O ódio é a encarnação de todas as nossas corrupções e preconceitos sobrecarregados pelo medo ao diálogo. Quando odiamos uma pessoa, observamos que apenas o domínio psíquico da cognição reflete uma repulsa imediata da pessoa, elevando os níveis de estresse, aumentando o batimento cardíaco e dilatando as pupilas. Entramos em posição de batalha.
Isso pode ter haver com os nossos ancestrais pré-históricos, que em disputas territorialistas e depois tribais, marcavam território com brigas e embates cada vez constantes. Hoje estamos numa postura similar, o que demonstra que o ódio é um resquício inato do ser humano. Ao contrário do amor, todos nós odiamos alguma coisa: Seja uma cor, uma comida, uma música ou uma pessoa. Há sempre alguém para odiar.
Odiar é humano, antes de qualquer coisa. Não é uma geração emocional saudável, porque produz inimizades desnecessárias. Mas pensemos, o ódio não é produto de incompreensão? Quando penso em termos políticos, com certeza, mas em relações interpessoais também. O ódio surge quando a sua raiva ou a sua repulsa se torne tão cega que não há possibilidade de agir de forma educada ou cordial com alguma pessoa. Sejamos francos, nós sabemos ou não sabemos o que odiamos?
Tendo a pensar que ignorância acaba criando o medo e a animosidade, depois disso surgem o preconceito e outras carestias. Entretanto, é possível odiar uma pessoa conhecendo-a muito bem, ou aja vista que ex-namorados não podem acabar se odiando? Ou irmãos e amigos?
Confesso que tenho ódio de pessoas que no passado julguem por amigos, tanto por suas práticas questionáveis, quando por questões políticas. Especialmente agora que os ânimos estão sobrecarregados, amei e desamei muitas mulheres. Agora, pergunto, é possível superar o ódio?
Tendo a refletir que não. Que o ódio é uma característica inata aos seres humanos, e mais do que isso, um elemento de intolerância e cegueira do ser humano que é indiscriminadamente utilizado para formar sistemas de opinião, conceitos, e ideologias políticas. Ele é o maior aspecto de desvalorização do seu semelhante e de criação de animosidades.
Não posso aqui vir fazer a apologia do amor ou do pacifismo, pois não acredito em ambos. Mas pensando bem, é preciso ter ódio irracional? Desconhecer o seu próprio oponente é imaturo e complicado, sejamos francos, há motivos concretos e reais para exercer essa postura de animosidade?
Raciocinar as nossas emoções não é fácil, mas devemos superar os pensamentos irracionais e impulsivos que estão nos movendo em tempos difíceis. Filosoficamente, estamos pouco maduros para compreender a imensidão do mundo e das pessoas quando deixamos de observar e ensaiar as discussões de forma saudável. Contra isso que deve ser combatido o ódio, apenas para retirar a ignorância de nossos olhos.
sábado, 9 de abril de 2016
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