domingo, 14 de fevereiro de 2016

Retrato

           Olho para o seu retrato hoje sem saber o que fazer. A maquiagem que cobre o seu rosto bronzeado, ressalta os seus oblíquos olhos cor de mel tendendo ao esverdeado pelos quais eu me apaixonei. Foi ao olhar os seus olhos que encontrei a sorridente menina por quem me atraí perdidamente. 

           Quando você joga o seu cabelo para o lado, solto e livre, com as luzes nas pontas, torno-me a sentir o modo como você irradia por onde passa, tal como sol alimenta as sementes do campo, e dá vida às árvores. Há um tom delicado no seu modo de agir que me faz sentir negligente em não encontrar adjetivos mais rebuscados que combinem com o seu nome.

            Aqueles dentes graciosos, sorridentes e sempre tão esbranquiçados me dão uma série de nervosismos quando pronunciam o meu nome com voz delicada. Afinal, sua boca e eu  cada dia nos conhecemos mais, desde sua língua com gosto de mel, aos lábios molhados com o mais doce néctar das flores. 

          As bochechas, ligeiramente roseadas se prolongam até que encontram o seu pequeno pescoço, no qual me aventurei a explorar num dos nossos momentos mais despojados. E você que fechava os olhos e falava a meia  voz, me entretia com o seu soluço ligeiramente animado, onde nossos corpos se encontravam, como dois imãs se atraem diante a atração de seus pólos. Chega soltavam faíscas.

         Sinceramente, eu  sei que você deve pensar algo a respeito. Não é possível ser tudo o que falo obra da minha imaginação, nem tampouco o arrepio do seu corpo diante ao encontro de seu lóbulo com os meus dentes, nem muito menos as suas reações eufóricas quando redescubro novamente o seu corpo cada vez mais desconhecido.

        Sorrisos ardentes, abraços apertados. Mesmo diante a diferença de altura, você se esforça para me alcançar, enquanto me dobro para alcançar os seus lábios. Nós nos divertimos muito, é verdade. Temos uma energia tão forte que é capaz de iluminar uma cidade inteira.

          Não que eu não te ouça, ou que não te veja. Mas eu te sinto. Sinto como uma extensão minha, uma parte de mim feminina e completa, que sabe e decide o que quer, que me corrige quando eu estou errado, pois você sempre estará certa aos meus olhos. Ainda não brigamos, ainda não discutimos, por isso estamos às mil maravilhas.

          Afinal, quando os problemas chegarem, o que será de nós? Quando as pessoas começaram a atrapalhar o que sentimos um pelo outro, afinal, como agiremos? E se as minhas tolices atrapalharem tudo? Eu não sei, mas eu quero descobrir isso tudo com você se me permitir. Dividir suas experiências e inquietações, esperar que venham os dias bons e superar os dias ruins.

            Pessoalmente, às vezes sinto que poderia fugir contigo. Mas tenho os pés no chão a tempo suficiente para não ser precipitado. Afinal, o que temos nós que me sinta tão bem comigo mesmo? Será porque eu te ouço e entendo, ou será vice-versa? Será que eu me preocupo de tal forma que me torna cada vez mais insistente a vontade de ficar contigo? Ou será que minha agonia seja nunca querer soltar você por mais de um segundo?

               Decida o que decidir, eu estou perdidamente apaixonado por você. E perdidamente, com grifo. Não que eu não esteja ciente das coisas que podem acontecer, mas porque eu seja tão caduco nas desventuras da vida, que mereça decidir me apaixonar por quem eu quiser, sem julgamentos, imposições ou uma série de equívocos que mordiscam toda a vontade sincera de todos os relacionamentos. Eu te amo, mas amo sem te prender. Com moderação para não te sufocar, e espero que entenda isso num desses dias, ou noites quando estivermos juntos e não falarmos nada.

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