Assistente de Chefe de destacamento, participando na repressão de revoltas contra-revolucionárias na região de Vologda, Bóia, Galich e Soligalich. De fevereiro a julho 1918 tomou parte na supressão aos anarquistas de Makno na região de Kharkov, Ucrânia.
Em julho de 1918, como membro integrante da mesma unidade partiu para Ecaterimburgo onde participou nas batalhas contra os guardas brancos e os tchecos, ficando lá assentado até agosto de 1918, quando ele é feito comandante do 1° Esquadrão do regimento de cavalaria Volodarski nos Urais.
Em 07 de março de 1919 juntou-se ao Partido Comunista, possuindo o cartão número 239.
Rokossovsky integrou a força de Tukhachevsky na guerra contra a Polônia em 1921-22, e observou sua carreira crescer cada vez mais. Em 1923 casou-se com Julia Petrovna Barmina, com quem teve uma filha.
Em setembro de 1924 a agosto de 1925, toma contato com personalidades como Iemerenko e Zhukov, de quem se tornou amigo, embora constantemente tivessem seus atritos. Participou como instrutor de cavalaria na Mongólia, em Ulaan Bator, sendo instrutor na Academia Frünze, onde ele leu os trabalhos de Tukhachevsky.
Rokossovsky é o quinto da esquerda para direita na segunda fileira. Nessa foto ele está acompanhado de outros oficiais do Exército Vermelho, incluindo Georgy Zhukov, o primeiro em pé, à direita |
Stálin ao encontrar Konstantin Rokossovsky numa reunião, talvez percebendo que Rokossovsky estava sem suas unhas, chegou a perguntar se ele havia sido torturado:
"Sim, camarada Stálin"
"Há sabujos demais nesse país", suspirou Stálin.Com o advento da guerra, Rokossovsky se tornou um dos mais importantes generais da União Soviética. Responsável pela brigada de blindados durante a Batalha de Moscou, bem como as árduas operações em Stalingrado, Kursk e na Bielorrússia.
Rokossovsky liderando o 16° Exército de Blindados na Batalha de Moscou |
Rokossovsky no Front de Moscou |
Rokossovsky também foi responsável pelo polêmico papel dos soviéticos durante a Batalha de Varsóvia, quando os polacos dos Armia Krajowa se levantaram contra o domínio nazista na cidade e foram praticamente massacrados pelo Wermarcht e a SS, mesmo tendo um apoio desesperado de aviões ingleses e americanos em recursos e armamentos.
Atuação de Rokossovsky na Defesa de Moscou
Mas isso não é uma biografia esquemática, de Rokossovsky; Em verdade, Rokossovsky foi mais do que um general, ele era uma pessoa afável que sabia tratar os seus subordinados, entendia bem os fundamentos das técnicas de blindados como Blitzkrieg, valorizava os soldados bem mais que Zhukov, tentando minimizar as perdas em guerra; A questão que se abateu em Varsóvia foi que o levante do Armia Krajowa surgiu antes da chegada dos soviéticos para se contrapor à chegada dos soviéticos, era um grito desesperado de alguns setores da sociedade polonesa que via a chegada dos russos como algo ruim; Rokossovsky não podia cruzar o Vístula com seus homens cansados pela marcha com o alto custo de vidas humanas para o Exército Vermelho, isso ele próprio escrevera nos relatórios oficiais, quando questionado posteriormente;
Rokossovsky, segundo à esquerda, junto com demais oficiais soviéticos inspecionando o equipamento alemão capturado em 10 de dezembro de 1941, na Batalha de Moscou |
Entretanto, Rokossovsky soube bem se manter humilde diante as galhardias da vitória. Enquanto Zhukov tomava os louros como o "Conquistador de Berlim" o que foi visto de forma desagradável pelo Vojd, que interpretou isso como algo que ofuscava a sua fama e como um bonapartismo; Rokossovsky, apesar da honra em ter presidido a Parada da Vitória de 1945, manteve-se cauteloso com a vitória. Aceitou o pedido de Molotov e outros líderes do Partido para que voltasse à Polônia, como um novo organizador do Estado Polonês, comunista agora. E isso ele fez e foi muito mal visto na historiografia por isso, visto pelos poloneses como um capacho dos russos, Rokossovsky podia ser Ministro da Defesa Polonês (tal como Zhukov posteriormente foi com Krushiov, pela URSS), mas mesmo o seu alto escalão não podia esconder os ódios nutridos por alguns poloneses sobre sua figura.
Especula-se que Rokossovsky foi insensível ao Levante de Varsóvia de 1944, que foi conivente com a matança de compatriotas pelos nazistas; mas isso chega a ser até um pouco criminosos, o Exército Vermelho não tinha condições de avançar sem grandes baixas. Em todo caso, devido a pressões internas, principalmente depois do ano de 1956, quando Gomulka assumiu o PC Polonês e destituiu o stalinista Bierut do cargo de Secretário Geral do Partido Comunista Polonês; Rokossovsky se opôs a isso e caiu em desgraça, e acabou voltando para a União Soviética onde veio a morrer no ano de 1968.
Rokossovky planejando as operações do Front, circa 1943 |
Rokossovsky atendendo uma ligação sobre o Front, próximo a ele está o General Koniev |
Rokossovsky discutindo estratégias na Batalha de Stalingrado, circa 1942-3 |
Entrevista ao general Von Paulus, após a rendição alemã em Stalingrado, Rokossovsky é o primeiro da esquerda |
Raro momento de descanso durante os anos de guerra, Rokossovsky dormindo no carro |
Rokossovsky coordenando a Parada da Vitória
Rokossovsky chegando a Varsóvia em 1949 para auxiliar a construção do novo estado comunista polonês
Rokossovsky no final da vida refletindo sobre suas operações na guerra
Marcha Militar "Rokossovsky" escrita por Semion Tchernetsky em homenagem a Rokossovsky
[1] BIAŁKOWSKI, Wiesław."Rokossowski - How Much of a Pole? .
Sob o Marechal Rokossovsky, além do fato de ter sido torturado, o que levou à perda de nove dentes da frente, à fratura de três costelas e lesões nos dedos do pé. Rokossovsky carregava consigo as marcas do medo consigo, tanto que por um bom tempo carregava um revólver Browning consigo, para caso fosse preso de novo, cometer suicídio
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