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terça-feira, 29 de março de 2016

Número imaginário

Número imaginário

O quadrado da hipotenusa
Não descreve o calor do momento
Que foi ter você junto ao meu peito


O ponteiro do relógio
Perdido no devaneio
Desconhece o tempo do nosso beijo

Nem mesmo o botânico
Consegue identificar
Que flor é essa
Que rouba meu coração


O filósofo na verdade
Deixa de escrever a tese
Para ver de soslaio
Tudo o que vejo


Quando estou apaixonado
Fico tão lúcido quanto cego
Mas mais do que isso
Imagino nosso futuro longe de você


Quero somente tomar de novo o seu beijo
Beber um pouco do seu doce mel
E sentir o  seu corpo incandescido j

Matemática do amor




Num traçado de uma tangente
Um matemático meio demente
Descreve uma equação inconsequente


Dentre os pequenos cálculos
Puxa na saudade dos números
Encontrar a felicidade da cara-metade
Como se isso fosse uma tenra novidade

Calculou que a soma dos quadrado dos catetos
Era igual ao quadrado da hipotenusa
Mas por uma inocente maldade
Imaginou o coração como um triângulo

Um triângulo que batia em três lados
Um lado era da paixão, que saia no piscar de um olho
Outro lado era o da fé, que era cego como um porco
E o terceiro era do amor, perdido na poesia

Pois bem, descobriu o coração rachado
nos três lados. Beijou o quadro com o giz
Calculou o tempo de um piscar de um olho
Calculou o tempo de uma missa de fé
Mas e o amor?  Como se calcula?


Hipoteticamente, não há hipotenusa
O matemático sem esperanças
Rasgou os papéis e saiu da sala descontente
Até que quando se deu conta

Se apaixonou pela ideia de ser  matemático de novo

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Retrato

           Olho para o seu retrato hoje sem saber o que fazer. A maquiagem que cobre o seu rosto bronzeado, ressalta os seus oblíquos olhos cor de mel tendendo ao esverdeado pelos quais eu me apaixonei. Foi ao olhar os seus olhos que encontrei a sorridente menina por quem me atraí perdidamente. 

           Quando você joga o seu cabelo para o lado, solto e livre, com as luzes nas pontas, torno-me a sentir o modo como você irradia por onde passa, tal como sol alimenta as sementes do campo, e dá vida às árvores. Há um tom delicado no seu modo de agir que me faz sentir negligente em não encontrar adjetivos mais rebuscados que combinem com o seu nome.

            Aqueles dentes graciosos, sorridentes e sempre tão esbranquiçados me dão uma série de nervosismos quando pronunciam o meu nome com voz delicada. Afinal, sua boca e eu  cada dia nos conhecemos mais, desde sua língua com gosto de mel, aos lábios molhados com o mais doce néctar das flores. 

          As bochechas, ligeiramente roseadas se prolongam até que encontram o seu pequeno pescoço, no qual me aventurei a explorar num dos nossos momentos mais despojados. E você que fechava os olhos e falava a meia  voz, me entretia com o seu soluço ligeiramente animado, onde nossos corpos se encontravam, como dois imãs se atraem diante a atração de seus pólos. Chega soltavam faíscas.

         Sinceramente, eu  sei que você deve pensar algo a respeito. Não é possível ser tudo o que falo obra da minha imaginação, nem tampouco o arrepio do seu corpo diante ao encontro de seu lóbulo com os meus dentes, nem muito menos as suas reações eufóricas quando redescubro novamente o seu corpo cada vez mais desconhecido.

        Sorrisos ardentes, abraços apertados. Mesmo diante a diferença de altura, você se esforça para me alcançar, enquanto me dobro para alcançar os seus lábios. Nós nos divertimos muito, é verdade. Temos uma energia tão forte que é capaz de iluminar uma cidade inteira.

          Não que eu não te ouça, ou que não te veja. Mas eu te sinto. Sinto como uma extensão minha, uma parte de mim feminina e completa, que sabe e decide o que quer, que me corrige quando eu estou errado, pois você sempre estará certa aos meus olhos. Ainda não brigamos, ainda não discutimos, por isso estamos às mil maravilhas.

          Afinal, quando os problemas chegarem, o que será de nós? Quando as pessoas começaram a atrapalhar o que sentimos um pelo outro, afinal, como agiremos? E se as minhas tolices atrapalharem tudo? Eu não sei, mas eu quero descobrir isso tudo com você se me permitir. Dividir suas experiências e inquietações, esperar que venham os dias bons e superar os dias ruins.

            Pessoalmente, às vezes sinto que poderia fugir contigo. Mas tenho os pés no chão a tempo suficiente para não ser precipitado. Afinal, o que temos nós que me sinta tão bem comigo mesmo? Será porque eu te ouço e entendo, ou será vice-versa? Será que eu me preocupo de tal forma que me torna cada vez mais insistente a vontade de ficar contigo? Ou será que minha agonia seja nunca querer soltar você por mais de um segundo?

               Decida o que decidir, eu estou perdidamente apaixonado por você. E perdidamente, com grifo. Não que eu não esteja ciente das coisas que podem acontecer, mas porque eu seja tão caduco nas desventuras da vida, que mereça decidir me apaixonar por quem eu quiser, sem julgamentos, imposições ou uma série de equívocos que mordiscam toda a vontade sincera de todos os relacionamentos. Eu te amo, mas amo sem te prender. Com moderação para não te sufocar, e espero que entenda isso num desses dias, ou noites quando estivermos juntos e não falarmos nada.

Entediado



Hoje é uma daquelas tardes preguiçosas de domingo, onde nunca desejo sair da minha própria cama. Pela janela fito a mangueira que cresce robusta no terreno do vizinho, que vagarosamente se arrasta ao passar do vento no céu azulado.

           Olho para o azul do meu quarto, fito a parede em frente à minha cama tentando reconhecer um rosto no meio do tom pálido dos tijolos pintados. Meus casacos pendurados no cabide estão de testemunha, além da bagunça despojada de roupas ao redor da cama. A televisão continua em stand by, esperando para que eu assista um filme, ou procure uma série na Netflix, mas não hoje.

Tentei jogar no videogame pela manhã, mas a agonia do coração me tomou de uma forma tão sujeita que tive que tomar um tempo para mim mesmo. Se eu amo, amo intensamente. Se detesto, detesto completamente. Nisso meu amor é napoleônico, deixo isso para mim mesmo. Mas megalomaníaco em coisas amorosas, tento procurar no espelho o seu reflexo e não encontro.

Onde está você, porque não te encontro? Na poesia de tantas formas eu encontro o seu corpo, lânguido e sinuoso a beijar meus lábios no calor de sua cama, com o seu sorriso sempre branco, e os olhos sempre tão coloridos. Sinto vontade de bagunçar o seu cabelo, ver a sua reclamação no pé do ouvido e morder-lhe a ponta dos seus lábios.

Brincar com o seu nariz me diverte assim como cheirar o seu pescoço perfumado. Suas roupas, bem, depende. Não sou fã dessa naftalina que coloca no armário, me faz sentir meio velho. Mas na nudez sutil de seus ombros imagino o olhar adolescente que sai dos meus olhos quando a vejo. Você sente medo que eu te devore, mas creio ser tão gentil, que você se diverte com o meu rosto.

Na noite você roubou a minha coberta, passei um pouco de frio, mas não reclamei. Estava abraçado junto ao seu corpo quente. Vislumbrei na sua estante um livro de cabeceira, desde então ele não sai da minha cabeça. Inferno... Era esse o nome, e imagino que o inferno deva ser assim, ficar longe da pessoa amada, olhando para uma parede na tarde preguiçosa de um domingo.

Eu não sou dado a detalhes, mas as vezes lembro de como você amarrava o cabelo, colocava o brinco, ou brincava de fechar meus olhos. E os seus gritinhos em meio aos sorrisos, no calor de um silêncio pausado, sinto que sou o que sou, mais contente e feliz contigo. Você me faz tornar a ser o que tinha perdido, uma inspiração antes de mais nada. Mas te desejo, não porque te ache bonita, mas te ache decidida, mesmo que esteja indecisa, que te ache segura mesmo no meio de sua insegurança, e completa mesmo no frio de sua solidão.
O seu quarto é quente, menor do que o meu. Mais pardo, e brando. Tem um espelho, o qual o olha como um tique, ou uma claquete, no seu estrelismo narcisista que se torna encantador para quem te conhece melhor. Sobre homens que te desejam, eu sinto que eu fui o mais franco, mas meus enigmas deixam-te confusa quando não consigo encontrar respostas às suas perguntas.

Preferia escrever em terceira pessoa, escrever um conto sobre uma jovem heroína que sem querer me tirou desse marasmo de esquecimento. Mas não consigo fazê-lo. Eu acho mais justo com meu próprio consciente escrever-te uma carta que nunca será lida nem enviada.

No frio da chuva, encolhidos nos bancos estofados, eu fitei o vidro  embaçar... Naquele vidro embaçado você escreveu uma pequena frase em francês com a mão... Je t’aime .

Estava frio, o limpador de para-brisas balançava. As árvores trelimicaram enquanto o lago ficava revolto. Se eu pudesse, teria feito amor contigo ali... Mas não, o desejo tem que ser controlado, pois o que temos não é luxurioso ou algo depravado, mas algo simples e porque não tão banal?

Nossa relação ainda está no começo, e tenho minhas dúvidas do que você realmente deseja. Não sei como me portar ou agir, se estou nervoso é porque é algo novo para mim.  Mas não quer dizer que eu seja um covarde, mas quer dizer que eu quero fazer tudo direito; Olho para o meu celular, sobre a cama ainda bagunçada... (Meu Deus, são 13:30) e espero ainda uma única mensagem sua no Whatsapp. Saber se você está bem ou só querer falar um pouco contigo, mas estou tão completo de dúvidas que desejo ficar quieto por mais um tempo. Mas o nervosismo me consome.

As horas passam na badalada de um minuto. Minha cabeça fica a mil, e não sei o que pensar nesse minuto. Será que você não me ama, ou será que tudo é uma ilusão. A grande ilusão. É tudo tão simples e ainda assim tão complicado, um mundo cheio de regras para as pessoas que não querem ser rotuladas.

Eu te amo intensamente no meio desses silêncios, pois traduzem o que sou em parte. Inquieto, e cheio de calafrios, mas ainda assim intenso. Posso ser tímido às vezes, ou muito teimoso, mas quero que saiba que não é por mal. Mas por te amar um pouco, escondo o que te junto a mim.


No fim, quero que saiba que isso são  só palavras. Tolas palavras de um homem que ainda tem uma paixão adolescente, e que sem querer deixou isso vazar, um seguro segredo. Não sei se é mais seguro o afastamento ou a indecisão, mas fico com a agonia de pensar que esse tédio vai ser arrastar por mais um segundo.

Haber e o uso da ciência para o "bem" e para o "mal"

A figura mais controversa pra mim na história da Ciência não é Oppenheimer (pai da bomba nuclear), nem Alfred Nobel (criador da di...